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sábado, 14 de junho de 2014

Cúpula contra a violência sexual em áreas de conflito: a participação do Cardeal Nichols

Objetivo é criar os instrumentos jurídicos para acabar com esse tipo de violência e punir os mandantes e executores


Roma, 13 de Junho de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora


Termina hoje em Londres a cúpula de quatro dias contra a violência sexual nos locais em conflito, que contou com a participação de ministros de 132 países. Nesta sexta-feira, participam o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o ministro de Assuntos Exteriores britânico, William Hague.

Ontem, quinta-feira, participou de uma mesa redonda o cardeal Vincent Nichols, que, citando uma frase do papa Francisco, recordou que a violência sexual “é uma ferida profunda no corpo da humanidade” e que não pode ser justificada pelo fato de ser tão antiga quanto os homens, porque “é sempre uma vergonha”. Nichols reiterou a importância da “vontade internacional de dizer não a este crime” e recordou que, em alguns países, os soldados consideram um dever cometer esta aberração.

A agência de notícias SIR informou que, junto com o primaz católico da Inglaterra e de Gales, falaram o especialista em direito islâmico Sheikh Abdallah Bin Bayyah, o arcebispo da Igreja anglicana do Burundi, Bernard Ntahoturi, a representante da organização Tearfund, Solange Mukamana, e o vice-director da Unaids, Luiz Loures.

O cardeal britânico qualificou de “verdadeiro êxito” este encontro que começou terça-feira passada no centro Excel de Londres, porque “estamos começando a dizer um basta. Isto não pode acontecer mais!”.

A reunião abordou os instrumentos jurídicos internacionais que servirão para perseguir os culpados e puni-los, mudando a mentalidade equivocada que até hoje não se preocupou com as vítimas que sofrem essas feridas e essa vergonha.

Entre os objectivos da reunião está o de conseguir que dois terços dos países que aderiram há seis meses à Declaração de Compromisso pelo Fim da Violência Sexual nos Conflitos assinem um protocolo com medidas concretas para pressionar as nações que os cometem ou permitem, além de garantir que os crimes não prescrevam nem sejam amnistiados, já que são crimes de lesa-humanidade.

“Eu me empenho”, asseverou o arcebispo de Westminster, “em trabalhar com vocês para obter estes resultados”. Ele felicitou o ministro britânico de Assuntos Exteriores, William Hague, e a atriz Angelina Jolie pelo evento surgido após dois anos de campanha internacional de sensibilização.

Citando as estatísticas apresentadas, o cardeal considerou “incrível e chocante” o aumento das violências sexuais nas diversas partes do mundo afectadas pela guerra e declarou que “o dano causado à dignidade humana de tantas vítimas é tão radical e permanente” que não há palavras capazes de expressá-lo.

É necessário, prosseguiu, eliminar este vergonhoso delito, é necessária “uma nova mentalidade radicada numa moral que não considere a guerra como uma desculpa para abandonar os princípios éticos”.

"As medidas legais propostas por esta reunião para perseguir os criminosos de guerra encontram raiz nos princípios morais e de justiça, defendidos também pela Igreja católica”, disse ele.

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