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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

«Francisco redige pessoalmente um bom número de tweet’s», afirma o pai espanhol da ideia

Actualizado 16 de Fevereiro de 2014

Juan Giles / Abc 

Gustavo Entrala com Bento XVI
no histórico momento do primeiro
tweet pontifício.
No próximo dia 20 de Fevereiro visitará Valladolid Gustavo Entrala, da agência Cientuno Comunicación, um dos artífices de que o Papa Bento XVI se unisse à rede social Twitter com o nick de @Pontifex, que aproximam o que sucede na Santa Sé em diversos idiomas. Com a chegada do Papa Francisco ao Vaticano, todas elas continuam activas e converteram-se na mais seguida da rede. Um exemplo são os quase cinco milhões que seguem a conta em espanhol.

- Como surgiu a possibilidade de fazer uma conta de twitter ao Papa?
- Todo começou em meados do ano 2009 quando um amigo me enviou uma carta de Bento XVI na qual o anterior Papa falava da falta de comunicação que havia na Igreja, todo por um problema que tinha surgido com as declarações de um bispo numa televisão. Na carta o Papa lamentava-se de não ter investigado antes na internet para ter conhecimento disso. Depois de conhecer esta informação decidi enviar uma carta ao Vaticano, ainda que sem nenhuma esperança de que se passasse nada. A surpresa foi que aos cinco ou seis meses recebi uma chamada de Itália e era o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, que nos convidava a dar uma acção de formação ou estratégia para a cúria romana sobre a comunicação nos dias de hoje.

- Que se passou naquela conferência?
- Nesse momento desconhecíamos como se comunicava a Igreja, assim que lhes falámos sobre a relação das instituições com os medias, também interessados em casos de crises por Internet. É importante transmitir que a mensagem da igreja é positiva, ainda que sim que é certo que as pessoas quando se cruzam com um padre o primeiro em que pensam é em temas como o matrimónio gay.

- Custou-lhes convencê-los do seu projecto?
- A verdade é que quando demos a conferência surpreendeu-nos a idade média dos sacerdotes, que oscilava entre os 35 e 50 anos, e os conhecimentos tecnológicos que tinham. O problema era que tinham freios, assim que o nosso papel era o de ajudar com a visão do utilizador que não vem da própria igreja.

- Que se passou depois?

- Meses depois voltaram a chamar-nos e disseram que nessa acção tinha surgido criar um portal de comunicação que aglutinasse todas as notícias que gerasse a Santa Sé e como agência vimos que era importante que tudo fosse com um estilo mais moderno. Nesse portal começámos a incluir o canal de Flickair, Twitter, Youtube... De facto até redesenhámos o selo papal. Outra opção que vimos foi que tudo o que faz ou disse o Papa filma-se, o que nos permitiu desenvolver um canal de streaming.

«A Igreja tinha vontade de participar no intercâmbio que permitem as redes sociais»

- Foi difícil dar um passo assim num lugar tão tradicional como a igreja?
- Num processo como este sempre nos encontramos com que o cliente, independentemente do a que se dedique, tem medo de dialogar e de estar nas redes sociais. Sem dúvida, na Igreja havia vontade de participar nesse intercâmbio, estava interessada em participar em redes sociais como Facebook, ainda que sempre cumprindo umas regras muito básicas.

- Como foi o momento do primeiro tweet do Papa Bento XVI?
- Dentro do nosso projecto digital o que procurávamos era implicar os altos cargos, de facto chegamos-lhes a oferecer camisetas com o logo de news.va para que se comprometessem mais e assim surgiu a possibilidade de que fosse o próprio Papa quem apresentasse o portal. Um dos temas que nos preocupava era o de que não aparecesse Bento XVI com uma torre de computador, já que ia parecer uma imagem antiga, pelo que recorremos a um tablet, ainda que era importante para a igreja que não aparecesse nenhuma marca. Assim chegou o histórico momento no qual o Papa premiu o botão e publicou o seu primeiro tweet.

- Levou contas de outros personagens famosos como Nicole Kidman.
Alguma se aproxima do impacto da do Papa?

- O Papa é um dos personagens mais globais. É difícil aproximar-se ao seu nível de chegada... Temos feito uma campanha para os Objectivos do Milénio da ONU que todavia se está implantando em todo o mundo. É uma sondagem mundial para que os cidadãos indiquem por onde deveriam ir os próximos objectivos das Nações Unidas. Temos feito a campanha global de algumas marcas como J&B e Tanqueray. E em Espanha temos feito coisas com um impacto tremendo...

- Como se viveu a mudança de Papa?

- Afortunadamente a Santa Sé foi previsora e em vez de fazer uma conta para Bento XVI que fosse B16 decidiu por a de @pontifex para que servisse aos futuros papas. O mais chamativo nesse momento foi que tivemos que tirar os tweets que haviam sido publicados para evitar que os comentários de Bento XVI aparecessem com a cara de Francisco.

- O Papa Francisco participa activamente da sua conta de twitter?
- Está muito bem informado sobre o que se passa na conta, sugere algumas ideias e redige pessoalmente um bom número das mensagens. Não é uma pessoa familiarizada com o uso da tecnologia mas entende muito bem a sua utilidade, tem uma perspicácia enorme.

- Tem preparada alguma novidade por causa do aniversário da chegada do Papa Francisco?
- A equipa que assessora o Papa, nos quais os da 101 estamos como consultores informais, está constantemente ideando novas ideias. Não só no Twitter mas também em outros suportes digitais. Não posso especificar detalhes, mas há novidades das quais se falará muito nos próximos meses.

- Como lhe há repercutido pessoalmente o êxito de levar @Pontifex?

- Foi uma experiência muito gratificante, tanto para mim como para o resto da equipa. Poder ajudar uma instituição tão positiva e tão pouco compreendida no mundo actual supõe um desafio muito interessante. É um projecto que me marcará para sempre. Também me sinto muito orgulhoso de que uma agência espanhola tenha contribuído para fazer história da comunicação. Se pode!


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