Alexey Yandushev-Rumyantsev lia «Nauka i Religiya»
O hoje padre Alexey e as revistas onde (procurando entre linhas) podia averiguar algo sobre Jesus |
Actualizado 6 de Maio de 2014
PortaLuz
Não era fácil ser cristão em Leningrado (actual São Petersburgo) quando a Igreja era perseguida e a religião desincentivada na União Soviética.
Decorria a década dos setenta e a família Yandushev-Rumyantsev viu que existiam poucos espaços para professar a sua fé ortodoxa. Quando nasceu Alexey, em 1973, o seu pai acabava de encontrar trabalho numa cadeia de supermercados e ainda que desejasse baptizá-lo, maior era o temor aos agentes do governo.
“O meu pai punha em causa o seu posto de trabalho – confidencia Alexey - pois quem solicitava baptizar um filho, devia entregar o passaporte, e logo essa informação era transmitida às autoridades políticas e aos serviços secretos. Portanto, preferiram não baptizar-me”.
Deus na propaganda ateia
Numa entrevista publicada em espanhol na OpusDei.cl conta que durante aquele tempo da sua infância, existia um ataque continuo contra a religião por parte dos principais meios informativos…
“Tratava-se de fazer crer as pessoas que as Igrejas tratavam de perpetuar uma mitologia antiga, sem fundamento científico, com o fim de controlar a mente das pessoas e conseguir o seu dinheiro”.
Mas a fé era uma semente profunda na sua alma e já com doze anos começou a procurar alimentá-la. A ironia é que foram publicações impressas de propaganda ateia onde encontrou o que procurava…
“Um dia chegou às minhas mãos uma revista intitulada «Ciência e Religião» [Nauka i Religiya], publicada pela Sociedade Ateia da União Soviética. Tratava-se de uma publicação que ninguém lia, mas que tratava um tema que me interessava muitíssimo. Intui que aquela era a única via que tinha para saber algo mais de religião. Assinei e durante cinco anos tive que ler entre linhas do que se contava naquela revista”.
PortaLuz
Não era fácil ser cristão em Leningrado (actual São Petersburgo) quando a Igreja era perseguida e a religião desincentivada na União Soviética.
Decorria a década dos setenta e a família Yandushev-Rumyantsev viu que existiam poucos espaços para professar a sua fé ortodoxa. Quando nasceu Alexey, em 1973, o seu pai acabava de encontrar trabalho numa cadeia de supermercados e ainda que desejasse baptizá-lo, maior era o temor aos agentes do governo.
“O meu pai punha em causa o seu posto de trabalho – confidencia Alexey - pois quem solicitava baptizar um filho, devia entregar o passaporte, e logo essa informação era transmitida às autoridades políticas e aos serviços secretos. Portanto, preferiram não baptizar-me”.
Deus na propaganda ateia
Numa entrevista publicada em espanhol na OpusDei.cl conta que durante aquele tempo da sua infância, existia um ataque continuo contra a religião por parte dos principais meios informativos…
“Tratava-se de fazer crer as pessoas que as Igrejas tratavam de perpetuar uma mitologia antiga, sem fundamento científico, com o fim de controlar a mente das pessoas e conseguir o seu dinheiro”.
Mas a fé era uma semente profunda na sua alma e já com doze anos começou a procurar alimentá-la. A ironia é que foram publicações impressas de propaganda ateia onde encontrou o que procurava…
“Um dia chegou às minhas mãos uma revista intitulada «Ciência e Religião» [Nauka i Religiya], publicada pela Sociedade Ateia da União Soviética. Tratava-se de uma publicação que ninguém lia, mas que tratava um tema que me interessava muitíssimo. Intui que aquela era a única via que tinha para saber algo mais de religião. Assinei e durante cinco anos tive que ler entre linhas do que se contava naquela revista”.
Exemplares de Nauka i religiya de 1984 a 1986 que lia Alexey
Na obscuridade brilha a Luz
Assim, as pretensões do governo soviético por ideologizar os seus cidadãos com essas publicações viram-se frustradas em Alexey.
