Cipriani se referiu às críticas e falsidades ditas contra ele e contra a função da Igreja Católica nos anos em que o terrorismo açoitava a cidade de Ayacucho, no Peru
Roma, 26 de Agosto de 2013
“Acho que, sobre as mentiras e injustiças, nem vale a pena
polemizar. É melhor estender a mão, perdoar e dizer: ‘não se preocupe,
eu já perdoei, e a honra que você quis arranhar está mais clara e
iluminada, porque o tempo foi revelando a verdade’”, disse o cardeal
peruano Juan Luis Cipriani no programa Diálogo de Fé, do último sábado,
24 de Agosto.
Cipriani se referiu às críticas e falsidades ditas contra ele e
contra a função da Igreja Católica nos anos em que o terrorismo açoitava
a cidade de Ayacucho, no Peru. O cardeal comentou também o trabalho de
muitos religiosos e leigos que ajudaram os mais desfavorecidos, entre
eles a Madre Covadonga.
“Com a simplicidade dominicana, ela foi uma mulher sem duas caras,
sem máscaras, muito generosa, que valorizava muito a dignidade da pessoa
humana. Fomos muito amigos, como os ronderos e tantos outros personagens daquela época. Com eles, nós conseguimos iluminar de paz e de alegria um povo inteiro”, afirmou.
“Foram anos bem duros, que maltrataram muito esse querido povo de
Ayacucho. A Igreja, com os seus padres e religiosos, teve que passar por
momentos muito difíceis e de enorme risco de vida. Nós mantemos tudo
isso no coração com muito silêncio e muita paz. Por isso, nosso Senhor
saberá perdoar e abençoar tanta gente que, nos momentos difíceis, serviu
com simplicidade à fé católica no meio desse povo querido de Ayacucho”.
Cipriani aprovou a iniciativa do governo de iniciar um diálogo com
diversos representantes políticos do país e os exortou a dialogar com a
verdade.
“Do líder, você espera um compromisso sério com a verdade. Às vezes, pedem tolerância e diálogo. Eu pediria verdade”, declarou.
“É uma característica que ajuda esses líderes a ter liberdade, porque
não tem preço a palavra que é verdade. Eu espero que eles iluminem não
só no Peru, mas no mundo todo, onde se vê tanta mentira”, continuou o
cardeal.
Cipriani pediu que todos promovam o bem comum que os peruanos exigem,
lembrando-se das grandes maiorias que muitas vezes não são ouvidas nem
consideradas.
“Não procurem votos, opiniões ou conjunturas. Que a verdade ilumine, e
não uma simples tolerância que, às vezes, parece o contrário. Um amor
pelas pessoas mais humildes e mais pobres; um desejo de desenvolvimento
que promova uma justiça maior. É isto o que a Igreja nos pede hoje e o
que a fé do nosso povo espera com tanta esperança”.
Por sua vez, o pe. Luis Gaspar, vigário episcopal da Família e Vida,
narrou o próprio testemunho da época do terrorismo em Ayacucho.
“Eu vivi em carne própria a dor e o sofrimento dos meus irmãos, assim
como a indiferença de uma parte do país naqueles tempos em que nós, ayacuchanos, éramos vistos como se todos fizéssemos parte do Sendero Luminoso”, declarou Gaspar.
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