Emitem-no num congresso de pastores pentecostais no Texas
Momento em que a imagem do Papa aparece no ecrã perante os pastores pentecostais reunidos no Texas |
Actualizado 22 de Fevereiro de 2014
P. J. Ginés/ReL
Aqueles pastores pentecostais e protestantes carismáticos reunidos numa convenção no Texas (não especialmente diferente de muitas outras similares) não saíam do seu assombro: o Papa tinha-lhes mandado um vídeo caseiro para pedir-lhes oração e animá-los a orar e chorar juntos pela unidade dos cristãos.
No passado dia 14 de Janeiro o Papa Francisco recebeu num encontro privado um amigo seu, o pastor anglo-carismático Tony Palmer, provavelmente acompanhado da sua esposa, Emiliana, que é italiana. Anthony Palmer é inglês e líder de uma comunidade protestante de estilo carismático e liturgia anglicana chamada The Ark Community (TheArkcommunity.org), integrada numa aliança de congregações de estilo carismático e anglicano chamada em inglês CEEC (Comunhão de Igrejas Episcopais Evangélicas, www.theceec.org), uma realidade que não está integrada na Comunhão Anglicana encabeçada pelo Arcebispo de Canterbury.
O pastor Palmer (que usa o título de “bispo” em alguns ambientes, ainda que significa coisas diferentes nos grupos pentecostais que em grupos anglicanos) já levava em mente a possibilidade de gravar uma mensagem do Papa mas na realidade a iniciativa saiu do próprio Pontífice, o qual conhecia pelo menos desde 2006, da Argentina.
Palmer explicou-o assim aos pastores pentecostais: "Disse-lhe, quer escrever uma mensagem? Ele disse-me: "Porque não me gravas em vídeo?”. Eu tinha a ideia na cabeça. Levava o meu iPhone, levo-o sempre comigo. Tinha a ideia de pedi-lo, mas não queria abusar da nossa amizade”.
E assim surgiu gravar in situ, num telemóvel, um vídeo para emitir num encontro de pastores pentecostais que ia ter lugar semanas depois no Texas, organizado pelo ministério evangélico de Kenneth e Gloria Copeland (www.kcm.org).
P. J. Ginés/ReL
Aqueles pastores pentecostais e protestantes carismáticos reunidos numa convenção no Texas (não especialmente diferente de muitas outras similares) não saíam do seu assombro: o Papa tinha-lhes mandado um vídeo caseiro para pedir-lhes oração e animá-los a orar e chorar juntos pela unidade dos cristãos.
No passado dia 14 de Janeiro o Papa Francisco recebeu num encontro privado um amigo seu, o pastor anglo-carismático Tony Palmer, provavelmente acompanhado da sua esposa, Emiliana, que é italiana. Anthony Palmer é inglês e líder de uma comunidade protestante de estilo carismático e liturgia anglicana chamada The Ark Community (TheArkcommunity.org), integrada numa aliança de congregações de estilo carismático e anglicano chamada em inglês CEEC (Comunhão de Igrejas Episcopais Evangélicas, www.theceec.org), uma realidade que não está integrada na Comunhão Anglicana encabeçada pelo Arcebispo de Canterbury.
O pastor Palmer (que usa o título de “bispo” em alguns ambientes, ainda que significa coisas diferentes nos grupos pentecostais que em grupos anglicanos) já levava em mente a possibilidade de gravar uma mensagem do Papa mas na realidade a iniciativa saiu do próprio Pontífice, o qual conhecia pelo menos desde 2006, da Argentina.
Palmer explicou-o assim aos pastores pentecostais: "Disse-lhe, quer escrever uma mensagem? Ele disse-me: "Porque não me gravas em vídeo?”. Eu tinha a ideia na cabeça. Levava o meu iPhone, levo-o sempre comigo. Tinha a ideia de pedi-lo, mas não queria abusar da nossa amizade”.
E assim surgiu gravar in situ, num telemóvel, um vídeo para emitir num encontro de pastores pentecostais que ia ter lugar semanas depois no Texas, organizado pelo ministério evangélico de Kenneth e Gloria Copeland (www.kcm.org).
Nesse encontro, Palmer leu perante os pastores pentecostais o chamado bíblico de Jesus à unidade: “Que todos sejam um”.
Momento
em que Tony Palmer recorda o chamado de Jesus Cristo: "que todos sejam um"; o vídeo completo desse encontro pode ver-se em inglês aqui no Youtube |
Palmer disse aos pastores que para pregar a salvação é necessária a unidade dos cristãos e que desde a Declaração Conjunta Católico-Luterana de 1999 sobre a Doutrina da Justificação (aqui em Vatican.va) já não há razões para a divisão.
