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quarta-feira, 25 de junho de 2014

Homilia do papa Francisco na Casa Santa Marta: um cristão não anuncia a si mesmo, mas a Deus

O Santo Padre explica as vocações de João Baptista: preparar, discernir, diminuir

Cidade do Vaticano, (Zenit.org)


Na homilia da missa matutina em Santa Marta, na solenidade da natividade de São João Baptista, o papa Francisco reflectiu sobre as vocações deste santo: preparar, discernir, diminuir. "Preparar a vinda do Senhor, discernir quem é o Senhor, diminuir para que o Senhor cresça".

Francisco recordou que João preparava o caminho para Jesus "sem tomar nada para si. Era um homem importante: as pessoas o procuravam, o seguiam porque as suas palavras eram fortes". Suas palavras chegam ao coração, afirmou Francisco. E João teve, talvez, "a tentação de se achar importante, mas não caiu nela". De fato, quando os doutores foram lhe perguntar se ele era o Messias, João respondeu: "Eu sou voz, somente voz", mas "vim preparar o caminho para o Senhor". Francisco destacou a primeira vocação do Baptista: "preparar o povo, preparar o coração do povo para o encontro com o Senhor".

Mas “quem é o Senhor?”, perguntou o papa. E respondeu: “Esta é a segunda vocação do João: discernir, entre tanta gente boa, quem era o Senhor. E o Espírito lhe revelou e ele teve a valentia de dizer: 'É este. Este é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo'. Os discípulos olharam para aquele homem que passava e o deixaram ir. No dia seguinte, aconteceu o mesmo. 'É este! Ele é mais digno do que eu'. Os discípulos foram atrás dele. Na preparação, João dizia: 'Depois de mim vem um...'. No discernimento, ele diz: 'Diante de mim... é este!'".

A terceira vocação de que o pontífice falou é a de diminuir. "A vida dele começou a se abaixar, a diminuir para que o Senhor crescesse, a diminuir até se anular". Francisco explicou que "esta foi a etapa difícil de João, porque nosso Senhor tinha um estilo que ele não tinha imaginado, a ponto de que, na prisão, ele sofreu não só a escuridão da cela, mas a escuridão do coração: 'Mas será que é este? Será que eu não me enganei? Porque o Messias tem um estilo tão simples... Não entendo...'. E, como era homem de Deus, ele pediu que os discípulos fossem até Jesus para perguntar: 'És Tu realmente ou devemos esperar por outro?'".

O Santo Padre afirmou que a "humilhação de João é dupla: a humilhação da sua morte como preço de um capricho", mas também "a humilhação da escuridão da alma". Deste modo, Francisco recordou que João, que soube "esperar" Jesus, que soube "discernir", "agora vê Jesus longe".

E prosseguiu: "A promessa se afastou. E ele termina sozinho. Na escuridão, na humilhação". Fica sozinho "porque se destruiu muito para que o Senhor crescesse".

Ao terminar a homilia, o bispo de Roma observou que João vê o Senhor "longe" e vê a si mesmo "humilhado, mas com o coração em paz". "Três vocações em um homem: preparar, discernir, deixar o Senhor crescer, diminuindo a si mesmo. Também é bonito pensar na vocação do cristão assim. Um cristão não anuncia a si mesmo, anuncia outro, prepara o caminho para outro: nosso Senhor. Um cristão tem que saber discernir, conhecer como discernir a verdade daquilo que parece verdade e não é: homem de discernimento. E um cristão tem que ser um homem que saiba se abaixar para que o Senhor cresça, no coração e na alma dos outros", concluiu o papa.

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