O Santo Padre recebeu em audiência os membros do Conselho Superior dos Magistrados da Itália
Cidade do Vaticano, 18 de Junho de 2014 (Zenit.org)
O papa Francisco recebeu nesta terça-feira de manhã, em
audiência, os membros do Conselho Superior da Magistratura da Itália, a
quem expressou a sua estima pela actividade realizada em prol do “bom
funcionamento de um sector vital da convivência social”.
Francisco pediu desculpas por não ter podido recebê-los no dia 9 de Junho, data originalmente marcada para o encontro, porque, como ele
mesmo explicou, “passei mal no meio da manhã, tive febre e precisei
cancelar todos os compromissos. Lamento muito”.
De acordo com o Vatican Information Service, o aspecto ético do
trabalho dos magistrados foi o primeiro ponto do breve discurso do Santo
Padre, que destacou a sua necessidade de liberdade e independência para
“responderem adequadamente à tarefa que a sociedade lhes confia e para
manterem a máxima imparcialidade”.
A independência do magistrado e a sua objectividade de julgamento
“requerem uma aplicação atenta e pontual das leis vigentes. A certeza do
direito e o equilíbrio dos diversos poderes de uma sociedade
democrática encontram a sua síntese no princípio da legalidade, em nome
do qual o magistrado age. Do juiz dependem decisões que repercutem não
apenas nos direitos e nos bens dos cidadãos, mas que se vinculam à sua
própria existência”.
O papa citou algumas das qualidades intelectuais, psicológicas e
morais que devem estar presentes em qualquer representante da
magistratura e dar garantia de confiabilidade, destacando entre elas, de
forma específica, a prudência, que “não é a virtude de ficar quieto e
dizer ‘sou prudente e paro aqui’. Não! É uma virtude de governo, voltada
a resolver as coisas; é a virtude que leva a ponderar com serenidade as
razões de direito e de fato que devem estar na base do julgamento.
Tem-se mais prudência quando se possui equilíbrio interior, capacidade
de dominar a influência do próprio carácter, do próprio ponto de vista,
das próprias convicções ideológicas”.
A sociedade italiana espera muito da magistratura, enfatizou o
pontífice, especialmente num contexto como o actual, “caracterizado,
entre outras coisas, pela aridez progressiva do património de valores e
da avaliação das estruturas democráticas”. Francisco exortou os
magistrados a “não decepcionarem as legítimas expectativas das pessoas” e
a se esforçarem sempre para ser “exemplos de integridade moral para
toda a sociedade”.
Por último, ele recordou a figura de dois ilustres magistrados
italianos: Vittorio Bachelet, que esteve à frente do Conselho Superior
da Magistratura em tempos muito difíceis, vítima do terrorismo dos
chamados “anos de chumbo” no país, e o jovem juiz Rosario Angelo
Livatino, assassinado pela máfia e cuja causa de beatificação está em
andamento.
“Eles ofereceram um testemunho exemplar do estilo próprio do fiel
leigo cristão; leal às instituições, aberto ao diálogo, firme e valente
quando se trata de defender a justiça e a pessoa humana”.
(18 de Junho de 2014) © Innovative Media Inc.
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