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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Estava prestes a morrer até que a intercessão do beato Popiełuszko o reviveu

Após a cura milagrosa de um homem enfermo de leucemia, no dia 20 de setembro, em Paris, vai começar o processo de canonização do mártir polaco


Roma, 18 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Milena Kindziuk


Estava no fim da vida François, o francês de 56 anos que tinha uma forma altamente maligna de leucemia. Durante a agonia, sua esposa já estava escolhendo o modelo do caixão e organizando o funeral, mas aconteceu um milagre: o homem ficou curado repentinamente por intercessão do mártir Jerzy Popiełuszko. Graças a esta cura milagrosa, o dia 20 de setembro, em Créteil, perto de Paris, começará o processo de canonização do Beato polaco, mais conhecido como o "capelão do Solidarnosc”.

O prof. Jozef Naumowicz da Universidade Católica de Varsóvia, notário público no processo de canonização, anunciou que vai ouvir as testemunhas na França: "Isto - explicou - significa que todo o processo será realizado na diocese francesa e, mais tarde, se a Congregação vaticana para a causas dos Santos, após uma investigação mais aprofundada, confirmar o milagre, o mártir polaco será proclamado santo".

François ficou doente em 2001. Os médicos o diagnosticaram com "leucemia mielóide crónica em forma atípica" e desde o início lhe tinham dado poucas chances de recuperação. O diagnóstico foi um choque para ele que, ainda muito jovem, tinha um bom emprego, uma esposa amorosa e três filhas adolescentes.
François queria viver, por isso colocou-se aos cuidados dos melhores hematologistas e professores de fama mundial. As longas internações em hospitais travaram um pouco a propagação da doença, mas, apesar da quimioterapia e o uso abundante de remédios o homem não ficava curado.

Depois de dez anos de cuidados cada vez mais pesados o seu corpo se rendeu completamente: François entrou em coma. Levaram-no para a unidade de tratamento onde eram internados os pacientes terminais. Os médicos não tinham mais esperança, todos os tratamentos tinham sido provados e a doença ainda não tinha sido interrompida.

Sua esposa observava o marido em coma. Conseguiu que François recebesse o sacramento da unção dos enfermos (ambos são crentes, formados espiritualmente na comunidade Chemin Neuf). Os médicos disseram-lhe que o marido estava morrendo e foi aconselhada de cuidar rapidamente das formalidades relacionadas com o funeral.

"Eu escolhi um caixão de carvalho - disse a esposa - porque François gostava de carvalhos. Em casa comecei a arrumar as suas coisas, rasguei em pedaços todas as cartas que lhe havia escrito. Pensava: 'Tanto faz, ele não as lerá mais". Ao mesmo tempo, sentia dentro de mim uma paz. Não chorei, nem tive pânico”.
Até este ponto, é uma história bastante comum, embora trágica. Todos os dias, muitas pessoas em diferentes partes do mundo morrem por causa das doenças. Mas para François houve uma reviravolta, e aconteceu graças a irmã polaca Rozalia Michalitka, da Congregação de São Miguel Arcanjo, activa no hospital de Créteil na pastoral dos enfermos. Foi a religiosa que levou à mulher de François a comunhão.

Nesta história se encaixa em seguida, o padre francês Bernard, de 65 anos, sacerdote há poucos meses, dado que por 40 anos não tinha frequentado a Igreja. Durante a sua vida Bernard se casou e se divorciou duas vezes. Depois de uma conversão profunda em 2003, entrou para o seminário para ser ordenado sacerdote em Abril de 2012.

Em Julho do mesmo ano, o padre foi para a Polónia e lá visitou o túmulo de Jerzy Popieluszko em Varsóvia. Permaneceu profundamente fascinado pelo testemunho deste sacerdote mártir polaco. Em seu túmulo foi descoberto que Popiełuszko nasceu no mesmo dia, mês e ano: 14 de Setembro de 1947. Desde então, sempre carregava consigo os santinhos e relíquias do Beato.

Tanto a irmã Rozalia quanto o padre Bernard lembram bem que daquela sexta-feira, 14 Setembro de 2012: "Como se fosse hoje", dizem. De acordo com as previsões dos médicos, aquele dia era para ser o último para François.

