O Grão-Mestre da Ordem Equestre explica por que Bergoglio é o melhor homem para obter bons resultados na Terra Santa e no mundo
Roma, 16 de Junho de 2014 (Zenit.org) Deborah Castellano Lubov
O cardeal Edwin O'Brien, cuja Ordem trabalha para preservar
os locais históricos onde Jesus passou a sua vida, acredita que o Papa
Francisco esteja enfrentando uma situação que nenhum outro Papa tenha
enfrentado antes. Nesta entrevista, o cardeal nascido em Nova Iorque
fala sobre seu apreço pelo rei da Jordânia que considera "um herói", e
por que é necessário uma maior defesa dos monumentos sagrados, embora
isso signifique menos possibilidades de visita para os turistas.
***
Para aqueles que não estão familiarizados com a Ordem Equestre, você poderia explicar o que é?
- Cardeal O'Brien: A Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém
tem suas raízes nas Cruzadas, mas foi formalmente organizada e
estabelecida em meados do século XIX. Em vez de se ter grupos espalhados
por aqui e por ali, nos tornamos uma ordem papal. Desde as Cruzadas,
até hoje, a missão pela fé na Terra Santa sempre tem sido importante:
preservar a fé, apoiar os que estão mantendo a fé e manter vivos os
monumentos da fé, como os que encontramos no Santo Sepulcro, no Cenáculo
e nos lugares sagrados que correm o risco de se transformarem em
museus, a menos que o mundo católico e cristão não decida tomar um papel activo na gestão.
Na sua opinião, qual é a maior ameaça dos santos lugares?
- Cardeal O'Brien: A maior ameaça seria o vandalismo, tanto do lado
israelita, como muçulmano. Há extremistas de ambos os lados, são muito
poucos em número, mas podem criar o caos.
Acho que todos aqueles que perseguem os nossos objectivos (que não
são somente objectivos católicos, mas também cristãos e de outros credos)
se dão conta de que devem envolver-se mais profundamente no apoio às
pessoas, aos lugares e às causas que são tão vitais para a preservação
de 2.000 anos de história.
Qual é o papel da Ordem Equestre na ajuda aos peregrinos?
- Cardeal O'Brien: A ordem tem 30.000 membros em 35 países
diferentes. Nosso principal objectivo como ordem papal é crescer no amor
de Cristo e pelas coisas de Cristo, e fazer o que pudermos para
encorajar a fé e os fiéis na Terra Santa, para que se mantenham fortes e
crescendo. Houve um grande êxodo da Terra Santa nos últimos 20, 25
anos. Nossa esperança é que nossas obras de caridade e ajuda financeira (nossa ordem doa a cada ano 13 milhões de dólares ao Patriarca de
Jerusalém) ajude a manter abertas as nossas escolas, paróquias, centros
de saúde e seminários. Esperamos que não somente os católicos, mas
também todos os cristãos, permaneçam lá em vez de fugirem.
O que pode ser feito sobre este êxodo?
- Cardeal O'Brien: Espero que o governo israelita perceba que existe
uma alternativa ao encerramento quase total do povo palestino no que
eles chamam de Cisjordânia ou Palestina. Temos apenas o 5% dos cristãos
na Palestina, por isso, não é um problema pessoal ou egoísta dos
cristãos, mas é uma questão de direitos humanos. Falo de uma prisão na
qual colocam um muro de mais de 130 metros de comprimento e 9 de altura
para manter distantes os palestinianos e não dar-lhes permissão de entrarem
em Jerusalém. Em muitos casos, as autoridades israelitas não permitem
que os palestinianos vejam seus familiares ou atravessem os seus campos sem
muitos inconvenientes. Posso entender a necessidade de segurança, mas
não deixar ‘sob chave’ boas pessoas para se ter uma segurança de 100%.
Isso é o que está acontecendo.
Como você avalia o estado actual da Terra Santa no respeito e na liberdade religiosa?
- Card. O'Brien: Há liberdade de culto e estamos felizes por isso.
Mas a liberdade ainda é limitada quando se trata de chegar a alguns
lugares santos ou atravessar as fronteiras para visitas do tipo laboral
ou familiar. Entendo as razões para os limites e o medo do governo de
Israel, mas acho que há espaço para muito mais flexibilidade. No que diz
respeito às relações entre cristãos e muçulmanos, tenho me surpreendido
muito e estou feliz pelas minhas breves experiências porque pude ver
que a grande maioria dos muçulmanos são pacíficos e estão ansiosos para
resolver todos os problemas que estão enfrentando os seus irmãos
cristãos. Mas, novamente, há extremos que, por vezes, procuram impedir
estas relações cordiais de esperança. Eu desejo que qualquer passo em
frente para conter a influência de radicais mostre para eles que há
outra maneira de viver em uma comunidade justa, em vez de como elementos
desesperados que lutam entre si.
Como Grão-Mestre, qual tem sido a maior dificuldade que teve de enfrentar?
- Card. O'Brien: A nossa ordem foi fundada como uma ordem papal para
apoiar as obras de caridade e pastorais do Santo Padre lá. Estamos
fazendo isso, nossos 30.000 membros o estão fazendo heroicamente através
da quantidade de ajuda que dão (que não é apenas material) para
manter nossas 45 escolas, paróquias e o seminário, apesar dos números
limitados. Muitos dos nossos membros organizam peregrinações a cada ano,
não só para rezarem, mas para mostrarem a sua solidariedade com os que
lutam, cristãos ou não, e isso é um grande incentivo para eles. E esse é
o nosso papel. Nós deixamos que a Santa Sé e todos os poderes da parte
secular resolvam as diferenças políticas.
Gostaria de compartilhar outras reflexões connosco?
- Card. O'Brien: Eu estou muito feliz com a relação do Santo Padre
com o rei da Jordânia. Para mim, o rei da Jordânia é um verdadeiro
herói, ele está lutando contra as forças de dentro e de fora do país que
querem desastres frequentes no Oriente Médio. Ele acolheu e acolhe
milhares de refugiados da Palestina e da Síria. Ele tem procurado de
todas as formas ser um mediador para a paz, construir pontes em vez de
muros nessa parte do mundo onde já existem muitos muros. Trabalhou com
os líderes religiosos de outras religiões para levar a uma maior
compreensão e desenvolvimento na sociedade na Jordânia, que está sob
muita pressão. (Trad.TS)
(16 de Junho de 2014) © Innovative Media Inc.
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