E a palavra «amor» 17 milhões mais
Actualizado 28 de Agosto de 2013
Jorge Enrique Mújica / Zenit
Segundo as estatísticas mais recentes, Google é o portal mais visitado a nível mundial: 24% de todos os acessos globais à internet são para esse famoso motor de busca.
É no Google onde 55 milhões de pessoas procuram cada mês a palavra «Deus».
No mesmo lapso de tempo 37 milhões de pessoas procuram a palavra «Igreja», 25 milhões a palavra «Jesus» e 17 milhões mais a palavra «amor».
A grande pergunta
Cada vez mais as «respostas» que as pessoas encontram na web, também em matéria de fé, são as que em maior ou menor medida condicionam, canalizam ou confirmam a sua concepção sobre Deus.
Mas dada a variabilidade de respostas possíveis (bastaria fazer uns exercícios de busca na web para constatá-lo), a impressão de fundo poderia ser mais equívoca: seja porque o que aparece nos primeiros dados da busca não é sempre de todo exacto, seja porque a aparência que resulta é que a questão sobre a existência de Deus ficaria reduzida a um problema ao qual a tecnologia daria solução.
É sabido que o Google funciona (como tantos outros motores de busca, os assim chamados «motores sintácticos») com base em algoritmos que apresentam nos primeiros lugares – pela quantidade de ligações ou referências de uns portais em relação a outros – as páginas mais populares na matéria procurada.
E aqui emerge um primeiro ponto: evidentemente o mais popular não equivale ao verdadeiro. Ou noutras palavras: os primeiros resultados não necessariamente são a resposta correcta ao tema sobre o qual se investiga.
O buscador do Facebook
Em Março de 2013 Facebook apresentou o seu próprio buscador: «Facebook Graph Search» («FGS»). Trata-se de um motor de busca que possibilitaria encontrar conteúdos dentro do núcleo de amigos e outros perfis públicos sem necessidade de sair dessa rede social.
Ainda que ainda não está completamente desenvolvido, e de momento algumas opções de busca estão limitadas à edição em inglês do Facebook, a intencionalidade é oferecer conteúdos mediados pelas próprias amizades.
Se, por exemplo, procuramos a palavra «Deus» utilizando o sistema beta actualmente em funções para um grupo limitado de utilizadores, «FGS» apresenta como resultados alguns post onde os próprios amigos utilizaram essa palavra as oscilações podem ir de um insulto a uma reflexão.
Por isso se compreende a advertência que faz o mesmo sistema ao dar-nos esses resultados:
«Esta vista prévia personalizada é uma mostra de resultados segundo a informação partilhada no Facebook. Outras pessoas verão resultados diferentes para a mesma busca».
Em tempos também recentes desenvolveram-se outro tipo de motores de busca, os assim chamados «motores computacionais de conhecimento» ou «motores semânticos», que apresentam resultados graças à descodificação de dados que lhe oferece o utilizador.
Perguntar por Deus a um motor de busca
É o caso de WolframΙAlpha (www.wolframalpha.com) que funciona com base num tipo de «estímulos» muito concretos: perguntas.
Quando se o interroga, por exemplo, se existe Deus (Does God exist?) o resultado que dá é: «Lamento, mas um pobre motor computacional de conhecimento, sem importar quão potente possa ser, não é capaz de oferecer uma resposta simples a esta pergunta» (I´m sorry, but a poor computational knowledge engine, no matter how powerful, is not capable of providing a simple answer to that question).
«Grande parte da dinâmica actual da comunicação está orientada por perguntas em busca de respostas. Os motores de busca e as redes sociais são o ponto de partida na comunicação para muitas pessoas que procuram conselhos, sugestões, informações e respostas. Nos nossos dias, a Rede se está transformando cada vez mais no lugar das perguntas e das respostas; mais ainda, frequentemente o homem contemporâneo é bombardeado por respostas a interrogações que nunca se colocaram, e a necessidades que não sente», dizia o Papa emérito Bento XVI, na Mensagem para a Jornada Mundial das Comunicações Sociais 2012, e que bem vale para este tema considerado.
Ciberteologia para melhorar a busca
Na opinião de um dos máximos pensadores no campo da ciberteologia, o padre Antonio Spadaro, neste tema não se devem deixar de apreciar «as inovações capazes de melhorar as buscas na rede».
Mas também assinala – e isto é o que na realidade está no centro –: «É necessário reflectir sobre possíveis consequências a nível de mentalidade que estas inovações terminam por deixar nas atitudes profundas do homem, especialmente quando expressa desejos de transcendência» (Ciberteologia, p. 46).
A experiência técnica da busca de Deus na web, e o que WolframΙAlpha nos disse a esse respeito, supõe uma meditação sobre os limites da tecnologia; mais num momento da história em que esta permeia a vida humana e, talvez sem percebê-lo, leva a por as esperanças que só Deus é capaz de preencher em coisas mais bem passageiras.
