O Santo Padre faz novo apelo em favor da paz na Ucrânia e, na catequese, recorda que Deus faz festa quando pedimos perdão
Roma, 19 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García
Francisco fez mais um apelo, na audiência desta manhã, pelo
fim da violência que vem sacudindo a Ucrânia. "Acompanho com preocupação
o que está acontecendo nestes dias em Kiev. Asseguro a minha
proximidade ao povo ucraniano e rezo pelas vítimas da violência, pelas
suas famílias e pelos feridos. Convido todas as partes a cessar toda
acção violenta e a procurar a concórdia e a paz do país".
O conflito está estremecendo a Ucrânia desde meados de Novembro,
quando os cidadãos começaram a fazer protestos multitudinários contra a
decisão do governo de não assinar o Acordo de Associação com a União
Europeia. O país está dividido entre os favoráveis à aproximação com a
Europa Ocidental e aqueles que preferem manter vínculos mais estreitos
com a Rússia. O dia de ontem foi especialmente trágico: um confronto
entre manifestantes e policias deixou um saldo de 25 mortos e centenas
de feridos.
Durante os 20 minutos de percurso pela Praça de São Pedro a bordo do
papamóvel, antes da audiência, Francisco saudou e abençoou os mais de
20.000 peregrinos que chegaram de todo o mundo, dando especial atenção
às crianças. O forte vento que soprava na praça não impediu que o
entusiasmo, os vivas ao papa e as mostras de carinho esmorecessem
durante os minutos de contacto directo entre o pontífice e os fiéis. Por
outro lado, o mesmo vento deixou Francisco sem solidéu durante a
audiência.
O Santo Padre deu continuidade à série de catequeses sobre os
sacramentos: hoje o tema foi a confissão. No resumo da catequese,
Francisco disse: "A catequese de hoje se concentra no sacramento da
reconciliação. Este sacramento brota directamente do mistério pascal.
Jesus ressuscitado apareceu para os apóstolos e disse a eles: ‘Recebam o
Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados’.
Assim, o perdão dos pecados não é fruto do nosso esforço pessoal, mas um
presente, um dom do Espírito Santo, que nos purifica através da
misericórdia e da graça do Pai.
A confissão, que se realiza de forma pessoal e privada, não deve nos
levar a esquecer o seu carácter eclesial. É na comunidade cristã que o
Espírito Santo se faz presente, renova os corações no amor de Deus e une
todos os irmãos em um só coração, em Jesus Cristo. Por isso, não basta
pedir perdão ao Senhor interiormente: é necessário confessar com
humildade os próprios pecados perante o sacerdote, que é nosso irmão e
representa Deus e a Igreja. Pode ser muito bom para cada um, hoje,
pensar no seguinte: ‘há quanto tempo eu não me confesso?’. Cada um
responda para si. Pode lhe fazer bem.
O ministério da reconciliação é um genuíno tesouro, que, às vezes,
corremos o perigo de esquecer, por preguiça ou por vergonha, mas,
principalmente, por termos perdido o senso de pecado, que, no fundo, é a
perda do senso de Deus. Quando nos deixamos reconciliar por Jesus,
encontramos uma paz verdadeira".
Ao cumprimentar os peregrinos em diversos idiomas, o Santo Padre
disse ainda: “Convido todos vocês a recorrer com frequência ao
sacramento da penitencia, a se confessar e receber o abraço da infinita
misericórdia do Pai, que está nos esperando para nos dar um forte
abraço".
Depois de fazer o resumo da catequese em várias línguas, o papa
Francisco saudou de forma especial os jovens, os doentes e os
recém-casados, como já se tornou tradição nas audiências. "Que a Virgem
Maria ajude vocês, queridos jovens, a entender cada vez mais o valor do
sacrifício na sua formação humana e cristã; que ela os sustente,
queridos enfermos, na hora de enfrentar a dor e a doença com serenidade e
fortaleza; e que ela guie vocês, queridos recém-casados, para construir
a sua família sobre as bases sólidas da fidelidade à vontade de Deus".
Nesta manhã, antes da audiência, o Santo Padre também recebeu, na
Casa Santa Marta, 19 detidos acompanhados por dois capelães e duas
religiosas. Eles cumprem pena nas cadeias de Pisa e Pianosa. O
encontro, que não estava programado, durou cerca de quarenta e cinco
minutos, durante os quais Francisco conversou e abençoou os presos um
por um.
O grupo de detidos está participando de uma trajectória espiritual
guiada pelos capelães, que os acompanharam hoje à audiência geral com o
papa durante uma peregrinação a Roma. Eles participaram da missa nos
jardins vaticanos e, por volta das 9h da manhã, informado da sua
presença, o papa quis encontrá-los em particular antes da audiência
geral. "Foi um encontro belíssimo, comovente. O papa quis saudá-los e
abençoar um por um. Ele os encorajou muito, mostrou a sua grande
paternidade espiritual para com essas pessoas que estão profundamente
comprometidas em completar um percurso espiritual", declarou dom
Baldisseri, secretário do sínodo dos bispos, conforme informações do
jornal italiano Avvenire.
(19 de Fevereiro de 2014) © Innovative Media Inc.
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