Leu a declaração: “somente pela graça, na obra salvadora de Cristo e não por mérito algum da nossa parte, somos aceites por Deus e recebemos o Espírito Santo, que renova os nossos corações equipando-nos e chamando-nos para as boas obras”. Em vez de “sola fide” do dogma luterano habitual, encontrou-se terreno comum no “sola gratia”, em vez de “só a fé nos salva” é “só por Graça, não por mérito nosso”.
Palmer, vestido de negro e com colarinho clerical, proclamou então: “Já não estamos protestando contra a doutrina de salvação da Igreja Católica; agora pregamos o mesmo evangelho”. E de seguida, Palmer pôs o vídeo do Papa.
Um vídeo para a história do ecumenismoLeu a declaração: “somente pela graça, na obra salvadora de Cristo e não por mérito algum da nossa parte, somos aceites por Deus e recebemos o Espírito Santo, que renova os nossos corações equipando-nos e chamando-nos para as boas obras”. Em vez de “sola fide” do dogma luterano habitual, encontrou-se terreno comum no “sola gratia”, em vez de “só a fé nos salva” é “só por Graça, não por mérito nosso”.
Palmer, vestido de negro e com colarinho clerical, proclamou então: “Já não estamos protestando contra a doutrina de salvação da Igreja Católica; agora pregamos o mesmo evangelho”. E de seguida, Palmer pôs o vídeo do Papa.
É um vídeo histórico por duas razões:
- O Papa Francisco usa o inglês, ainda que seja só um pouco no princípio, coisa que não tinha feito antes.
- Nunca antes um Papa tinha enviado uma mensagem num vídeo a uma assembleia de pastores pentecostais… E menos improvisado com um telemóvel.
O texto completo do Papa aos pentecostais
Estas foram as palavras do Papa
[Fala em inglês]
Queridos irmãos e irmã: Perdoai que vos fale em italiano mas tampouco vou falar em inglês, nem em italiano, vou fazê-lo desde o coração…
[Fala em italiano]
É uma língua mais simples e mais autêntica e esta língua do coração tem uma gramática especial. Uma gramática simples. Duas regras: Ama a Deus sobre todas as coisas e ama o próximo porque é teu irmão, é tua irmã. E com estas duas coisas vamos em frente.
Estou aqui com o meu irmão, meu irmão bispo Tony Palmer. Somos amigos desde há anos. Ele falou-me do vosso Encontro e é um prazer poder saudar-vos. Uma saudação feliz e nostálgica.
Feliz porque me alegra que vos reunais para louvar a Jesus Cristo, o único Senhor, orar ao Pai e receber o Espírito. Isto produz alegria porque se vê que Deus trabalha em todo o mundo.
E nostálgico pelo que ocorre no nosso bairro. Nos bairros há famílias que se querem e famílias que não se querem. Famílias que se unem e famílias que se separam e nós estamos um pouco, permito-me a palavra, “separados”. Separados porque o pecado nos separou. O nosso pecado. Os mal-entendidos através da história… Um caminho longo de pecado comum.
Nas, quem tem a culpa? Todos temos a culpa! Todos somos pecadores, eh? Só há um justo: o Senhor.
Sinto desejo de que esta separação termine e nos chegue a comunhão. Sinto nostalgia por poder abraçar-vos com o abraço de que nos falam as Sagradas Escrituras quando os irmãos de José tem fome e vão ao Egipto comprar para comer. Iam comprar, tinham o dinheiro mas não podiam comer o dinheiro!
E ali encontraram uma coisa mais importante que a comida. Encontraram o irmão.
Todos nós temos dinheiro: o dinheiro da nossa cultura, o dinheiro da nossa história… Tanta riqueza religiosa e tantas diferentes tradições… Mas devemos reencontrar-nos como irmãos e devemos chorar juntos como fez José. Com esse choro que une. O choro do amor.
Falo-vos como irmão, eh? E falo-vos assim, com simplicidade: com alegria e nostalgia. Façamos que cresça a nostalgia porque isto nos animará a encontrar-nos, a abraçar-nos e a louvar Jesus Cristo como único Senhor da História.
Agradeço-vos tanto que me escuteis. Agradeço-vos tanto que me deixei falar na língua do coração… E também quero pedir-vos um favor. Rezai por mim porque necessito tanto da vossa oração… Eu rezo por vós e continuarei fazendo-o, mas necessito das vossas orações. E peçamos ao Senhor que nos una a todos.
E em frente, somos irmãos. Demo-nos espiritualmente este abraço e deixemos que o Senhor termine a obra que começou. Porque isto é um milagre: o milagre da Unidade já começou.
