No país que está prestes a aprovar a eutanásia pediátrica, a protagonista de um vídeo enviado ao rei poderia ter sido uma candidata perfeita para morrer
Roma, 07 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org) Ivan de Vargas
Actualmente, em Quebec, no Canadá, o governo está tentando
aprovar uma legislação sobre a eutanásia muito parecida com a que já
existe na Bélgica desde 2002. A Quebec Human Rights Commission já
recomenda, inclusive, que a eutanásia seja estendida também aos menores
de idade.
O interesse belga pela eutanásia e o alto índice de aprovação da
prática em todo o país permitiram a abordagem aberta de um assunto tão
espinhoso quanto o fim deliberado da vida de um menor (74% dos belgas
são favoráveis a permitir o acesso de menores à eutanásia, que, para
adultos, foi aprovada há mais de 10 anos; os dados vêm de uma pesquisa
recente publicada pelo jornal La Libre Belgique).
Por este motivo, uma menina canadense de 4 anos pediu ao rei dos
belgas que não sancione a lei que permitirá a eutanásia infantil no
país. "Em nome de todas as crianças do mundo, por favor, não assine a
lei", suplica a menor em um vídeo divulgado no dia 2 de Fevereiro pelo
doutor Paul Saba, psiquiatra de família e pai da protagonista da
gravação.
O psiquiatra pede ao monarca, no vídeo, que abrace a causa da vida.
Se a ampliação da lei for aprovada na Bélgica, explica Saba, existe um
sério perigo de que este precedente sirva para estender a eutanásia
pediátrica em todo o mundo. “Não podemos permitir que isto aconteça”,
afirma o médico.
A filha de Paul Saba nasceu em maio de 2009 com uma malformação
cardíaca severa: uma válvula completamente bloqueada e um ventrículo
pouco desenvolvido. Ela teria sobrevivido poucas horas ou dias se não
tivesse passado por uma série de intervenções cardíacas no Montreal's
Children's Hospital. Aos seis dias, sua válvula já estava desbloqueada
e, de forma gradual, o ventrículo pouco formado começou a se
desenvolver.
Se a menor tivesse nascido em um país onde a eutanásia infantil fosse
permitida, ela própria poderia ter sido uma forte candidata à morte.
A cada ano, oito milhões de crianças nascem com uma grave malformação
provocada por alguma alteração genética, de acordo com um relatório
apresentado pela Fundação March of Dimes, um organismo dedicado à
prevenção desse tipo de problema. Cerca de 6% de todos os recém-nascidos
sofrem de alguma malformação congénita. Muitos deles poderiam ser
vítimas dessa prática desumana.
O médico holandês Eduard Verhagen defende a tese de que alguns pais
podem optar pela eutanásia de bebês muito doentes em vez de abortá-los.
Verhagen é director de pediatria da Universidade de Groningen, mas é mais
conhecido na Europa por ter abraçado a bandeira da eutanásia neonatal
como último método para pôr fim ao sofrimento infantil.
Médico e advogado, ele é autor do Protocolo de Groningen, o guia
usado pelos médicos da Holanda para decidir em que casos deve ser
aplicada a eutanásia pediátrica.
(07 de Fevereiro de 2014) © Innovative Media Inc.
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