“A mim interessava-me a religião, não as teses dessa revista. Por isso, ainda que os artigos defendessem o ateísmo, na realidade citavam as Escrituras, e falavam da Igreja e de Jesus Cristo. Eu, como não tinha acesso a outras fontes, apanhava-as com aquilo. Comecei a pensar que se de algo ou de alguém se falava muito mal, talvez esse ou essa pessoa não fosse na realidade tão má”.
Pouco a pouco deu-se conta que Deus o estava guiando por meio destes textos. “Sabia que destas questões não se podia falar, e por isso não o comentava com ninguém, mas o meu interesse era cada vez maior. Quando cumpri quinze anos, disse ao meu pai que queria baptizar-me na Igreja Ortodoxa. Ele não se opôs e inclusive procurou um amigo seu, sacerdote ortodoxo que trabalhava como mecânico em Leningrado, para que me baptizasse em segredo”.
De suposto agente do KGB a discípulo
Em questão de meses, este peregrinar atrás de Cristo levou-o a dar um passo mais e aderiu a uma comunidade católica, fiel ao Papa, em São Petersburgo.
“Já que se falava tão mal dela, quis conhecê-la. Na lista telefónica encontrei o endereço da comunidade católica de São Petersburgo, mas a igreja estava sempre fechada. Depois de várias tentativas, consegui dar com a comunidade, mas o sacerdote suspeitou de mim. Pensava que podia ser um jovem espião do KGB”.
Alexey conta que certamente, naqueles anos havia espiões e as precauções do sacerdote estavam justificadas...
“Mas depois de ver-me frequentar a Igreja, fixámos uma forma de falar: combinámos que depois da Missa, o seguiria pelas ruas até uma zona muito afastada da paróquia, onde poderíamos dialogar com calma. Era 1989, e atravessávamos um período de situação política incerta. Ainda assim, depois de uma etapa de formação, pedi para entrar em plena comunhão com a Igreja católica”.
Depois da queda do muro de Berlim conta que a Rússia foi testemunha de uma “verdadeira primavera espiritual”. Hoje em dia, esse fenómeno foi-se assentando e “ficaram só aqueles que de verdade estavam convencidos, fora das emoções passageiras dos primeiros momentos. Contudo, devo reconhecer que são muitos os que se mostram realmente interessados «pelas coisas de Deus»”.
A grande pergunta que o céu lhe colocava
Uma vez tendo terminado os seus estudos de engenharia, apaixonado por Cristo e a Eucaristia, Alexey iniciou os estudos de Historia da Igreja e Filosofia no Colégio católico de São Tomás de Aquino.
Como uma criança desfrutava intensamente cada momento sem prever que Deus o tinha escolhido… “Tinha acabado os meus estudos incluindo um ano no estrangeiro (estudando fenomenologia filosófica no Liechtenstein), e já estava trabalhando… Quando certo dia, de passagem, um padre perguntou-me: «Tu queres ser sacerdote?».
"De imediato disse-lhe que não, mas depois naquela noite não preguei olho. Voltei a falar com ele, fui sincero e disse-lhe que na realidade sim que tinha pensado nisso, mas que não me sentia nem digno nem com forças para consegui-lo. Ele explicou-me que a força a dá Deus e então, em finais daquele ano 2000, entrei no seminário”.
Assim, as pretensões do governo soviético por ideologizar os seus cidadãos com essas publicações viram-se frustradas em Alexey.
“A mim interessava-me a religião, não as teses dessa revista. Por isso, ainda que os artigos defendessem o ateísmo, na realidade citavam as Escrituras, e falavam da Igreja e de Jesus Cristo. Eu, como não tinha acesso a outras fontes, apanhava-as com aquilo. Comecei a pensar que se de algo ou de alguém se falava muito mal, talvez esse ou essa pessoa não fosse na realidade tão má”.