Disse um famoso escritor italiano, Manzoni, numa das suas obras, através de um homem simples: “Nunca vi que o Senhor tenha começado um milagre sem terminá-lo por completo”. Ele terminará por completo este milagre da Unidade. Peço-vos que me bendizais e eu os bendigo. De irmão a irmão. Um abraço. Obrigada.”
Considera-se que o pentecostalismo nasceu em 1906 num grupo de oração da rua Azusa de Los Angeles dirigido pelo reverendo negro James Seymour (que em criança tinha sido baptizado católico), estendendo-se logo nas igrejas protestantes (carismáticos) e em âmbitos católicos como a Renovação Carismática. Tem em comum um estilo de oração e de devoção bíblica. Todas as suas variantes somam uns 600 milhões de pessoas, sobretudo no Terceiro Mundo. Uns 60 milhões deles são católicos carismáticos, que seguem a doutrina católica.
Leia também: "Os pentecostais não são seitas, crescem porque acolhem formam e dão experiência de Deu"
Estas foram as palavras do Papa
[Fala em inglês]
Queridos irmãos e irmã: Perdoai que vos fale em italiano mas tampouco vou falar em inglês, nem em italiano, vou fazê-lo desde o coração…
[Fala em italiano]
É uma língua mais simples e mais autêntica e esta língua do coração tem uma gramática especial. Uma gramática simples. Duas regras: Ama a Deus sobre todas as coisas e ama o próximo porque é teu irmão, é tua irmã. E com estas duas coisas vamos em frente.
Estou aqui com o meu irmão, meu irmão bispo Tony Palmer. Somos amigos desde há anos. Ele falou-me do vosso Encontro e é um prazer poder saudar-vos. Uma saudação feliz e nostálgica.
Feliz porque me alegra que vos reunais para louvar a Jesus Cristo, o único Senhor, orar ao Pai e receber o Espírito. Isto produz alegria porque se vê que Deus trabalha em todo o mundo.
E nostálgico pelo que ocorre no nosso bairro. Nos bairros há famílias que se querem e famílias que não se querem. Famílias que se unem e famílias que se separam e nós estamos um pouco, permito-me a palavra, “separados”. Separados porque o pecado nos separou. O nosso pecado. Os mal-entendidos através da história… Um caminho longo de pecado comum.
Nas, quem tem a culpa? Todos temos a culpa! Todos somos pecadores, eh? Só há um justo: o Senhor.
Sinto desejo de que esta separação termine e nos chegue a comunhão. Sinto nostalgia por poder abraçar-vos com o abraço de que nos falam as Sagradas Escrituras quando os irmãos de José tem fome e vão ao Egipto comprar para comer. Iam comprar, tinham o dinheiro mas não podiam comer o dinheiro!
E ali encontraram uma coisa mais importante que a comida. Encontraram o irmão.
Todos nós temos dinheiro: o dinheiro da nossa cultura, o dinheiro da nossa história… Tanta riqueza religiosa e tantas diferentes tradições… Mas devemos reencontrar-nos como irmãos e devemos chorar juntos como fez José. Com esse choro que une. O choro do amor.
Falo-vos como irmão, eh? E falo-vos assim, com simplicidade: com alegria e nostalgia. Façamos que cresça a nostalgia porque isto nos animará a encontrar-nos, a abraçar-nos e a louvar Jesus Cristo como único Senhor da História.
Agradeço-vos tanto que me escuteis. Agradeço-vos tanto que me deixei falar na língua do coração… E também quero pedir-vos um favor. Rezai por mim porque necessito tanto da vossa oração… Eu rezo por vós e continuarei fazendo-o, mas necessito das vossas orações. E peçamos ao Senhor que nos una a todos.
E em frente, somos irmãos. Demo-nos espiritualmente este abraço e deixemos que o Senhor termine a obra que começou. Porque isto é um milagre: o milagre da Unidade já começou.
Disse um famoso escritor italiano, Manzoni, numa das suas obras, através de um homem simples: “Nunca vi que o Senhor tenha começado um milagre sem terminá-lo por completo”. Ele terminará por completo este milagre da Unidade. Peço-vos que me bendizais e eu os bendigo. De irmão a irmão. Um abraço. Obrigada.”
Considera-se que o pentecostalismo nasceu em 1906 num grupo de oração da rua Azusa de Los Angeles dirigido pelo reverendo negro James Seymour (que em criança tinha sido baptizado católico), estendendo-se logo nas igrejas protestantes (carismáticos) e em âmbitos católicos como a Renovação Carismática. Tem em comum um estilo de oração e de devoção bíblica. Todas as suas variantes somam uns 600 milhões de pessoas, sobretudo no Terceiro Mundo. Uns 60 milhões deles são católicos carismáticos, que seguem a doutrina católica.
Leia também: "Os pentecostais não são seitas, crescem porque acolhem formam e dão experiência de Deu"
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