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quinta-feira, 19 de junho de 2014

Homenagem aos dois papas santos também pede que os náufragos do Mediterrâneo não sejam esquecidos

Coral da Capela Sistina cantou em Roma durante evento em parceria com o Centro Astaldi


Roma, 16 de Junho de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora


O coral da Capela Musical Pontifícia Sistina fez neste domingo à noite, 15 de Junho, um concerto em homenagem à canonização de São João XXIII e São João Paulo II, na igreja de San Lorenzo in Lucina, no centro de Roma.

O evento, intitulado “Cantate Domino canticum novum”, apresentou uma variedade de peças musicais, começando pelo gregoriano, passando por diversos polifónicos, como o “Gloria” de Lorenzo Perosi e o “Angelus Domini” de Palestrina, e terminou com um motete do século XVI, de Christopher Tye.

Este último canto foi acrescentado após as apresentações conjuntas em Londres e Roma com dois corais britânicos, um católico e o outro anglicano, em mais um encontro que promoveu o diálogo ecuménico.

O Coral da Capela Sistina participa de celebrações litúrgicas do sumo pontífice. Milenar, foi reorganizado no século VI por Gregório Magno e depois por Bonifácio VIII e Sisto IV. Entre os organizadores do momento de espiritualidade deste domingo estava o Centro Astaldi, que acolhe imigrantes na Itália, e seu presidente, o sacerdote jesuíta Giovanni La Manna.

Entrevistado por ZENIT, o padre La Manna afirmou que “o concerto é um momento para destacar a canonização de dois papas que foram testemunhas e que nos ajudam a manter a esperança e o olhar voltados para o alto”.

O centro Astaldi, contou La Manna, está preparando um novo encontro para o mês de Agosto, “para nos ajudar a reconhecer nos refugiados, como nos pede o papa Francisco, a carne de Cristo”. É “uma oportunidade para darmos vida ao senso de comunidade, porque é a comunidade quem acolhe, não as pessoas individualmente”.

“Vivemos num momento em que os desembarques [de imigrantes clandestinos] acontecem um atrás do outro [na costa italiana]. Continua morrendo muita gente no Mar Mediterrâneo apesar da operação de resgate Mare Nostrum. A Europa da qual fazemos parte deveria reagir rapidamente, com dignidade e com justiça, para criar canais humanitários seguros, que permitam distribuir os prófugos no território europeu, porque, sem isso, eles correm o risco de ser abandonados à morte no mar ou de ser explorados pelos traficantes de pessoas”.

La Manna recordou que o papa Francisco, nesta mesma tarde, durante a visita que fez à igreja de Santa Maria in Trastevere a convite da Comunidade de Santo Egídio, indicou a necessidade de “voltar às raízes cristãs” e afirmou que “a Europa não é idosa, mas está cansada, porque perdeu de vista as suas raízes e tem que ser ajudada a recuperá-las”.

O jesuíta recordou ainda que “o papa, como uma testemunha credível e autêntica, desperta e convida a sua Igreja a ser capaz de maravilhar, de surpreender, nos convida a ser inquietos. Ele está nos dando muita energia e esperança, porque nos ajuda a crer que, ao transformar a nossa vida, podemos transformar este mundo, que, do jeito que vai, não tem como nos agradar”.

Quanto ao motete britânico de Christopher Tye, interpretado pelo coral da Sistina, o director do coral do Teatro de Roma, Roberto Gabbiani, disse a ZENIT: “Eu apreciei muito a apresentação. Foi executada com uma grande delicadeza, com um estilo muito diferente do espírito palestriniano. E o maestro Palombela conseguiu ressaltar muito bem essa delicadeza refinada do renascimento inglês”.

O director do coral da Capela Sistina, dom Massimo Palombela, elogiou o ali presente maestro decano dos corais pontifícios de Roma, Paolo Colino, “que, com seus 80 anos, acaba de fazer um esplêndido concerto em que demonstrou profundo conhecimento dos estudos semiológicos e de tudo o que a polifonia conquistou com esforço desde 1900 até hoje”.

Participaram do evento outras iniciativas de solidariedade. Os fundos levantados serão dados a obras como o refeitório do Centro Astalli para refugiados.

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