Muitos procuram Deus e as grandes perguntas vitais onde procuram tudo o demais: no Google e Internet |
Jorge Enrique Mújica / Zenit
Segundo as estatísticas mais recentes, Google é o portal mais visitado a nível mundial: 24% de todos os acessos globais à internet são para esse famoso motor de busca.
É no Google onde 55 milhões de pessoas procuram cada mês a palavra «Deus».
No mesmo lapso de tempo 37 milhões de pessoas procuram a palavra «Igreja», 25 milhões a palavra «Jesus» e 17 milhões mais a palavra «amor».
A grande pergunta
Cada vez mais as «respostas» que as pessoas encontram na web, também em matéria de fé, são as que em maior ou menor medida condicionam, canalizam ou confirmam a sua concepção sobre Deus.
Mas dada a variabilidade de respostas possíveis (bastaria fazer uns exercícios de busca na web para constatá-lo), a impressão de fundo poderia ser mais equívoca: seja porque o que aparece nos primeiros dados da busca não é sempre de todo exacto, seja porque a aparência que resulta é que a questão sobre a existência de Deus ficaria reduzida a um problema ao qual a tecnologia daria solução.
E aqui emerge um primeiro ponto: evidentemente o mais popular não equivale ao verdadeiro. Ou noutras palavras: os primeiros resultados não necessariamente são a resposta correcta ao tema sobre o qual se investiga.
O buscador do Facebook
Em Março de 2013 Facebook apresentou o seu próprio buscador: «Facebook Graph Search» («FGS»). Trata-se de um motor de busca que possibilitaria encontrar conteúdos dentro do núcleo de amigos e outros perfis públicos sem necessidade de sair dessa rede social.
Ainda que ainda não está completamente desenvolvido, e de momento algumas opções de busca estão limitadas à edição em inglês do Facebook, a intencionalidade é oferecer conteúdos mediados pelas próprias amizades.
Se, por exemplo, procuramos a palavra «Deus» utilizando o sistema beta actualmente em funções para um grupo limitado de utilizadores, «FGS» apresenta como resultados alguns post onde os próprios amigos utilizaram essa palavra as oscilações podem ir de um insulto a uma reflexão.
Por isso se compreende a advertência que faz o mesmo sistema ao dar-nos esses resultados:
«Esta vista prévia personalizada é uma mostra de resultados segundo a informação partilhada no Facebook. Outras pessoas verão resultados diferentes para a mesma busca».
Em tempos também recentes desenvolveram-se outro tipo de motores de busca, os assim chamados «motores computacionais de conhecimento» ou «motores semânticos», que apresentam resultados graças à descodificação de dados que lhe oferece o utilizador.
Perguntar por Deus a um motor de busca
É o caso de WolframΙAlpha (www.wolframalpha.com) que funciona com base num tipo de «estímulos» muito concretos: perguntas.
Quando se o interroga, por exemplo, se existe Deus (Does God exist?) o resultado que dá é: «Lamento, mas um pobre motor computacional de conhecimento, sem importar quão potente possa ser, não é capaz de oferecer uma resposta simples a esta pergunta» (I´m sorry, but a poor computational knowledge engine, no matter how powerful, is not capable of providing a simple answer to that question).
«Grande parte da dinâmica actual da comunicação está orientada por perguntas em busca de respostas. Os motores de busca e as redes sociais são o ponto de partida na comunicação para muitas pessoas que procuram conselhos, sugestões, informações e respostas. Nos nossos dias, a Rede se está transformando cada vez mais no lugar das perguntas e das respostas; mais ainda, frequentemente o homem contemporâneo é bombardeado por respostas a interrogações que nunca se colocaram, e a necessidades que não sente», dizia o Papa emérito Bento XVI, na Mensagem para a Jornada Mundial das Comunicações Sociais 2012, e que bem vale para este tema considerado.
Ciberteologia para melhorar a busca
Na opinião de um dos máximos pensadores no campo da ciberteologia, o padre Antonio Spadaro, neste tema não se devem deixar de apreciar «as inovações capazes de melhorar as buscas na rede».
Mas também assinala – e isto é o que na realidade está no centro –: «É necessário reflectir sobre possíveis consequências a nível de mentalidade que estas inovações terminam por deixar nas atitudes profundas do homem, especialmente quando expressa desejos de transcendência» (Ciberteologia, p. 46).
A experiência técnica da busca de Deus na web, e o que WolframΙAlpha nos disse a esse respeito, supõe uma meditação sobre os limites da tecnologia; mais num momento da história em que esta permeia a vida humana e, talvez sem percebê-lo, leva a por as esperanças que só Deus é capaz de preencher em coisas mais bem passageiras.
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