Consistório extraordinário de cardeais sobre a família aborda a questão dos divorciados que voltaram a se casar
Roma, 20 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García
O cardeal alemão Walter Kasper abriu o consistório
extraordinário sobre a família e, ao terminar a manhã de trabalhos do
colégio cardinalício, conversou sobre o seu discurso com alguns
jornalistas. ZENIT estava presente.
O papel da família como Igreja doméstica é muito importante na
situação actual, explicou o cardeal. Sobre os casos de divorciados
recasados, ele afirmou que "o discernimento é necessário porque as
situações são muito divergentes; não há uma regra geral porque, mesmo
entre os divorciados recasados, há situações muito diversas". Ele falou
também da sabedoria e da prudência, que são virtudes necessárias "para
discernir as coisas e situações concretas. Porque a pessoa é um ser
singular, com sua dignidade única".
Sobre a comunhão para os divorciados recasados, o cardeal disse não
ter a solução, mas agregou: “Expus alguns questionamentos para fazer os
bispos pensarem em sintonia com o papa, de maneira que seja o Santo
Padre quem decida. Não eu".
Kasper recordou que a tarefa do sínodo é chegar a um consenso
sabendo-se que a doutrina não pode ser mudada: "A questão é a aplicação
na situação concreta". Dando um exemplo dessas situações concretas, o
cardeal contou que, quando era bispo, um sacerdote lhe falou de uma
senhora, já mãe, que se tinha voltado a se casar. Ela tinha preparado a
filha para a primeira comunhão até melhor do que as outras mães, ainda
casadas regularmente. A dúvida era se a filha podia receber a comunhão e
a mãe não.
O cardeal repetiu que propôs perguntas para os cardeais pensarem
juntos. "Queremos reflectir. Precisamos de critérios. As situações são
muito diversificadas".
Kasper revelou que conversou previamente com Francisco: "O papa me
disse para fazer perguntas e ajudar a pensar, não para apresentar
soluções prontas". O purpurado alemão comentou que, tendo fé na Igreja,
podemos questionar: "Não é proibido ter dúvidas". E observou: "A
situação mudou muito em nossa sociedade ocidental e surgem novas
situações. Agora o sínodo tem que se fazer perguntas".
Descrevendo o ambiente do consistório, o cardeal Kasper falou de uma
atmosfera muito espontânea: "O papa abriu uma discussão, não decidiu a
priori. E agora ele deixa espaço para a discussão". Finalmente, o
purpurado enfatizou que não será uma decisão “democrática”, já que "a
Igreja não é uma democracia; é fruto de um processo sinodal, que é
diferente de uma democracia, porque, no final, quem decide é o papa".
(20 de Fevereiro de 2014) © Innovative Media Inc.
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