Comunidade de Santo Egídio lança proposta em favor da paz
Roma, 20 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García
Um “pacto” entre as religiões e a diplomacia a fim de
erradicar a violência e construir a paz no mundo: esta foi a proposta do
presidente da Comunidade de Santo Egídio, Marco Impagliazzo, e de Jerry
White, diplomata do Departamento de Estado norte-americano e líder da
campanha internacional contra as minas antipessoais, que recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1997. A iniciativa foi lançada durante o
congresso internacional "As religiões e a violência", realizado ontem e
organizado pela comunidade de Santo Egídio.
Participaram do encontro personalidades religiosas, políticas e do
mundo diplomático procedentes da Europa, da Ásia, da África e do Oriente
Médio.
O congresso começou com a seguinte consideração do cardeal Kasper,
presidente emérito do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos:
"Nos últimos anos, a violência religiosa aumentou de forma
impressionante". E isto vem acontecendo porque "os seguidores de todas
as religiões, incluídos os cristãos, ou as pessoas e grupos que dizem
agir em nome de uma religião, foram ou são partidários da violência".
Diversos enfoques foram abordados. O derrubamento das Torres Gémeas
de Nova Iorque foi recordado pelo rabino chefe de Roma, Riccardo Di
Segni, como a imagem de uma "violência fantasiada de religiosidade,
quase como se as religiões fossem violentas por princípio". Logo a
seguir, participou Abdelfattah Mourou, vice-presidente do movimento
Ennahdha, vencedor das eleições na Tunísia e artífice da nova
constituição do país, um dos frutos mais maduros da primavera árabe. Ele
afirmou que a violência, inclusive entre países, "precede a religião" e
talvez tenha se servido dela; e é tarefa das religiões recuperar a
própria autonomia e contribuir para a construção da paz, alimentando a
cultura, os valores e a educação.
Do mesmo modo, Muhammad Khalid Massud, membro da Corte Suprema do
Paquistão, negou que a religião faça "parte da violência", mesmo que se
reconheça que ela "pode ser usada para justificar a violência". Deve-se
fazer o esforço de "esclarecer esta confusão", construindo-se uma "nova
teologia de apoio à cooperação entre os países em vez do domínio do um
sobre o outro".
Impagliazzo afirmou que, "para alcançar o objectivo da paz no mundo
pós-ideológico e globalizado em que vivemos, a diplomacia tradicional
precisa de novos instrumentos que afectam todas as dimensões da vida: a
religião em primeiro lugar, depois a política, a cultura, a luta pelo
desenvolvimento. Toda a sociedade civil deve se comprometer no esforço
para superar antigas diferenças, quando não verdadeiros conflitos, que
estão na origem das explosões de violência e de terrorismo que
ensanguentaram o mundo no início do terceiro milénio".
Por outro lado, Jerry White indicou que "a diplomacia tradicional
descobriu que as religiões podem contribuir com a construção de um
'ecossistema' de paz injectando ‘vírus de paz’ em um mundo infectado pela
‘epidemia da violência’”.
O teólogo catalão Armand Puig, da faculdade de teologia de Barcelona,
também manifestou o seu parecer: "A violência nunca pode ser
justificada. E é por isso que ela sempre precisa de justificativas. Já a
paz não precisa se justificar. Ela não tem que pedir permissão para
entrar nas avenidas da história".
Por sua vez, o libanês Samir Frangieh, intelectual e ex-parlamentar
em Beirute, declarou que, "mesmo em sua diversidade, as religiões têm
uma missão em comum: fazer os homens compreenderem que estão
‘condenados’ a trabalhar juntos para sobreviver, e que as relações de
uns com os outros não são uma opção a ser aceita ou rejeitada, e sim uma
necessidade a ser reconhecida".
(20 de Fevereiro de 2014) © Innovative Media Inc.
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