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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

"Não é suficiente a filosofia para converter a China"

Fala no Meeting de Rimini, Tianyue Wu, docente chinês que não teme manifestar-se como católico


Roma, 21 de Agosto de 2013


"A filosofia em si não pode converter os não-crentes. É necessário ter a paciência de propor o cristianismo às pessoas com uma tradição forte e antiga”. Estas palavras são de Tianyue Wu, professor do Departamento de Filosofia no Institute of Foreign Philosophy da Peking University. Wu, católico, narrou a sua história e a situação dos católicos na China durante o encontro que se realiza no Meeting de Rimini, segunda-feira, 19 de Agosto.

O professor de filosofia explicou que os cristãos na China são trinta milhões, e destes, seis milhões são católicos, apesar do fato de que "professar a fé publicamente é difícil, se não impossível". Ainda que - acrescentou - "pelo fato de que neste momento não haja nenhuma ética predominante na China seja muito mais atraente a mensagem cristã".

Segundo o professor Wu, "a incongruência entre o crescimento económico e a espiritualidade levou a uma ‘Emergência-homem’ também na China” e “precisamente em virtude dos desafios enfrentados pelos cristãos chineses, a difícil condição oferece também grandes oportunidades”.

O professor de filosofia falou também que toda a sua família é católica, a começar pelo avô que estudou em uma missão católica e estava pensando em se tornar sacerdote. Depois virou médico. Toda a família frequentava a missa e os sacramentos. Com a morte do avô, alguns familiares entraram no seminário, enquanto Tianyue, começou a ler os textos do pregador John Bunyan e de Santo Agostinho. Matriculou-se na Faculdade de Filosofia em Pequim, onde hoje é professor.

Anos difíceis da Universidade onde era problemático até mesmo usar uma cruz no pescoço. Junto com sua esposa, o professor organizou um grupo de leitura sobre Santo Thomas. "Ao longo de minhas conversas com os rapazes – disse – percebi que já tinha sido plantada uma semente nos seus corações, que lhes teria ajudado a captar os desafios desse momento histórico".

O professor chinês narrou a história religiosa da China, que contava com várias religiões primitivas já no segundo milénio antes de Cristo. O catolicismo veio à China em 1582, com o padre jesuíta Matteo Ricci, que era apreciado pelo imperador e pela classe dominante, a tal ponto que é o único ocidental cujo túmulo está localizado na "Cidade Proibida".

O Servo de Deus Matteo Ricci, matemático, geógrafo, astrónomo, traduziu para o chinês importantes obras da ciência e manteve óptimas relações com os maiores representantes do confucionismo. O trabalho de Ricci foi continuado pelo jesuíta Martino Martini, que obteve do Papa Alexandre VII a possibilidade de aceitar, embora com reservas, que os chineses convertidos ao cristianismo pudessem continuar os seus rituais para os mortos e para Confúcio sem serem excomungados. Foi então o Imperador Kangxi, que governou a China de 1654-1722, que emitiu um decreto de livre pregação do cristianismo.

Os padres jesuítas estavam convencidos de que para favorecer a propagação do cristianismo na China era necessário inculturá-lo buscando uma união entre os ritos e a cultura local, enquanto que os padres franciscanos e dominicanos eram de pareceres diametralmente opostos. Chegou até 1713 quando, com a bulla “Ex Illa die”, Papa Clemente XI rejeitou toda mediação com os ritos chineses. Em 1742 com a bulla “Ex quo singulari”, Bento XIV proibiu toda discussão sobre os ritos chineses.

A supressão da Companhia de Jesus em 1773, favoreceu os componentes chineses anti-católicos, de tal forma que os imperadores Yongzheng e Qianlong limitaram a liberdade de pregação do cristianismo. Em 1939 o servo de Deus o Papa Pio XII tirou as proibições e permitiu que os católicos chineses participassem dos ritos tradicionais. Mas um pouco mais tarde, em 1949, com o advento do comunismo começaram as perseguições. Em 1957, depois da rejeição da autoridade do Papa nasceu a Igreja Patriótica chinesa. Hoje é o governo chinês que nomeia os Bispos.

Neste contexto, são significativas as palavras que o professor Tobias Hoffmann, professor de Filosofia Medieval na Catholic University of America, pronunciou na abertura do encontro: "A fim de entender melhor a cultura e o pensamento ocidental, devemos entender como os filósofos e os homens de cultura do Oriente vivem e testemunham o Cristianismo em seu contexto sociológico ".



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