Evo Morales pediu ser recebido depois de ouvir Francisco na JMJ do Rio. Relações com a Igreja local têm sido difíceis
Roma, 16 de Agosto de 2013
O presidente boliviano Evo Morales anunciou que no dia 6 de Setembro será recebido em audiência no Vaticano pelo papa Francisco e
que “aproveitará para compartilhar as suas mensagens e aprender sobre a
Teologia da Libertação”, além de convidá-lo a visitar a Bolívia. As
informações são da agência oficial boliviana de notícias ABI, em nota
publicada neste 14 de Agosto.
A Conferência Episcopal da Bolívia confirmou a notícia, mas
ressaltou que se trata de uma visita de estado “habitual”, como as que o
papa já recebeu de diversos presidentes.
Morales, eleito em 2005 e reeleito em 2009 com 65% dos votos, tem
mantido difíceis relações com a Igreja na Bolívia. Ele acusou a Igreja
de apoiar a oposição política e de ser a responsável pelos furtos
denunciados em seus próprios templos. O governo de Morales, além disso,
promoveu em Junho passado a criação de uma Igreja Católica Apostólica
Renovada do Estado Plurinacional, e, em viagem a Roma em maio de 2010,
entregou ao papa Bento XVI, depois da audiência, uma carta fora de
protocolo em que lhe aconselhava abolir o celibato e estender o
sacerdócio às mulheres.
O anúncio da audiência foi feito pelo próprio Morales. “Quero
antecipar a vocês que o chanceler David Choquehuanca me informou que o
papa aceitou nos dar uma audiência no dia 6 de Setembro. Vamos nos
preparar para ir com uma boa delegação”, afirmou o presidente nesta
quarta-feira, depois de chegar ao palco oficial da apresentação
folclórica em homenagem à Virgem de Urkupiña, em Quillacollo,
Cochabamba, conforme as informações da agência ABI.
O desejo de encontrar o papa, de acordo com o presidente boliviano,
nasceu após escutar algumas reflexões que lhe chamaram a atenção durante
a sua participação na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. A
agência boliviana acrescenta que Morales “manifestou uma grata
impressão com a mensagem de que não se é revolucionário se não se é
cristão nos tempos de hoje”.
Em 15 de Agosto, o presidente “participou de maneira activa, com
orações e cânticos, na cerimónia eucarística em honra da Virgem de
Urkupiña, que advogou pela promoção dos valores humanos e cristãos no
país”, diz a agência. “Por sua vez, o bispo auxiliar de Cochabamba, dom
Luis Sáenz, na homilia da solene cerimónia às portas do templo de San
Ildefonso, declarou: 'Trabalhemos para que os valores como a verdade
sejam mais importantes do que a mentira; que o valor do perdão seja uma
resposta e nunca uma vingança'”, prossegue a ABI, comunicando que, no
final da procissão, Evo Morales “apertou a mão do bispo auxiliar e
agradeceu pelas reflexões”.
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