Dois eurodeputados lançam abaixo-assinado para candidatar o papa ao Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento
Roma, 20 de Agosto de 2013
Em comunicado de 19 de Agosto, os eurodeputados Enzo
Rivellini e Potito Salatto, do Partido Popular Europeu (PPE), anunciaram
para a próxima segunda-feira, 26 de Agosto, o início da colecta de
assinaturas de parlamentares europeus de todos os posicionamentos
políticos e de todos os países da União Europeia para atribuir o Prémio
Sakharov ao papa Francisco.
O Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento foi criado pelo
Parlamento Europeu em 1988 a fim de premiar personalidades ou
organizações que dedicam a vida à defesa dos direitos humanos e das
liberdades individuais.
O nome do prémio homenageia o cientista e dissidente Andrei
Dmitrievich Sakharov. Apesar de ter contribuído para o desenvolvimento
da bomba termonuclear de hidrogénio (bomba H), como membro da Academia
de Ciências da União Soviética, Sakharov contestou, nos anos de 1957 e
1958, os testes nucleares para fins bélicos e criticou o regime
soviético, a ponto de fundar em 1970 o Comité dos Direitos Civis e
assumir a defesa dos dissidentes e perseguidos.
As suas actividades em favor dos direitos civis lhe valeram o Prémio
Nobel da Paz em 1975, mas ele não pôde recebê-lo por expressa proibição
do regime soviético. Sakharov manifestou-se também contra a entrada das
tropas soviéticas no Afeganistão, foi preso e, em 1980, confinado na actual cidade de Ninij Novgorod, onde sua esposa, Elena Bonner, era o seu
único meio de contacto com o mundo exterior. Reabilitado em 1986,
retornou a Moscovo e foi eleito deputado em 1989. Morreu na capital russa
em dezembro do mesmo ano.
O Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento é concedido
anualmente após uma pré-seleção dos candidatos e uma votação final da
câmara. Entre os vencedores, estão Nelson Mandela, as Mães da Praça de
Maio, o dissidente cubano Guillermo Farinas e o cineasta iraniano Jafar
Panahi.
Os dois eurodeputados afirmam que “nos poucos meses do seu
pontificado, o papa Francisco despertou os melhores sentimentos de
todos, com simplicidade, humanidade e grande autoridade. Ele conseguiu
dar início a um percurso de paz e de fraternidade que entusiasma tanto
os crentes quanto os não crentes”.
Por estas razões, “acreditamos que ninguém pode duvidar da magnitude
deste percurso e estamos confiantes de que o Prémio Sakharov será
reconhecido, por unanimidade, ao Santo Padre. O prémio também será
uma oportunidade para recebê-lo e para ouvir os seus ensinamentos dentro
do Parlamento Europeu em Estrasburgo”.
O reconhecimento é entregue sempre em data próxima a 10 de Dezembro,
para comemorar o dia em que foi assinada a Declaração Universal dos
Direitos Humanos.
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