Objetivo é criar os instrumentos jurídicos para acabar com esse tipo de violência e punir os mandantes e executores
Roma, 13 de Junho de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora
Termina hoje em Londres a cúpula de quatro dias contra a
violência sexual nos locais em conflito, que contou com a participação
de ministros de 132 países. Nesta sexta-feira, participam o secretário
de Estado norte-americano, John Kerry, e o ministro de Assuntos
Exteriores britânico, William Hague.
Ontem, quinta-feira, participou de uma mesa redonda o cardeal
Vincent Nichols, que, citando uma frase do papa Francisco, recordou que a
violência sexual “é uma ferida profunda no corpo da humanidade” e que
não pode ser justificada pelo fato de ser tão antiga quanto os homens,
porque “é sempre uma vergonha”. Nichols reiterou a importância da
“vontade internacional de dizer não a este crime” e recordou que, em
alguns países, os soldados consideram um dever cometer esta aberração.
A agência de notícias SIR informou que, junto com o primaz católico
da Inglaterra e de Gales, falaram o especialista em direito islâmico
Sheikh Abdallah Bin Bayyah, o arcebispo da Igreja anglicana do Burundi,
Bernard Ntahoturi, a representante da organização Tearfund, Solange
Mukamana, e o vice-director da Unaids, Luiz Loures.
O cardeal britânico qualificou de “verdadeiro êxito” este encontro
que começou terça-feira passada no centro Excel de Londres, porque
“estamos começando a dizer um basta. Isto não pode acontecer mais!”.
A reunião abordou os instrumentos jurídicos internacionais que
servirão para perseguir os culpados e puni-los, mudando a mentalidade
equivocada que até hoje não se preocupou com as vítimas que sofrem essas
feridas e essa vergonha.
Entre os objectivos da reunião está o de conseguir que dois terços dos
países que aderiram há seis meses à Declaração de Compromisso pelo Fim
da Violência Sexual nos Conflitos assinem um protocolo com medidas
concretas para pressionar as nações que os cometem ou permitem, além de
garantir que os crimes não prescrevam nem sejam amnistiados, já que são
crimes de lesa-humanidade.
“Eu me empenho”, asseverou o arcebispo de Westminster, “em trabalhar
com vocês para obter estes resultados”. Ele felicitou o ministro
britânico de Assuntos Exteriores, William Hague, e a atriz Angelina
Jolie pelo evento surgido após dois anos de campanha internacional de
sensibilização.
Citando as estatísticas apresentadas, o cardeal considerou “incrível e
chocante” o aumento das violências sexuais nas diversas partes do mundo afectadas pela guerra e declarou que “o dano causado à dignidade humana
de tantas vítimas é tão radical e permanente” que não há palavras
capazes de expressá-lo.
É necessário, prosseguiu, eliminar este vergonhoso delito, é
necessária “uma nova mentalidade radicada numa moral que não considere a
guerra como uma desculpa para abandonar os princípios éticos”.
"As medidas legais propostas por esta reunião para perseguir os
criminosos de guerra encontram raiz nos princípios morais e de justiça,
defendidos também pela Igreja católica”, disse ele.
(13 de Junho de 2014) © Innovative Media Inc.
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