Dom Tomasi explica à ONU os riscos do enfoque puramente económico e funcional dessa prática
Cidade do Vaticano, 18 de Setembro de 2014 (Zenit.org)
O número de pessoas idosas na população em geral está
aumentando rapidamente: a previsão é de que duplique nos próximos dez
anos e triplique até 2050, atingindo assim a marca de 2 mil milhões de
pessoas. Considerando estas cifras, o observador permanente da Santa Sé
perante as Nações Unidas, dom Silvano Tomasi, se dirigiu ao Conselho dos
Direitos Humanos na sessão ordinária para falar dos direitos das
pessoas anciãs.
Ele afirmou que a Santa Sé defende o direito à vida de todas as
pessoas, desde o momento da concepção até a morte natural, motivo pelo
qual considera alarmante o aumento do número de pessoas que recorrem ao
chamado “suicídio assistido”.
A importância desta tendência demográfica de envelhecimento da
população, com frequência, só é calculada em termos do impacto económico projectado, denunciou o prelado, que manifestou preocupação com "esta
visão limitada porque ela poderia constituir uma séria ameaça aos
direitos das pessoas idosas. Lamentavelmente, a sociedade ‘eficiente’ de
hoje tende a marginalizar os nossos irmãos e irmãs vulneráveis,
incluindo nisso as pessoas de idade avançada, como se elas fossem só um
‘peso’ e um ‘problema’ para a sociedade".
Dom Tomasi disse que "o aumento de pessoas de idade avançada,
especialmente as que continuam em bom estado de saúde, também significa
mais contribuição à sociedade durante períodos mais longos de tempo".
Mas, "para assegurar esses acontecimentos positivos, precisamos de
estratégias e novos focos para estruturar a sociedade em geral, o
mundo do trabalho, a infra-estrutura de atenção de saúde, o
desenvolvimento da tecnologia, os direitos de propriedade intelectual, a protecção social de sistemas e relações sociais intergeracionais".
A este propósito, o observador vaticano destacou o número crescente
de idosos obrigados a abandonar o lar nos países ricos para buscar
refúgio no mundo em desenvolvimento, onde o custo da atenção de longo
prazo é muito menor. Tomasi disse que "é fundamental respeitar e
preservar, na medida do possível, os laços das pessoas de idade com os
seus entes queridos e com um ambiente familiar".
Ele recordou também que a Santa Sé instou os países em várias
ocasiões a abolir a pena de morte. "A Santa Sé defende o direito à vida
de todas as pessoas, desde o momento da concepção até a morte natural.
Por isso achamos alarmante o aumento da utilização do chamado 'suicídio
assistido', assim como os comentários de alguns funcionários de governo
de que tais acções extremas e perigosas podem merecer consideração
adicional, já que poderiam oferecer benefícios de economia durante um
período de crise económica", denunciou o observador vaticano.
Tomasi afirmou que "um enfoque puramente económico e funcional dos
idosos pode criar uma cultura em que os membros mais frágeis da
sociedade, como os não nascidos, os mais pobres, os enfermos, os
anciãos, as pessoas gravemente deficientes etc., correm o risco de ser
‘jogados fora’ de um sistema que ‘tem que’ ser eficiente a todo custo,
empobrecendo assim a sociedade da sua sabedoria, experiência e
presença".
(18 de Setembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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