Padre Paul Check relata como nasceu o apostolado "Courage", voltado para aqueles que mostram atracção para pessoas do mesmo sexo
Paris, 20 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org) Ann Schneible
The Courage é um apostolado que atende às necessidades das
pessoas atraídas pelo mesmo sexo, que se sentem excluídas da Igreja e
que querem encontrar a sua unidade além do rótulo de homossexuais.
Nascido nos EUA, onde está presente em metade das dioceses, o
projeto então, se espalhou em outros doze países, sempre com o objetivo
de ajudar aqueles que têm tendências homossexuais, a viver em castidade,
em um espírito de amor e de verdade.
Para conhecer a realidade do The Courage, ZENIT entrevistou o Pe.
Paul Check, que tornou-se diretor do projeto após a morte do seu
fundador, padre John Harvey.
Acompanhe a seguir:
***
ZENIT: Padre Paul, gostaria de nos contar brevemente a história do apostolado The Courage?
Padre Check: Em 1980, o futuro Cardeal Arcebispo de Nova York,
Terence Cooke, teve a ideia de criar um apostolado que se preocupasse
pelas pessoas necessitadas da proteção materna da Igreja e da sua
caridade pastoral, pessoas que se sentissem estranhas à Igreja ou que
até mesmo a odiassem. O cardeal pediu, portanto, ao padre Benedict
Groeschel para ajudá-lo em um novo apostolado destinado a homens e
mulheres com tendências homossexuais, para que compreendessem o amor de
Cristo por ele, o seu papel reservado na Igreja, a sua chamada a uma
vida de castidade, e as graças que Deus lhes teria concedido caso se
abrissem a Ele.
Padre Groeschel conhecia um sacerdote que há muitos anos estudava
questões relacionadas à homossexualidade, um verdadeiro pioneiro neste
campo: padre John Harvey, um oblato de São Francisco de Sales.
Em 1980, sete homens se reuniram em Manhattan, sob a orientação do
padre Harvey e formularam os cinco objetivos de Courage: castidade,
oração e dom de si, amizade em Cristo, necessidade de amizades castas e
disseminação do bom exemplo.
Além de formar esses grupos de apoio, The Courage oferece treinamento
para sacerdotes e seminaristas, ajudando-os a compreender o seu desafio
na compreensão da complexidade da homossexualidade e ajudar, por sua
vez, homens e mulheres com essa inclinação.
ZENIT: Como pode ser definido e compreendido a atração pelo próprio sexo? E como eles podem definir-se, as pessoas homossexuais?
Padre Check: Esta questão realmente vai ao coração do nosso trabalho.
A linguagem é muito importante, porque as palavras evocam imagens,
idéias e problemas, por vezes profundamente enraizados. Há, de fato,
muita sensibilidade sobre a linguagem, dá-se muito peso às palavras.
Procuro aproximar-me com muito cuidado da questão da identidade, a
partir de duas perspectivas, assim como o faz a Igreja, seguindo o
exemplo de Cristo. No Evangelho, o Senhor compromete as pessoas de duas
formas: a primeira é no ensinamento em grupo, como ocorre, por exemplo,
no Sermão da Montanha. Ao mesmo tempo, porém, Nosso Senhor envolve as
pessoas individualmente, encontra as almas individualmente e
apresenta-lhes a Boa Nova de forma muito precisa, clara e íntima, para
orientá-los a um conhecimento mais profundo de si mesmos.
Isso é um desafio, porque a Igreja quer transmitir a sua mensagem mas também encontrar pessoalmente as mulheres e os homens.
Devemos ter em mente que a identidade real e aquela percebida podem não coincidir.
A sua pergunta exige uma longa premissa que espero que possa ajudar,
de modo que aquilo que estou para dizer não pareça insensível ou
ignorante da realidade vivida. Jamais podemos dizer: “a sua experiência
de si mesmo não é válida", como se nós soubéssemos mais daquela pessoa
do que ela dela mesma.
Portanto, o vocabulário da Igreja foi escolhido com muito cuidado e,
ao longo dos anos, tornou-se sempre mais e mais preciso. Ao dizer isso,
quero dizer que a Igreja é muito cuidadosa para medir todos os aspectos
da experiência humana, de acordo com a sua importância e para dar às
coisas o seu peso adequado.
A Igreja evita rotular uma pessoa com base em sua orientação sexual,
sem subestimá-la por isso ou sem ser insensível ao conceito que cada um
tem de si mesmo. Eu acho que seja interessante notar que a questão mais
importante da história da humanidade seja a da identidade. Jesus,
afinal, perguntou aos apóstolos: "Quem dizem que eu sou?".
Quando a Igreja fala de homossexualidade, fala no mais amplo contexto
da castidade. A castidade é uma virtude que neutraliza as falsas
aspirações, regulando o apetite sexual de acordo com a recta razão e o projecto de Deus para a natureza humana. Um coração casto é um coração em
paz, que dá tudo de si mesmo, de acordo com o seu estado de vida, e de
acordo com esse dom de si, encontra a sua realização. Um dos maiores
desafios que a Igreja está enfrentando hoje é o de propor a castidade
como parte da “boa nova”, mas Jesus o fez e também nós o podemos fazer.
Portanto, a Igreja presta muita atenção em quem é realmente cada um
de nós , não apenas como uma pessoa com tendências homossexuais, mas
como um filho de Deus, redimido pelo Sangue Precioso de Cristo e chamado
à graça nesta vida e à glória na vida futura. A Igreja diz: as atrações
para com seu próprio sexo podem ser um aspecto importante da sua
experiência de vida ou até mesmo da sua auto-compreensão, porém procura
não ver-lhe somente através da lente da homossexualidade.
A Igreja fala com atenção e amor quando fala da tendência ou atração
homossexual, em vez de usar substantivos como "homossexual", "lésbica"
ou "gay".
(Tradução Thácio Siqueira)
(20 de Fevereiro de 2014) © Innovative Media Inc.
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