Um ano depois da morte do cardeal, foi apresentado hoje ao Papa a "Fondazione Carlo Maria Martini", uma iniciativa da Companhia de Jesus, em colaboração com a Arquidiocese de Milão
Roma, 30 de Agosto de 2013
"Homem de discernimento e de paz", " profeta" e "pai da
Igreja". Não podia escolher palavras mais belas o Papa Francisco para
lembrar o cardeal Carlo Maria Martini, um ano após sua morte. O cardeal
falecia no dia 31 de Agosto do ano passado, na casa dos jesuítas em
Gallarate, na província de Varese, aos 85 anos de idade. A sua vida na
Igreja tinha começado aos 17 anos, quando entrou na Companhia de Jesus.
Ocupou o cargo de reitor do Pontifício Instituto Bíblico e, mais tarde,
da Pontifícia Universidade Gregoriana. Foi arcebispo de Milão por mais
de vinte anos, a partir de 1979 - ano em que foi nomeado pelo Papa João
Paulo II - até 2002.
Por ocasião do primeiro aniversário da morte do cardeal, esta
manhã, foi apresentado ao Papa Francisco a “Fundação Carlo Maria
Martini", uma iniciativa da Província italiana da Companhia de Jesus, em
colaboração com a Arquidiocese de Milão. O projecto foi exibido na Casa
Santa Marta, pelo padre Carlo Casalone provincial dos jesuítas da
Itália, juntamente com os líderes e membros da Fundação.
Papa Francisco disse a todos: "Comemorar o cardeal Martini é um acto
de justiça", expressando todo o seu apreço pela iniciativa. Entre as
finalidades da Fundação - diz o site oficial – está o facto de recordar o
cardeal Martini, "promovendo o conhecimento e o estudo da sua vida e
das suas obras”, mantendo vivo “o espírito que animou o seu compromisso”
e “favorecendo a experiência da Palavra de Deus no contexto da cultura
contemporânea”.
Além do mais – diz o portal - será dada especial atenção ao "diálogo ecuménico, inter-religioso, com a sociedade civil e com os não crentes,
juntamente com o aprofundamento da relação indissolúvel entre fé,
justiça e cultura", características que sempre animaram o Ministério do
Arcebispo de Milão. Entre os objectivos da Fundação está, portanto, a
promoção do "estudo da Sagrada Escritura, com um corte que coloque em
jogo também outras disciplinas, incluindo a espiritualidade e as
ciências sociais", a colaboração "nos projectos formativos e pastorais –
dirigidos especialmente aos jovens – que valorizem a pedagogia
inaciana”, e finalmente “o aprofundamento do significado e a difusão da
prática dos Exercícios Espirituais”.
Em Santa Marta, nesta manhã, também estava presente o padre Federico
Lombardi, director da Sala de Imprensa da Santa Sé, que - em uma
entrevista à Rádio Vaticano - descreveu a reunião de hoje com o Papa. Um
encontro “breve, informal mas significativo” – disse – porque “era
necessário que o Papa fosse a primeira pessoa informada directamente
sobre o nascimento desta Fundação e sobre as suas finalidades”.
O provincial padre Casalon – continuou padre Lombardi – “dirigiu umas
belíssimas palavras explicando a natureza e a finalidade da Fundação e o
Papa respondeu, como de costume, de modo muito espontâneo e directo, com
algumas lembranças que tinha do cardeal Martini”. Em particular, disse o
porta-voz do Vaticano, Bergoglio recordou o papel fundamental do
cardeal Martini na 32ª Congregação Geral dos Jesuítas em 1974, durante a
qual , com "sábio discernimento", o cardeal "discutiu de modo muito
comprometido e tenso a questão da relação entre a fé e a justiça".
Papa Francisco, disse Lombardi, "lembrou esta grande contribuição de
Martini, seja como serviço à Companhia de Jesus e à sua unidade no
aprofundar uma tema fundamental, seja também pelo bom relacionamento e a
compreensão entre a Companhia de Jesus e a Santa Sé”. Naquele tempo, no
Trono de Pedro estava Paulo VI, “que com os seus colaboradores
acompanhava com muita atenção e participação a vida da Companhia de
Jesus e os seus problemas”. O trabalho então realizado por Martini foi
"decisivo".
O Santo Padre - disse o director da Sala de Imprensa - "incentivou o
trabalho da Fundação, lembrando o dever dos filhos de recordar os pais".
Porque, de acordo com o Papa Francisco, Carlo Maria Martini pode ser
considerado como " um pai na Igreja, pai para a sua diocese, pai para
várias pessoas". "Nós também - acrescentou o Papa - no fim do mundo,
recebemos dele uma grande contribuição para o conhecimento bíblico, mas
também por causa da espiritualidade e da vida de fé, alimentada pela
Palavra de Deus".
As primeiras iniciativas da Fundação dedicada ao histórico Arcebispo
de Milão receberam, portanto, "a bênção e o incentivo do Papa
Francisco”. E isso – destacou o padre Federico Lombardi - "para nós foi
muito importante", porque na Fundação "com a presença do jesuítas
italianos que são custódios (a mando do mesmo Martini) do seu arquivo
pessoal e dos seus escritos”, enquanto que os livros da sua biblioteca
foram para a diocese de Milão. Os jesuítas italianos, como
"representantes da família e representantes da Arquidiocese de Milão",
devem administrar e valorizar "esse legado tão importante”. Portanto,
concluiu o Pe. Lombardi, a iniciativa traz consigo “a responsabilidade
dos componentes de Martini” e não poderia ter começado a sua obra sem o
consentimento do Sucessor de Pedro.
in
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