No Facebook, Twitter e Google+ o hashtag #prayforVenezuela e #prayforUcrania tornou-se em ponto de encontro
Roma, 27 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org) Jorge Henrique Mújica
Não passou despercebido um traço aparentemente periférico
que nas manifestações da Ucrânia e Venezuela acabou por ser
característica importante: a dimensão cristã que tem acompanhado os
acontecimentos. Com isso não nos referimos à motivações religiosas como
motor das reivindicações ou das denúncias ante governos totalitários;
nos referimos antes de mais nada ao aspecto religioso cristão como
elemento de coesão tanto das multidões que enchem as ruas como daqueles
que se juntam a elas por meio das redes sociais.
No Facebook, Twitter e Google+ o hashtag (etiqueta comum que
facilita acompanhar conversas em torno de um tema específico)
#prayforUcrania e #prayforVenezuela acabou por se tornar um ponto de
encontro para aqueles que querem conhecer em tempo real o que está
acontecendo em ambos países ou para aqueles que desejam solidarizar-se
com a causa. Tanto usaram o hashtag milhões de usuários comuns como
estrelas do espectáculo e do desporto: de Paulina Rubio a Juanes, passando
por Paris Hilton, Ricardo Montaner, Ricky Martin, Alejandro Sanz ou
Rihanna.
Obviamente, o “pray” ao qual se refere (“reza”, em espanhol) supõe
pelo menos uma remota valorização da oração e, nesse sentido, está
relacionado com Deus que é o destinatário final das orações. Mas o que
acontece nas redes sociais não é um mero fenómeno que se reduz às
fronteiras do digital.
As numerosas fotografias de sacerdotes ortodoxos e católicos entre a
polícia e manifestantes, tentando oferecer a ambos atenção espiritual,
foi uma constante nas manifestações da Ucrânia. Não poucas dessas fotos
se transformaram em verdadeiros conteúdos virais que possibilitaram
conhecer esse rosto, muitas vezes oculto, de entrega, do clero, em
tantas ocasiões maltratado pela imprensa no geral. Alguns
correspondentes da media internacional comentavam desde o Twitter a
surpresa que era ver tantos elementos de fé nas manifestações dos
cidadãos comuns (imagens da Virgem Maria nos estrados, crucifixos e
ícones como bandeira que clama justiça, etc.) até chegar a dizer: “isso
parece mais uma vigília de oração do que uma manifestação política”.
Na Venezuela os eventos não foram muito diferentes: jovens estudantes
nas ruas carregam terços e pedem para a Igreja católica mediar o
conflito entre cidadãos e governo. O assassinato e os espancamentos por
soldados e policiais pró-chavistas a alguns sacerdotes tiveram como
efeito a maior união do povo com a Igreja que é também atacada em seus
ministros de culto.
É verdade que esses elementos também podem ser usados para interesses
mesquinhos e até mesmo prostituí-los em seu sentido. Mas, mantendo-os
em um plano meramente fenomenológico-sociológico não parece apressado
ver em tudo isso a capacidade unificadora e de identidade que o
cristianismo favorece ainda hoje, em meio a sociedades tão divididas
ideologicamente. E isso leva a colocar os olhos no aspecto de
transcendência que está por detrás: depois de tudo, apelar a simbologias
como as referidas e amparar-se no poder da oração supõem uma
perspectiva horizontal, da terra ao céu, que, em definitiva, traz
consigo reconhecer a necessidade de Deus, da sua capacidade de
intervenção para o bem no mundo e assim como porta de esperança...
Também na era das redes sociais.
* O autor é analista da Agência de Notícias ZENIT para questões
relacionadas a internet e fé, comunicação institucional e jornalismo
religioso.
(Trad.TS)
(27 de Fevereiro de 2014) © Innovative Media Inc.
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