Le Quoc Quan: "Na prisão rezo por todos". A Amnistia Internacional registou 75 dissidentes presos
Roma, 20 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org) Ivan de Vargas
O Tribunal de Recurso de Hanói confirmou na última
terça-feira (18) a condenação a 30 meses de prisão para o activista
católico Le Quoc Quan. Na leitura da sentença, os juízes decidiram que
não havia "nenhuma nova evidência" que provasse a inocência do advogado
de 43 anos, que deverá cumprir até o fim a sentença imposta em Outubro
de 2013.
Quan, além do mais, terá que pagar uma multa de 1.200 milhões de
dongs (€ 42.027 euros ou 56.834 dólares) por uma suposta fraude fiscal
cometida em 2001, como informou a organização dissidente Viet Tan.
O advogado de Le Quoc Quan reiterou perante os juízes a sua "total
inocência”. E acrescentou, dirigindo-se aos juízes que, “se querem
julgá-lo pelo seu activismo, não é preciso arrastá-lo ao tribunal por
sonegação de impostos".
Enquanto isso, o acusado disse em um breve comunicado que é "vítima de uma conspiração política".
O conhecido activista católico denunciou com frequência em seu blog as
deficiências do Vietname em direitos humanos, liberdade política e
religiosa.
"Na minha prisão, eu estou em paz e mantenho uma fé firme no futuro
no nosso povo. Penso em todos e rezo para que todo o mundo possa viver
tranquilamente e progredir (···). Sinto-me neste momento cheio de fé na
bondade, na caridade e na compaixão do homem, e com uma forte energia
para lutar incansavelmente contra a crueldade e o mal, e em favor do
desenvolvimento da consciência e do coração”, escreveu em uma mensagem
que conseguiu enviar aos seus seguidores no mês de Janeiro (31) por
motivo do ano novo lunar.
"O bem aumentará e o mal diminuirá. A democracia florescerá, a
ditadura diminuirá. As pessoas saberão como conhecer os seus objectivos e
realizá-los. Ninguém tem direito nem possibilidade de fazê-lo em seu
lugar”, acrescentou o activista dos direitos humanos.
Apenas publicada a primeira sentença, o diretor para Ásia do Human
Rights Watch (HRW), Brad Adams, disse que "o crime que parece ter
cometido Le Quoc Quan é converter-se em um crítico eficaz do governo
vietnamita”. “Quando o governo aceitará que a liberdade de expressão
inclui a liberdade de dizer pacificamente opiniões diversas das do
partido no poder?”
Além disso, o presidente do Comité para a Defesa dos Direitos Humanos
no Vietname, Vo Van Ai, denunciou recentemente que "enquanto Vietname
agrava a censura com novas leis e regulamentos, aumentam as repressões
policiais, as prisões, as intimidações e até mesmo as agressões sexuais
contra jovens blogueiros para assustá-los e impor-lhes o silêncio e a
auto-censura".
A Constituição vietnamita prevê a liberdade de expressão e de
imprensa, mas o governo se ampara no artigo 88 que criminaliza a
propaganda contra o Estado ou o Partido Comunista, a fim de perseguir os
críticos e dissidentes.
De acordo com o último relatório da Federação Internacional para os
Direitos Humanos (FIDH), pelo menos 32 blogueiros dissidentes estão
presos por publicar opiniões consideradas "subversivas" pelo Governo.
Por Repórteres Sem Fronteiras (RSF) Vietname se classifica no ranking
de número 172 de uma lista de 179 nações em seu nível de liberdade de
imprensa e qualifica o país asiático como a terceira maior prisão do
mundo para blogueiros depois da China e Irão.
Nos últimos anos, este país condenou a dezenas de activistas,
jornalistas e blogueiros por “ameaçar a segurança nacional”, embora
oficialmente o Governo insiste em que não persegue a ninguém por causa
das suas crenças políticas ou religiosas, mas sim aqueles que violam a
lei.
Amnistia Internacional estima que são 75 os dissidentes políticos
(blogueiros ou não) que permanecem em prisões vietnamitas, “alguns deles
em condições muito duras há anos”.
(Trad.TS)
(20 de Fevereiro de 2014) © Innovative Media Inc.
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