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sábado, 31 de agosto de 2013

"Pai da Igreja, pai para a sua diocese, pai para várias pessoas": Papa Francisco recordou o cardeal Martini

Um ano depois da morte do cardeal, foi apresentado hoje ao Papa a "Fondazione Carlo Maria Martini", uma iniciativa da Companhia de Jesus, em colaboração com a Arquidiocese de Milão


Roma, 30 de Agosto de 2013


"Homem de discernimento e de paz", " profeta" e "pai da Igreja". Não podia escolher palavras mais belas o Papa Francisco para lembrar o cardeal Carlo Maria Martini, um ano após sua morte. O cardeal falecia no dia 31 de Agosto do ano passado, na casa dos jesuítas em Gallarate, na província de Varese, aos 85 anos de idade. A sua vida na Igreja tinha começado aos 17 anos, quando entrou na Companhia de Jesus. Ocupou o cargo de reitor do Pontifício Instituto Bíblico e, mais tarde, da Pontifícia Universidade Gregoriana. Foi arcebispo de Milão por mais de vinte anos, a partir de 1979 - ano em que foi nomeado pelo Papa João Paulo II - até 2002.

Por ocasião do primeiro aniversário da morte do cardeal, esta manhã, foi apresentado ao Papa Francisco a “Fundação Carlo Maria Martini", uma iniciativa da Província italiana da Companhia de Jesus, em colaboração com a Arquidiocese de Milão. O projecto foi exibido na Casa Santa Marta, pelo padre Carlo Casalone provincial dos jesuítas da Itália, juntamente com os líderes e membros da Fundação.

Papa Francisco disse a todos: "Comemorar o cardeal Martini é um acto de justiça", expressando todo o seu apreço pela iniciativa. Entre as finalidades da Fundação - diz o site oficial – está o facto de recordar o cardeal Martini, "promovendo o conhecimento e o estudo da sua vida e das suas obras”, mantendo vivo “o espírito que animou o seu compromisso” e “favorecendo a experiência da Palavra de Deus no contexto da cultura contemporânea”.

Além do mais – diz o portal - será dada especial atenção ao "diálogo ecuménico, inter-religioso, com a sociedade civil e com os não crentes, juntamente com o aprofundamento da relação indissolúvel entre fé, justiça e cultura", características que sempre animaram o Ministério do Arcebispo de Milão. Entre os objectivos da Fundação está, portanto, a promoção do "estudo da Sagrada Escritura, com um corte que coloque em jogo também outras disciplinas, incluindo a espiritualidade e as ciências sociais", a colaboração "nos projectos formativos e pastorais – dirigidos especialmente aos jovens – que valorizem a pedagogia inaciana”, e finalmente “o aprofundamento do significado e a difusão da prática dos Exercícios Espirituais”.

Em Santa Marta, nesta manhã, também estava presente o padre Federico Lombardi, director da Sala de Imprensa da Santa Sé, que - em uma entrevista à Rádio Vaticano - descreveu a reunião de hoje com o Papa. Um encontro “breve, informal mas significativo” – disse – porque “era necessário que o Papa fosse a primeira pessoa informada directamente sobre o nascimento desta Fundação e sobre as suas finalidades”.

O provincial padre Casalon – continuou padre Lombardi – “dirigiu umas belíssimas palavras explicando a natureza e a finalidade da Fundação e o Papa respondeu, como de costume, de modo muito espontâneo e directo, com algumas lembranças que tinha do cardeal Martini”. Em particular, disse o porta-voz do Vaticano, Bergoglio recordou o papel fundamental do cardeal Martini na 32ª Congregação Geral dos Jesuítas em 1974, durante a qual , com "sábio discernimento", o cardeal "discutiu de modo muito comprometido e tenso a questão da relação entre a fé e a justiça".

Papa Francisco, disse Lombardi, "lembrou esta grande contribuição de Martini, seja como serviço à Companhia de Jesus e à sua unidade no aprofundar uma tema fundamental, seja também pelo bom relacionamento e a compreensão entre a Companhia de Jesus e a Santa Sé”. Naquele tempo, no Trono de Pedro estava Paulo VI, “que com os seus colaboradores acompanhava com muita atenção e participação a vida da Companhia de Jesus e os seus problemas”. O trabalho então realizado por Martini foi "decisivo".

O Santo Padre - disse o director da Sala de Imprensa - "incentivou o trabalho da Fundação, lembrando o dever dos filhos de recordar os pais". Porque, de acordo com o Papa Francisco, Carlo Maria Martini pode ser considerado como " um pai na Igreja, pai para a sua diocese, pai para várias pessoas". "Nós também - acrescentou o Papa - no fim do mundo, recebemos dele uma grande contribuição para o conhecimento bíblico, mas também por causa da espiritualidade e da vida de fé, alimentada pela Palavra de Deus".

As primeiras iniciativas da Fundação dedicada ao histórico Arcebispo de Milão receberam, portanto, "a bênção e o incentivo do Papa Francisco”. E isso – destacou o padre Federico Lombardi - "para nós foi muito importante", porque na Fundação "com a presença do jesuítas italianos que são custódios (a mando do mesmo Martini) do seu arquivo pessoal e dos seus escritos”, enquanto que os livros da sua biblioteca foram para a diocese de Milão. Os jesuítas italianos, como "representantes da família e representantes da Arquidiocese de Milão", devem administrar e valorizar "esse legado tão importante”. Portanto, concluiu o Pe. Lombardi, a iniciativa traz consigo “a responsabilidade dos componentes de Martini” e não poderia ter começado a sua obra sem o consentimento do Sucessor de Pedro.



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