Na Missa em Santa Marta, o Papa convida a ler 2-3 vezes o Evangelho de Mateus que relata o "programa" de vida e santidade indicado por Jesus Cristo
Roma, 09 de Junho de 2014 (Zenit.org) Salvatore Cernuzio
O cristianismo não é uma teoria, nem uma filosofia ou um
conjunto de palavras bonitas. A definição correta foi dada pelo Papa
Francisco na homilia da missa de hoje em Santa Marta: "O cristianismo é
uma religião prática". E, precisamente, porque prática, é realizada com
gestos concretos que seguem o "programa" de vida santa que Jesus Cristo
indicou claramente.
São nas bem-aventuranças, listadas pelo evangelista Mateus no
Evangelho de hoje, onde o Filho de Deus define o que poderia muito bem
ser chamado de "o cartão de identidade do cristão". De fato, observou o
Santo Padre, se alguém tinha dúvidas sobre como fazer "para se tornar um
bom cristão", as respostas podem ser encontradas bem no capítulo 5 do
Evangelho de Mateus, nos versículos 1-12.
Claro, não são as respostas que alguém esperaria, muito menos
soluções açucaradas para viver melhor a vida. Jesus indica palavras e
ações claramente "contra corrente" em comparação com o que normalmente
“se faz no mundo”, observou Bergoglio.
Cristo, por exemplo, chama de Bem-aventurados “aqueles que choram”,
porque – diz – “serão consolados”. Onde "o mundo", no entanto, sugere
que "a alegria, a felicidade, a diversão" sejam "a beleza da vida". E
que, portanto, é preciso “olhar para o outro lado", quando acontecem
“problemas de doenças” ou “de dores na família”. “O mundo não quer
chorar – afirmou o Papa – prefere ignorar as situações dolorosas,
escondê-las. Somente a pessoa que vê as coisas como são, e chora em seu
coração, é feliz e será consolada", com “a consolação de Jesus, não
aquela do mundo".
O Senhor também disse: "Bem-aventurados os pobres em espírito", que
significa "as riquezas não te garantem nada". Na verdade, acrescentou
Francisco, "quando o coração é rico, está tão satisfeito consigo mesmo,
que não tem lugar para a Palavra de Deus". Bem-aventurados são, também,
os “mansos”, especialmente no mundo actual “que desde o início é um mundo
de guerras, um mundo onde, em todos os lugares há ódio". E Jesus -
lembrou o Papa - diz: "Nada de guerras, nada de ódio, paz, mansidão”.
Palavras que tomam uma conotação especial pensando no encontro
histórico pela paz de ontem nos Jardins Vaticanos, e no abraço entre os
presidentes da Palestina e Israel, Abu Mazen e Shimon Peres, diante do
olhar satisfeito de Bergoglio.
Mansos, exorta Cristo, porque “com esta mansidão terás como herança a
Terra”, destacou o Santo Padre. É verdade que “se eu sou humilde na
vida”, os outros “pensarão que eu sou um tolo”; mas não faz nada, “e que
pensem o que quiser”, a recompensa é muito maior.
Um pouco a mesma lógica daqueles que “têm fome e sede de justiça”,
que “lutam pela justiça, para que haja justiça no mundo”. Também aqueles
são descartados da opinião pública, porque hoje - disse o Papa - é
muito mais fácil entrar nas rachaduras da corrupção", seguir "aquela
política quotidiana do ut dês” onde “tudo é negócio”. “Quantas
injustiças” resultam disso, e “quanta gente que sofre por estas
injustiças”, exclamou Francisco.
No entanto Jesus, mesmo neste caso, prega o contrário:
"Bem-aventurados aqueles que lutam contra essas injustiças". E, junto
com eles, também aqueles que foram “perseguidos, simplesmente por ter
lutado por justiça".
Mas também os misericordiosos são bem-aventurados, “porque
encontrarão misericórdia”. São Bem-aventurados, ou seja, todos “aqueles
que perdoam, que compreendem os erros dos outros”, não “aqueles que se
vingam”. “Todos nós - disse o Papa - somos um exército de perdoados!
Todos nós fomos perdoados. E por isso é bem bem-aventurado aquele que
vai por este caminho do perdão".
Bem-aventurados também "os puros de coração", que têm "um coração
simples, puro, sem sujeiras, um coração que sabe amar com aquela pureza
tão bela”, destacou o Santo Padre. Bem-aventurados, por fim, "os
pacificadores": também estes bem-aventurados "contra-correntes", porque
“é muito normal entre nós sermos agentes de guerras ou agentes de
mal-entendidos!", observou o Papa. E, recordando o Tweet de hoje
acrescentou: “Quando escuto algo de alguém e vou e conto para outro e
faço uma edição maior ainda e passo pra frente... O mundo dos mexericos.
Essas pessoas que mexericam, não criam paz, são inimigos da paz. Não são
bem-aventurados”.
Em suma, as bem-aventuranças que Jesus nos oferece são um verdadeiro
"programa de vida", ao mesmo tempo “tão simples, mas tão difícil”. Se
alguém, depois, quisesse ‘aprofundar o argumento’, Jesus nos dá também
outras indicações”, ou seja, aquele “protocolo sobre o qual nós seremos
julgados” relatado, desta vez, por Mateus, no capítulo 25: "Tive fome e
me destes de comer, tive sede e me destes de beber, estava enfermo e me
visitastes, na prisão e viestes a ver-me”.
Não é tão complicado "viver a vida cristã em termos de santidade",
então: basta abrir a Bíblia, colocar o sinal nessas passagens do
Evangelho, e ler atentamente estas “poucas” e “simples” palavras,
“práticas para todos”. Porque o cristianismo - disse o Papa - "é uma
religião prática: não é para ser pensada, é para ser praticada, para ser
realizada”. (Trad.TS)
(09 de Junho de 2014) © Innovative Media Inc.
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