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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

«Isto é Marcelino Pão e Vinho em versão africana»: deixam um menino aos carmelitas de Bangui

Além dos 2.000 refugiados no convento! 

O irmão Federico Trinchero, carmelita em Bangui – deixaram-lhes
um menino abandonado no convento... E 2.000 refugiados
Actualizado 24 de Fevereiro de 2014

OMPress

Desde que começou a guerra e destruição na República Centro-africana, mais de 2.000 pessoas hospedam-se no convento dos carmelitas descalços em Bangui, a capital.

O superior do convento, o missionário italiano Federico Trinchero partilha com os seus irmãos da ordem carmelita com estas pessoas, a maioria mulheres e crianças sem nada, estão ajudando-os a viver o Evangelho.

Aqui algumas das coisas que conta:
“Durante este tempo nasceu uma escola de emergência, graças à iniciativa dos professores católicos presentes entre os refugiados. O órgão encarregado de construir a escola queria fazê-la no campo de futebol. No final, a escola construiu-se no jardim das monjas, a poucos metros da nossa porta. Na jornada inaugural, sentado na presidência, brindaram-me as honras dignas de um director de colégio de uma popularíssima escola com aulas. Ainda, desgraçadamente, não há nem mesas nem cadeiras, e são quase 200 alunos. Apresentaram-me como Bwa Federico, baba ti adéplacés kwe ti Carmel, quer dizer, o padre Federico, pai de todos os refugiados do Carmelo”.

“Temos connosco Geoffroy, um menino de 12 anos, de Bossangoa, um povoado situado a 400 quilómetros ao norte de Bangui, que não tem irmãos, os seus pais morreram como consequência de uma granada e a sua casa foi queimada. Os soldados trouxeram-no para Bangui com um táxi-moto e o deixaram na porta do nosso convento sem muita explicação. Depois de lavá-lo, vesti-lo, alimentá-lo… Estamos tentando encontrar uma solução para o seu futuro. Entretanto, sem muita dificuldade, Geoffroy vai-se adaptando aos costumes e tradições do convento, talvez um pouco perdido pelo acolhimento de 12 jovens frades (na foto abaixo destas linhas), mas feliz de dormir num lugar seguro. Tudo isto parece como a versão africana de «Marcelino, pão e vinho»”. 

“Cada manhã no final da celebração eucarística na nossa Catedral de palmas e céu, levamos a reserva do Santíssimo desde o tabernáculo até o interior do convento. O Santíssimo, sem molestar-se, atravessa o nosso acampamento de refugiados num caleidoscópio de cores, odores, fumos e perfumes, barro e pó. E, enquanto faço esta procissão surrealista, no meu coração dou graças a Deus e a estas pessoas, que talvez não sabem que estão obrigando-nos a mim e aos meus irmãos a viver um pouco mais de próximo o Evangelho”.


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