A irmã Rozalia disse à sua esposa para chamar um sacerdote, mas a mulher explicou que o seu marido já tinha recebido os sacramentos, quando ainda estava consciente, portanto, estava pronto para morrer. "Apesar disso - disse a freira - interiormente senti que um sacerdote deveria vir”.

Aconteceu que na sala ao lado da mesma enfermaria do hospital, tinha morrido uma paciente e a família tinha chamado um sacerdote para a unção dos enfermos. Irmã Rozalia lembra a sequência dos eventos: "Voltei com a esposa de François dizendo-lhe que logo estaria um padre no quarto. Ela concordou em orar juntos".

Era quase três da tarde, quando perto da cama do moribundo François apareceu o padre Bernard. Os três começaram a orar pelos enfermos. O padre então abriu um livro de orações e encontrou uma foto do Padre Jerzy.

Naquele momento, percebeu que era o dia 14 de Setembro, ou seja, o aniversário do nascimento do Beato, então, em seguida, colocou a sua imagem com as relíquias sobre a cama onde estava o moribundo e disse: "Padre Jerzy, hoje é seu aniversário. Se você pode fazer algo, faça-o hoje. Ajude-nos!".

Continuou com uma oração formulada com as próprias palavras, cujo texto passou para o processo de canonização do p. Jerzy. Recorda ainda o padre Bernard: "Tudo aconteceu de forma espontânea, porque eu não tinha preparado nada com antecedência. Eu só estava próximo do paciente enquanto recitava a oração apropriada, percebi o aniversário do nascimento do Padre Jerzy e então comecei a pedir a sua intercessão".

Assim que o padre e a freira foram embora, o casal ficou sozinho e o inesperado aconteceu: François abriu os olhos e perguntou à esposa: "Onde estou?". Então ele se levantou como se nada tivesse acontecido, dizendo que queria ir sozinha ao banheiro. Sua esposa olhava para ele incrédulo. Pensava que era uma melhoria temporária antes do fim.

No dia seguinte, a irmã Rozalia pensou em levar a comunhão no quarto de François. "Eu não sei por que - disse - mas eu sabia que François estava em um estado de inconsciência, que sua esposa não estaria no quarto na parte da manhã, porque tinha que fazer as tarefas relacionadas com o funeral, e eu também tinha um monte de compromissos, mas algo me empurrava para ir".

Já no hospital, a freira entrou na capela, pegou o Santíssimo Sacramento e foi até o quarto onde estava o doente que acreditava que estivesse quase morto. Abrindo a porta, a irmã viu a cama vazia! Pensou rapidamente que o homem tinha sido levado ao necrotério, mas em algum momento ouviu do banheiro a água escorrendo de uma torneira. "François, é você?", perguntou. "Sim, irmã, por favor, volte em 20 minutos, quando termine de fazer a barba e tomar banho poderei receber a comunhão".

A freira não acreditava no que ouvia. Surpresa e assustada correu para fora do quarto e começou a perguntar se François estava realmente vivo. Depois de vinte minutos voltou para o quarto e encontrou-o vestido, com a barba feita. Oraram juntos e ele recebeu a comunhão. "Nesta história – diz hoje a freira com um sorriso no rosto – pode-se ver como não agimos somente nós, mas também Deus faz a sua parte. Intervém através da intercessão de seus santos".

Os exames médicos sucessivos constataram que no corpo de François não havia nenhum sinal de leucemia. "Remissão completa da doença", diz o relatório. E graças às orações de p. Bernard para pedir a intercessão do Beato Popiełuszko às 15 daquela sexta-feira, 14 de Setembro de 2012, quando se comemorava o aniversário do mártir.

A cura súbita e completa de François será cuidadosamente examinada no processo de canonização do padre polaco. O Direito Canónico exige que, a fim de proclamar um Santo Beato é necessário acontecer um milagre pela sua intercessão, ocorrido já depois de sua beatificação.

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O artigo foi tirado do semanário polaco "Niedzela" ("Domingo"), 38 do 21 de Setembro de 2014. Traduzido ao português por ZENIT.

Milena Kindziuk é uma jornalista polaca, editora de "Niedzela", autora de vários livros, incluindo dois sobre o Padre Jerzy Popiełuszko.

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