Governos ocidentais foram alvo de críticas por parte do principal bispo egípcio a quem pediu para colaborar com o novo regime do país a fim de derrubar os extremistas responsáveis por uma onda de terrorismo direccionado a cerca de oitenta igrejas
Roma, 20 de Agosto de 2013
O Bispo copta-católico Kyrillos William de Assiut afirmou
que muitos cristãos, principalmente na região mais afectada da província
de Minya, no Alto Egipto, estão agora demasiado receosos de deixar as
suas casas depois do tumulto anti-cristão de 48 horas na semana passada,
levado a cabo por apoiantes do presidente deposto, Mohammed Mursi.
Foi o Bispo Copta-Católico Joannes Zakaria que descreveu como foi
“salvo” pela polícia, que impediu muçulmanos de incendiar a sua casa em
Luxor durante uma onda de violência que atingiu a comunidade cristã da
região – incluindo o bispo, sacerdotes, religiosas e leigos – e evitou
que abandonassem as suas casas.
Ao descrever como, desde o dia 13 de Agosto, quase 80 igrejas,
conventos, escolas administradas pela Igreja, clínicas e outros centos
foram atingidos, D. William criticou o Ocidente por não reconhecer a
dimensão dos ataques sem qualquer provocação a comunidades inocentes por
apoiantes Irmandade Muçulmana do Mursi.
Numa entrevista à Fundação AIS, D. William disse: “Os
Governos ocidentais falam dos direitos humanos; sim, estes grupos têm o
direito de se manifestar, mas não com armas. Os Governos ocidentais não
vêem a realidade do que se está a passar aqui.”
“Um grupo de terroristas usou armas contra nós. [Os Governos ocidentais] não deveriam apoiar isto.” E acrescentou: “[Os Irmãos Muçulmanos] pensam
que os Cristãos são a causa do afastamento de Mursi. Mas os Cristãos
não estavam sozinhos – 35 milhões de pessoas saíram para as ruas para se
manifestarem contra Mursi.”
“Os Cristãos estão a ser castigados. Nós somos o bode-expiatório.”
Salientou que, apesar de repetidos esforços – incluindo os dos
Governos da EU – para encorajar a Irmandade Muçulmana a dialogar, o
movimento islâmico respondeu com violência.
Simultaneamente, o Patriarca Copta Ibrahim Sidrak de Alexandria emitiu um comunicado declarando “o
nosso apoio livre, forte e consciente por todas as instituições do
Estado, particularmente às Forças Armadas e à Polícia, por todos os seus
esforços na protecção da nossa pátria.”
Ambos sublinharam que muitos muçulmanos estiveram lado a lado com os
cristãos a defender igrejas e outros edifícios coptas de ataques.
D. William afirmou: “O nosso povo é próximo dos Muçulmanos
moderados. Quando os fundamentalistas vieram em perseguição dos Cristãos
na parte antiga da cidade [de Assiut], os Muçulmanos afastaram-nos recorrendo às armas.”
“Noutras cidades, Cristãos e Muçulmanos vieram proteger as igrejas e aí ficaram durante todo o dia.”
Disse também que muitos Muçulmanos concordam com os Cristãos sobre a
necessidade de haver uma separação clara entre religião e Estado.
Muitos bispos sublinharam como os ataques da semana passada aconteceram repentinamente. D. William afirmou: “Esperávamos alguma reacção [por parte dos Irmãos Muçulmanos] mas não a este nível de brutalidade.”
Em Luxor, D. Joannes Zakaria afirmou à Fundação AIS como
no dia 16 de Agosto um protesto islâmico assumiu proporções
assustadoras quando os extremistas tentaram forçar a entrada na
residência do bispo e incendiá-la, mas as forças armadas intervieram “e salvaram-nos, graças a Deus.”
Disse que todas as igrejas estão agora fechadas e acrescentou: “Eu,
o bispo, os sacerdotes, as religiosas e os leigos não podemos
deslocar-nos. Ficamos em casa para evitar qualquer espécie de violência.”
O Bispo contou que tanto em Luxor como nas aldeias circundantes,
“algumas” igrejas e casas de cristãos foram incendiadas, e alguns
estabelecimentos comerciais pertencentes a cristãos foram destruídos.
Em Dabbiah, uma aldeia perto de Luxor, foram mortos cinco cristãos e um muçulmano.
Todos os bispos apelaram à oração.
Numa mensagem a Neville Kyrke-Smith, Director Nacional da AIS no Reino Unido, D. Zakaria afirmou: “Estamos
felizes por estamos a sofrer e a ser vítimas, a perder as nossas
igrejas, casas e a nossa subsistência para salvar o Egipto para os
Cristãos e os Muçulmanos."
“Precisamos da oração de todos para resolvermos os nossos
problemas. É o futuro das nossas crianças que nos preocupa, para que
bons Cristãos e Muçulmanos possam viver juntos.”
in
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