O líder espiritual tibetano, na Itália para algumas conferências, fala ao "Corriere della Sera" a favor do Papa, mas também de seus predecessores, o Papa Bento XVI e João Paulo II
Roma, 13 de Junho de 2014 (Zenit.org)
"O Papa Francisco me parece comprometido com que as pessoas
sejam sinceras, honestas, transparentes”. É a impressão que o Santo
Padre desperta em Tenzin Gyatso, o atual Dalai Lama. O líder espiritual
do Tibete encontra-se nestes dias nas colinas acima de Cecina, na
Toscana, e amanhã e depois de amanhã dará algumas conferências em
Livorno. Entrevistado pelo Corriere dela Sera, falou de vários assuntos:
as relações entre o budismo e cristianismo, a “moda” budista no
Ocidente, na China, os seus hábitos diários e a sua sucessão.
Sobre o actual Papa, o Dalai Lama admite apreciar algumas de suas
escolhas, por exemplo, diz que está "impressionado pela forma como ele
demitiu aquele bispo que vivia na riqueza". Referia-se a Mons.
Franz-Peter Tebartz-van Elst, ex-bispo de Limburg, no centro das polémicas por causa do uso indevido de dinheiro. Depois de ser afastado
pelo Papa, em Março, o prelado renunciou.
De acordo com o Dalai Lama, o papa Francisco, naquele caso destacou a
"contradição" e a "hipocrisia" de "um pastor da Igreja que ensina a
simplicidade” e que, porém, mora “no luxo”. Portanto, o líder espiritual
tibetano observou que o Papa “leva adiante os ensinamentos com vontade e
transparência” e, por isso, “o admiro”.
Admiração que também tem com o Papa emérito Bento XVI. "O papa alemão
recordou que a fé e razão devem sempre andar juntas”, observou o Dalai
Lama, que a considera “uma grande afirmação”, em quanto que “a fé sem
razão não é estável. A ciência está baseada na razão, a religião na fé”.
Ele reforça o seu pensamento quando declara que não está “certo de que a
ciência sem a religião traga benefícios à humanidade”. Refere-se,
portanto, às armas nucleares: “Cientificamente um sucesso, mas sem
princípios morais”.
Só pode dirigir um pensamento de admiração também ao Papa João Paulo
II. Para ele foi um Papa “significativo”. Não esquece que Wojtyla “tem
feito muito para promover a harmonia religiosa”. A sua memória remonta a
1986, ao encontro inter-religioso de Assis, que ele define de
"maravilhoso".
Sobre as ligações entre as várias religiões e as filosofias
espirituais, o Dalai Lama acredita que "levam a mesma mensagem, e é uma
mensagem de amor." "Se você é um praticante religioso, acredita em Deus
ou na lei da causalidade: pela qual não fazes mal ao próximo – continua –
As maiores tradições religiosas mundiais levam à mesma mensagem. Monges
e monjas nos mosteiros e nos conventos católicos praticam a
simplicidade, e dedicam o tempo à oração’. É isso também que “têm em
comum o budismo e o cristianismo”. (Trad.TS)
(13 de Junho de 2014) © Innovative Media Inc.
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