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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A liberdade religiosa: uma graça que, quando falta, faz muita falta

Entrevista com o director italiano de Ajuda à Igreja que Sofre


Roma, 28 de Agosto de 2013


O Meeting de Rímini para a Amizade entre os Povos, realizado na Itália de 19 a 23 de Outubro, terminou sob a luz da esperança na liberdade religiosa. ZENIT conversou com um dos palestrantes, Massimo Ilardo, director, na Itália, da associação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). Ele ilustrou o passado, o presente e o futuro da associação que tem 65 anos de actividade.

Máximo Ilardo: Nós tivemos a possibilidade de participar na conferência sobre a Síria, ilustrando todas as problemáticas que os sírios enfrentam hoje e contando o que a AIS está fazendo para ajudar. No ano passado falamos do Irã, em particular das minorias cristãs e do seu sofrimento naquele país e do que a AIS fez e continua fazendo por eles. Em 1987, o nosso fundador veio ao Meeting e contou sobre a actividade da AIS. Sete mil pessoas estiveram na conferência. Quando ele chegou, todo o público ficou de pé. O sector italiano da AIS (Aiuto alla Chiesa che Sofre) está desenvolvendo um trabalho de divulgação, para continuar sendo, como tem sido há 65 anos, a voz que fala do tema religioso para prestar uma ajuda concreta, graças à colaboração dos benfeitores, que são todos privados.

ZENIT: Como a percepção da liberdade religiosa vem mudando? Que oportunidades este Meeting proporcionou de abordar o tema?
Máximo Ilardo: A liberdade religiosa, em comparação com 1998, quando publicamos o primeiro relatório sobre o tema, é cada vez mais entendida pelas pessoas, instituições, imprensa, e está chegando também ao entendimento da população em geral. No Meeting houve uma palestra extraordinária do cardeal Tauran, sobre o diálogo, que precisa de tempo: não há grandes novidades, mas o que se nota é a existência de um percurso que não pode ser interrompido. Há momentos críticos, como agora na Síria e no Egipto, mas não podemos nos esquecer nunca de outros países em dificuldades, como a Nigéria.

ZENIT: A liberdade religiosa é um problema dos países asiáticos e africanos ou é um problema universal?
Máximo Ilardo: É um fato relacionado com a consciência. Este direito não tem que ser concedido pelos governos, é natural, como a vida. Começamos a ser mais conscientes deste direito quando ele começa a faltar. No tocante à liberdade religiosa, nós, cristãos que moram na Itália, não nos damos conta da graça que recebemos, porque viver a nossa fé significa não ter que "alterar" particularmente a nossa vida. Mas ser cristão num país como o Egipto, o Paquistão, o Iraque ou a Nigéria significa mudar de estilo de vida. Num país como o Paquistão, a mulher não pode decidir a educação dos filhos, não pode dirigir, tem que caminhar um passo atrás do marido, não pode falar com o marido sem que seja de um determinado modo tradicional, etc. Faz dois anos, nós publicamos um texto intitulado “Por que me persegues?”, e começamos a divulgar um resumo dele nas escolas, nos centros culturais, nas associações, nas paróquias. Divulgamos 4.500 cópias e estamos preparando uma nova edição para chegar a mais pessoas.

ZENIT: Há países, como a Rússia e outros da Europa ex-comunista, que reconquistaram a liberdade religiosa depois de décadas de perseguições. A AIS trabalhou nesses países?
Máximo Ilardo: Na Europa do Leste, o padre Werenfried, nosso fundador, trabalhou muito. Os resultados conseguidos na Rússia, e em outras nações que sofreram as mesmas opressões, começam a dar frutos no tocante às vocações. Acompanhamos sempre o que acontece nesses países, com uma atenção um pouco menor do que em outros lugares do mundo, mas estamos sempre atentos. Em particular na Bósnia e no resto da ex-Jugoslávia. São países em que dificilmente acontecem coisas espantosas hoje em dia, e, portanto, quase não se fala deles, mas há fiéis que fugiram daqueles lugares e que ainda têm que voltar. Também estamos trabalhando com eles. Existe um contínuo surgir de novas vocações, a Europa do Leste está dando grandes resultado. Além disso, nós temos uma secção dedicada à Igreja ortodoxa e isto é importante no diálogo ecuménico e inter-religioso. Uma Igreja irmã ajuda outra Igreja irmã, e eu acho que essa é uma das coisas mais bonitas. Foi uma das intuições do nosso fundador no início dos anos 1990.



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