Preparo agora o regresso às aulas, para mais um ano na Universidade. Não que isso me dê um prazer especial, sobre o qual mereçam ser escritas algumas linhas, mas da mesma maneira que Bento XVI se dirigiu a professores e alunos, durante as Jornadas em Madrid, dirijo-me também eu, esperando que haja professores e alunos entre vós, leitores.
O sistema universitário tal como o conhecemos foi fundado, oficialmente, em 1150, com a criação da Universidade de Bolonha. O objectivo era simples: ensinar, não como nos dias de hoje, mas formando os alunos, não apenas a nível técnico mas também moral e espiritual.
Por este motivo, não me dá especial prazer voltar para mais um ano. Não sei se por necessidade ou outra força qualquer, as Universidades gozam hoje da propriedade do “mais um”, em que cada aluno é isso mesmo, mais um, de entre os cem que, em média, compõem cada turma e, para que não seja mais um discurso unilateral, ser mais um, não é bom para ninguém.
Não se formam mais engenheiros ou advogados. Nem se formam melhores pessoas, não é possível para um docente conhecer todos os seus discentes e formá-los. Pode apenas ensiná-los. Nem é possível que todos estes percebam que “chinelo e calção” não é roupa adequada à sala de aula.
Também não interessa muito que sejam pessoas bem formadas. Interessa sim, que sejam bons técnicos, que possam ser reconhecidos como alunos desta ou daquela instituição e que esta possa lucrar com isso. Se para isso, o trabalho tiver de ser feito em fins-de-semana e feriados… “é o que vão encontrar nas empresas”.
Interessa muito pouco ou mesmo nada o dia de descanso de cada um. As Universidades, apesar de no início terem sido promovidas pela Igreja Católica, não têm agora sequer uma capela e, quando a têm, esta serve para tudo menos para o culto. A Universidade tornou-se laica, de religiões e de valores, cheia de um racionalismo vazio.
Por isso, para a entrada no novo ano lectivo, deixo esta mensagem: aos professores, que sejam bons mestres e não apenas pessoas que já decoraram o livro e o sabem debitar; aos alunos, que sejam humildes e percebam que a razão está na Fé e nos outros, não apenas nos manuais; e que todos juntos lutem para devolver ao sistema universitário a essência cristã dos valores do Bem e da Verdade, que estiveram subjacentes à sua fundação.
Diogo Miguel Machado
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