Dez anos depois da derrocada de Saddam, nosso país continua sendo atingido pelas bombas, pela insegurança e pela crise
Roma, 29 de Agosto de 2013
Uma intervenção militar liderada pelos Estados Unidos contra
a Síria seria “uma catástrofe. Seria como explodir um vulcão, numa
explosão destinada a arrasar o Iraque, o Líbano, a Palestina. E talvez
alguém queira precisamente isto”, declarou o patriarca da Babilónia dos
Caldeus, Louis Raphael I Sako, em conversa com a Agência Fides, sobre a
possibilidade de um ataque exterior que já é dado como iminente contra o
regime de Assad.
O líder da comunidade cristã mais importante no Iraque enxerga na
intervenção ocidental na Síria a mesma experiência já sofrida pelo seu
povo: “Dez anos depois da chamada 'coligação dos voluntários', que
derrocou Saddam, o nosso país continua sendo atingido pelas bombas,
pelos problemas de segurança, pela instabilidade da crise económica”.
Além disso, no caso sírio, o patriarca caldeu considera as coisas
ainda mais complicadas pela dificuldade de se entender a dinâmica real
da guerra civil, que dilacera aquela nação há anos: “A oposição a Assad
está dividida, os diversos grupos lutam entre si, há uma proliferação de
milícias jihadistas... O que vai acontecer com esse país depois?”.
Para o patriarca, as fórmulas utilizadas pelos países ocidentais para
justificar qualquer intervenção parecem instrumentalizadas e confusas:
“Todos falam de democracia e liberdade, mas, para chegar a esses objectivos, é preciso passar por processos históricos. Não é possível
pensar em impô-los de forma mecânica e muito menos pela força. A única
via, na Síria, como em qualquer parte, é a busca de soluções políticas.
Empurrar os combatentes a um pacto, imaginar um governo provisório que
inclua tanto os do regime quanto as forças da oposição, escutar o que o
povo sírio realmente quer, na sua maioria”.
O patriarca caldeu mostra cautela também quanto à opção de justificar
a intervenção como uma represália inevitável pelo uso de armas químicas
por parte do exército de Assad: “Os ocidentais”, diz Sako, “também
justificaram a intervenção contra Saddam com a acusação de que o regime
do Iraque tinha armas de destruição massiva. Mas essas armas não foram
encontradas nunca”.
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