A ordenação sacerdotal praticada nas confissões não católicas não acontecerá na Igreja
Roma, 29 de Agosto de 2013
Com frequência, ouvem-se vozes pedindo mais participação da
mulher não só na vida eclesial quotidiana, mas nos ministérios
hierárquicos, com a possibilidade da ordenação sacerdotal, tal como
ocorre em algumas confissões não católicas. Fechar esta porta às
mulheres é julgado como discriminação, resistência aos novos tempos, um
machismo que deveria ser superado.
É verdade que, no geral, são as mulheres quem mais participa das
celebrações, das catequeses, das diversas áreas da pastoral social. São
elas que mais recorrem ao sacramento da reconciliação. São elas as mais
disponíveis para muitas das iniciativas paroquiais. A sua presença
sempre foi profundamente significativa. Porém, não é isto o que alguns
exigem. Exigem a ordenação das mulheres, não apenas para o diaconato,
mas para o presbiterado e para o episcopado. Não faltou nem sequer algum
padre desnorteado, seduzido pela propaganda mediática, para afirmar que
“chegará o tempo em que uma mulher será papisa”.
Que as mulheres sempre realizaram variados serviços, todos
constatamos. Minha avó foi uma líder religiosa na minha cidadezinha
durante a minha infância. Uma tia foi a única catequista da região. Sem
elas, não haveria vida e movimento em muitas das nossas paróquias. Ainda
falta muita estrada para avançarmos em povoações indígenas, mas, pouco a
pouco, os homens vão reconhecendo que elas também podem realizar muitas
tarefas pastorais, indispensáveis para o crescimento da vida cristã nas
comunidades.
A propósito, o papa Francisco afirmou no seu voo de volta do Brasil
para Roma: “Uma igreja sem as mulheres é como o colégio apostólico sem
Maria. O papel da mulher na Igreja não é só a maternidade, mas é mais
forte ainda: é como o ícone de Nossa Senhora, aquela que ajuda a Igreja a
crescer! Pensem que Nossa Senhora é mais importante que os apóstolos! É
mais importante! A Igreja é feminina: é Igreja, é esposa, é mãe. Não se
pode entender uma Igreja sem as mulheres, mas mulheres que sejam activas
na Igreja, dentro dos seus perfis. Na Igreja, nós temos que pensar na
mulher nesta perspectiva de opções arriscadas, mas como mulheres. Isto
deveria ser explicado melhor. Acredito que ainda não fizemos uma
profunda teologia da mulher. Não pode ficar limitado a serem acólitos, a
ser a presidente da Cáritas, a ser catequista... Não! Tem que ter mais,
mais profundamente, inclusive mais no nível místico. E, em relação com a
ordenação de mulheres, a Igreja já falou e diz ‘não’. Foi dito por João
Paulo II, e com uma declaração definitiva. Aquela porta está fechada.
Mas, sobre isto, eu quero dizer algo. Já disse, mas repito. Nossa
Senhora, Maria, era mais importante que os apóstolos, que os bispos, que
os diáconos e presbíteros. A mulher, na Igreja, é mais importante que
os bispos e que os presbíteros. Como? É isto o que nós temos que
explicar melhor, porque acho que falta uma explicação teológica disto”.
Nós, fiéis ou pastores, devemos revisar a nossa abertura a esta
participação maior das mulheres nos conselhos paroquiais, nos centros de
formação teológica, na preparação dos futuros sacerdotes, em cargos
pastorais não apenas paroquiais, mas também diocesanos e internacionais.
Lamentamos que haja mulheres que se recusam a receber a comunhão
eucarística de mãos de outra mulher, mesmo que seja uma religiosa,
aceitando-a somente das mãos de um sacerdote. Com paciência e
compreensão, devemos educá-las e educar-nos no plano de Deus para a
mulher, que de maneira alguma é discriminatório, embora distribua os
serviços, isto sim, de forma diferenciada. Só às mulheres, por outro
lado, foi confiada a grande dignidade e o enorme serviço de ser mães.
Em suma, como recordava João Paulo II, "o único carisma superior que
deve ser buscado é a caridade (cf. 1 Cor 12-13). Os maiores no Reino dos
céus não são os ministros, mas os santos" (22-V-1994). A ser santos
todos temos que aspirar, e é mais santo quem mais ama, quem mais serve
aos outros.
in
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