O chanceler da Pontifícia Academia das Ciências aborda a mensagem do papa sobre a centralidade evangélica dos pobres
Roma, 13 de Agosto de 2013
Dom Sánchez Sorondo, chanceler da Pontifícia Academia das
Ciências, ressaltou que o papa Francisco quer que os jovens “façam
bagunça” e que a Igreja se “envolva e saia da comodidade e do
clericalismo”.
O bispo deu uma conferência nos cursos de verão da Universidade
Católica de Valência “San Vicente Mártir”, no Seminário Monte Corbán, em
Santander, e afirmou: “O que o papa quer é que a Igreja se envolva e
saia para as ruas. Ao mesmo tempo, que ela também saia da mundanidade,
do acomodamento e do clericalismo”.
O prelado argentino disse ainda que “hoje vivemos um humanismo
financeiro em que a humanidade se suicida, há um grande culto ao
dinheiro, que exclui os idosos e os jovens. O papa quer mudar isto”.
Sorondo enfatiza que o santo padre quer que “o Evangelho seja vivido a
fundo (...) O Evangelho vivido a fundo é sempre um certo escândalo”. O
bispo recorda que o papa, com tantos sinais, “mudou a forma de ser bispo
de Roma” e muitos dos seus gestos causaram “escândalo positivo”. Algo
que o próprio santo padre disse recentemente na Jornada Mundial da
Juventude, no Rio, quando encorajou os jovens a “fazer bagunça, fazer
escândalo”, declarou.
O chanceler da Pontifícia Academia recordou que o papa quer que
“demos testemunho do Evangelho, algo que parece novo, mas que implica
voltar ao Evangelho ‘sem notas de rodapé’, como dizia São Francisco”.
Sorondo explicou ainda que a mensagem do papa Francisco é “ler as
bem-aventuranças e praticar Mateus, 25”, em referência à passagem do
Evangelho em que Cristo revela como julgará os homens: “O que fizerdes
com o menor dos meus irmãos, a mim o fareis”. Desta forma, é “mais que
uma nova doutrina: é uma nova prática”.
O bispo citou o filósofo e teólogo Søren Kierkegaard , “quando afirma
que é fácil explicar qual é a essência do cristianismo e que o difícil é
praticá-lo, porque a questão é fazer a caridade ao próximo, amar o
próximo como a si mesmo, e já é difícil amar a si mesmo; amar o próximo
também é difícil. Esta é a novidade”.
Ele falou ainda sobre um “problema de exercício”. Neste sentido,
matizou que “não é à toa que o papa é filho de Santo Inácio, que
inventou os exercícios [espirituais]”. “O que está nos faltando é o
exercício espiritual. A teoria nós sabemos, mas o exercício tem que ser
praticado”.
Quanto à viagem do papa à Jornada Mundial da Juventude, o prelado
destacou que ele voltou “muito contente” e “muito emocionado” do
encontro no Brasil, que reuniu mais de 3 milhões de jovens.
Dom Sánchez Sorondo destacou um momento muito emotivo para Francisco:
a visita a Nossa Senhora de Aparecida, “onde ele reafirmou a doutrina
que conserva muito viva”. “Lá ele ofereceu a Maria o seu pontificado,
chorou e pediu para não perder o dom da lágrima, que também é muito
típico de Santo Inácio".
Finalmente, o chanceler da Pontifica Academia das Ciências se mostrou
feliz com os sinais do papa Francisco e com as comparações entre ele e
João Paulo II, João XXIII e São Francisco. “Isto vai ser permanente,
porque, quando há um bom pároco, as pessoas o amam cada vez mais”. “Há
novas conversões. Por exemplo, em Buenos Aires, muitíssima gente vai se
confessar porque o papa fala da ternura de Deus e muita gente volta para
os sacramentos”.
in
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