Pouco a pouco deu-se conta que Deus o estava guiando por meio destes textos. “Sabia que destas questões não se podia falar, e por isso não o comentava com ninguém, mas o meu interesse era cada vez maior. Quando cumpri quinze anos, disse ao meu pai que queria baptizar-me na Igreja Ortodoxa. Ele não se opôs e inclusive procurou um amigo seu, sacerdote ortodoxo que trabalhava como mecânico em Leningrado, para que me baptizasse em segredo”.
De suposto agente do KGB a discípulo
Em questão de meses, este peregrinar atrás de Cristo levou-o a dar um passo mais e aderiu a uma comunidade católica, fiel ao Papa, em São Petersburgo.
“Já que se falava tão mal dela, quis conhecê-la. Na lista telefónica encontrei o endereço da comunidade católica de São Petersburgo, mas a igreja estava sempre fechada. Depois de várias tentativas, consegui dar com a comunidade, mas o sacerdote suspeitou de mim. Pensava que podia ser um jovem espião do KGB”.
Alexey conta que certamente, naqueles anos havia espiões e as precauções do sacerdote estavam justificadas...
“Mas depois de ver-me frequentar a Igreja, fixámos uma forma de falar: combinámos que depois da Missa, o seguiria pelas ruas até uma zona muito afastada da paróquia, onde poderíamos dialogar com calma. Era 1989, e atravessávamos um período de situação política incerta. Ainda assim, depois de uma etapa de formação, pedi para entrar em plena comunhão com a Igreja católica”.
Depois da queda do muro de Berlim conta que a Rússia foi testemunha de uma “verdadeira primavera espiritual”. Hoje em dia, esse fenómeno foi-se assentando e “ficaram só aqueles que de verdade estavam convencidos, fora das emoções passageiras dos primeiros momentos. Contudo, devo reconhecer que são muitos os que se mostram realmente interessados «pelas coisas de Deus»”.
A grande pergunta que o céu lhe colocava
Uma vez tendo terminado os seus estudos de engenharia, apaixonado por Cristo e a Eucaristia, Alexey iniciou os estudos de Historia da Igreja e Filosofia no Colégio católico de São Tomás de Aquino.
Como uma criança desfrutava intensamente cada momento sem prever que Deus o tinha escolhido… “Tinha acabado os meus estudos incluindo um ano no estrangeiro (estudando fenomenologia filosófica no Liechtenstein), e já estava trabalhando… Quando certo dia, de passagem, um padre perguntou-me: «Tu queres ser sacerdote?».
"De imediato disse-lhe que não, mas depois naquela noite não preguei olho. Voltei a falar com ele, fui sincero e disse-lhe que na realidade sim que tinha pensado nisso, mas que não me sentia nem digno nem com forças para consegui-lo. Ele explicou-me que a força a dá Deus e então, em finais daquele ano 2000, entrei no seminário”.
Alexey, já como sacerdote católico |
Peregrino e apóstolo
Hoje Alexey é prefeito da casa de Estudos no Seminário, onde se formam os futuros sacerdotes católicos da Rússia.
Em paralelo apresenta uma férrea defesa da vida realizando palestras de bioética, mas também dá tempo para o conforto que como bom sacerdote também o vive com um sentido de fé…
Em Junho de 2013 encabeçou um grupo de peregrinos que se aventuraram percorrendo o Caminho de Santiago (de Compostela).
“É difícil (escrevia ao finalizar aquela peregrinação) por em palavras os sentimentos que inundam os nossos corações, aqui neste lugar bendito onde por séculos milhões de peregrinos de todo o mundo cristão procuraram… Para ter direito aos favores por intercessão deste grande discípulo do nosso Salvador... Por isso a melhor gratidão a Deus é a nossa tranquila e humilde oração ao Santo Apóstolo, pedindo em especial as graças de Deus para toda a Igreja católica na Rússia”.
Sobre este mesmo tema leia: Mi primera vez: «Lo hacíamos por las noches»,«mis padres me gritaron», «estaba prohibido».
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