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terça-feira, 13 de agosto de 2013

O amor de Deus "não é algo vago", mas "tem um nome e um rosto: Jesus Cristo"

No Angelus de ontem, o Papa afirmou que o amor de Deus é o "tesouro" que dá sentido à vida e ajuda a enfrentar as pequenas e grandes provas. Depois exortou cristãos e muçulmanos ao respeito mútuo


Cidade do Vaticano, 12 de Agosto de 2013


Caros irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste domingo (Lc 12, 32-48) nos fala do desejo do encontro definitivo com Cristo, um desejo que nos faz estar sempre prontos, com o espírito desperto, porque aguardamos este encontro de todo coração, inteiramente. Este é um aspecto fundamental da vida. Todos nós, seja de modo explícito ou implícito, temos um desejo no coração. Todos temos este desejo no coração.

É importante ver também este ensinamento de Jesus no contexto concreto, existencial no qual Ele transmitiu. Neste caso, o evangelista Lucas nos mostra Jesus que está caminhando com os seus discípulos à Jerusalém, para a sua Páscoa de morte e ressurreição, e neste caminho os educa partilhando com eles o que Ele mesmo leva no coração, as atitudes profundas da sua alma. Entre estas atitudes está o desapego dos bens terrenos, a confiança na providência do Pai e, precisamente, a vigilância interior, a espera operante do Reino de Deus. Para Jesus é espera do retorno à casa do Pai. Para nós é espera de Cristo mesmo, que virá para tomar-nos  e levar-nos à festa sem fim, como já fez com a sua Mãe Maria Santíssima, que levou consigo ao Céu.
Este Evangelho nos quer dizer que o cristão é alguém que leva dentro de si um desejo grande, um desejo profundo: aquele de encontrar-se com o seu Senhor juntamente com o seus irmãos, companheiros de caminhada. E tudo isto que Jesus nos diz resume-se numa famosa frase de Jesus: “Onde está o vosso tesouro, ali estará o vosso coração” (Lc 12, 34). O coração que deseja...
Mas, todos nós temos um desejo! Pobres pessoas aquelas que não têm um desejo! O desejo de seguir adiante, em direcção a um horizonte, e para nós cristãos este horizonte é o encontro com Jesus, o encontro precisamente com Ele, que é a nossa vida, a nossa alegria, o que nos faz feliz.

Mas, eu vos faria duas perguntas: a primeira: todos vocês têm um coração desejoso, um coração que deseja? Pensem e respondam em silêncio no vosso coração. Você tem um coração que deseja, ou tem um coração fechado, um coração adormecido, um coração anestesiado pelas coisas da vida? O desejo: seguir em frente em direcção ao encontro com Jesus... E, a segunda pergunta: onde está o seu tesouro, o que você deseja? Porque Jesus nos disse: “Onde está o vosso tesouro, aí estará o vosso coração”, e eu perguntou: “Onde está o seu tesouro?

Qual é para você a realidade mais importante, mais valiosa, a realidade que atrai o seu coração como um íman? O que atrai o seu coração? Posso dizer que é o amor de Deus? Que é a vontade de fazer o bem aos outros? De viver para o Senhor e para os nossos irmãos? Posso dizer isso? Cada um responda no seu coração. Mas alguém poderia dizer-me: Padre, mas eu sou um daqueles que trabalha, que tem família, para mim a realidade mais importante é sustentar a minha família, o trabalho... Certo, é verdade, hein?, é importante, mas qual é a força que mantém unida a família? É precisamente o amor, e quem semeia o amor no nosso coração? Deus. O amor de Deus.

É precisamente o amor de Deus que dá sentido aos pequenos compromissos diários e também ajuda a enfrentar as grandes provações. Este é o verdadeiro tesouro do homem. Seguir em frente na vida com amor, com aquele amor que o Senhor semeou no coração, com o amor de Deus. E este é o verdadeiro tesouro. Mas, o que é o amor de Deus? Não é algo vago, um sentimento genérico; o amor de Deus tem um nome e um rosto: Jesus Cristo. Jesus. O amor de Deus se manifesta em Jesus, porque nós não podemos amar o ar... Mas, amamos o ar, amamos tudo? Não, não é possível! Amamos pessoas, e a pessoa que nós amamos é Jesus, o dom do Pai entre nós.

É um amor que dá valor e beleza a tudo mais, um amor que dá força à família, ao trabalho, ao estudo, à amizade, à arte, a cada iniciativa humana. E dá sentido também às experiências negativas porque nos permite ir além, não ficarmos prisioneiros do mal, mas nos faz seguir em frente, sempre nos abre à esperança. Assim, o amor de Deus em Jesus  sempre nos abre à esperança, àquele horizonte de esperança, ao horizonte final da nossa peregrinação. Dessa forma também os cansaços e as quedas encontram um sentido. Também os nossos pecados encontram um sentido no amor de Deus, porque este amor de Deus em Jesus Cristo nos perdoa sempre, nos ama tanto que nos perdoa sempre.

Caros irmãos, hoje na Igreja fazemos memória de Santa Clara de Assis, que seguindo os passos de Francisco deixou tudo para consagrar-se a Cristo na pobreza. Santa Clara nos dá um bonito testemunho deste Evangelho de hoje: que ela nos ajude, juntamente com a Virgem Maria, a vivê-lo também nós, cada um de acordo com a própria vocação.

Depois do Angelus

Caros irmãos e irmãs, 

lembremos que na próxima quinta-feira é a solenidade da Assunção de Maria. Pensemos em Nossa Mãe, que chegou ao céu com Jesus, e celebremos a ela neste dia.

Gostaria de cumprimentar os muçulmanos do mundo inteiro, nossos irmãos, que há pouco celebraram a conclusão do mês do Ramadão, dedicado de modo especial ao jejum, à oração e à esmola. Como escrevi na minha Mensagem para esta circunstância, desejo que cristãos e muçulmanos se comprometam para promover o respeito recíproco, especialmente por meio da educação das novas gerações.

Cumprimento com afecto todos os romanos e os peregrinos presentes. Também hoje tenho a alegria de cumprimentar alguns grupos de jovens: principalmente aqueles que vieram de Chicago, em peregrinação a Lourdes e a Roma; e depois os jovens de Locate, de Predore e Tavernola Bergamasca, e os escuteiros de Vittoria. Repito também a vós as palavras que foram o tema do grande encontro do Rio: "Ide e fazei discípulos entre todas as nações".

A todos vós, e a todos, desejo um bom domingo, e um bom almoço! Nos vemos!



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