Entrevista ao novo cardeal de Manágua, Nicarágua
Roma, 24 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García
O arcebispo de Manágua, capital da Nicarágua, Leopoldo José
Brenes Solórzano, é, desde a manhã do último sábado (22), cardeal da
Igreja Católica. Após o Consistório e a imposição do barrete
cardinalício das mãos do santo padre Francisco, Brenes passou a ser
membro, juntamente com outros 18, do colégio cardinalício.
Durante a tradicional visita de cortesia, na Sala Paulo VI, ZENIT
conversou com alguns cardeais, entre eles o cardeal Brenes, para
comentar a sua vivência daquele dia, a sua relação com o Papa Francisco
desde que era cardeal Bergoglio e a sua impressão ao ver o Papa emérito
no Consistório deste sábado (22).
"Francisco é um homem de trabalho incansável, ele era o coordenador
da redacção do documento (Aparecida ndr.) e nos fazia trabalhar duro
porque passava por todas as salas. Às vezes não dormia para trabalhar.
Coincidentemente uma manhã eu estava entrando na capela, ele estava
saindo do salão de ato e lhe disse ‘eminência, chegou cedo’ e ele me
disse ‘não, na verdade estou saindo, vou tomar café’. Tinha passado a
noite inteira trabalhando. É um homem muito próximo”, lembra o cardeal.
Também nos conta como nestes dias de trabalho durante o Consistório
extraordinário sobre a família “deu-nos um exemplo de verdadeira
humildade. Ele veio connosco da casa Santa Marta até aqui”. O cardeal
acredita que Francisco “é um homem que está marcando uma época para nós,
os bispos. Antes falava-se dos cardeais como os príncipes da Igreja,
hoje o Santo Padre disse, vocês devem ser pastores que vão na frente das
ovelhas, no meio e atrás”. Com relação a esta ideia, o cardeal de
Manágua conta que disse ao Papa que ele gosta de ser um pastor que vai
no meio, “porque quando a pessoa vai no meio, vai compartilhando com as
pessoas toda a experiência”, e brincando acrescenta que “como as pessoas
trazem comida, refrigerante, doces, aí também o pastor aproveita para
comer bem e ir bem acompanhado”, o que fez o Papa sorrir.
Sobre a experiência que viveu no último sábado, o novo cardeal afirma
que é “uma experiência muito bonita. Agradeço ao Senhor. Não esperava
ser nomeado cardeal porque já temos um em Nicarágua. Contudo, o Senhor
olhou para a minha pessoa. O Santo Padre foi inspirado pelo Espírito e
aqui estamos, como costumo dizer, para trabalhar duro nesta nova
evangelização e ir fazendo da Igreja que peregrina na América Latina e
no mundo hoje, uma Igreja que viva em estado permanente de missão”.
Quando perguntado sobre a situação actual do seu país e dos principais
desafios que estão vivendo, o cardeal Brenes explicou que “estamos
trabalhando com a juventude, com as crianças, mas também estamos
motivando para que em cada paróquia tenhamos equipes de animação
missionária a partir de uma animação bíblica. Hoje todas as nossas
dioceses vivem esse estado permanente de missão, dizendo e fazendo o que
Aparecida nos estava motivando a fazer da Igreja, uma Igreja de
discípulos e missionários de Jesus Cristo”. O cardeal nos recorda que
recentemente celebraram os cem anos da província eclesiástica,
arquidiocese de Manágua, e que o trabalho que fizeram está dentro da
evangelização.
Com emoção nos fala também do encontro surpresa da manhã do sábado no
consistório com o Papa emérito Bento XVI. "Quando o vi fiquei
assustado”. O cardeal de Manágua conta que ele foi nomeado arcebispo no
dia primeiro de Abril de 2005, quando o santo padre João Paulo II estava
praticamente em agonia, à beira da morte. Então Bento XVI já como novo
Papa o convidou a vir a Roma para receber a imposição do pálio de
arcebispo no dia 29 de Julho. “Tive muito carinho por ele e também sei
que ele tinha muita proximidade comigo. Em 2007 vim falar com ele e os
secretários me disseram: 'tem 15 minutos, portanto, fale 8 e deixe
outros 7 ao Papa'. Porém, quando estava no escritório falamos 35
minutos, em um ambiente muito bonito”. Dessa forma, nos disse que nesta
manhã quando foi cumprimenta-lo disse-lhe: “lembra que você me colocou o
pálio?” e lhe respondeu: “sim, ali, há nove anos”. O papa emérito o
parabenizou por este novo desafio e lhe prometeu a sua oração, sua
proximidade e também lhe pediu que ore com ele. “O santo padre Bento foi
para mim um homem muito próximo”.
(Trad.TS)
(24 de Fevereiro de 2014) © Innovative Media Inc.
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