Regina Coeli com o Papa Francisco
Roma, 09 de Junho de 2014 (Zenit.org)
No Regina Coeli deste domingo, 8, Papa Francisco falou sobre a festa de Pentecostes. Eis o texto na íntegra:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A festa de Pentecostes comemora a efusão do Espírito Santo sobre os
apóstolos reunidos no Cenáculo. Como a Páscoa, é um evento que aconteceu
durante a pré-existente festa judaica, e que leva a uma realização
surpreendente. O livro dos Atos dos Apóstolos descreve os sinais e os
frutos daquela extraordinária efusão: o vento forte e as chamas de fogo;
o medo desaparece e dá lugar à coragem; as línguas se soltam e todos
entendem o anúncio. Onde chega o Espírito de Deus, tudo renasce e se
transfigura. O evento de Pentecostes marca o nascimento da Igreja e a
sua manifestação pública; e nos surpreendem dois aspectos: é uma Igreja
que surpreende e desordena.
Um elemento fundamental de Pentecostes é a surpresa. O nosso Deus é o
Deus das surpresas, sabemos disso. Ninguém esperava mais nada dos
discípulos: depois da morte de Jesus, eram um grupo insignificante,
derrotados órfãos de seu Mestre. Em vez disso, se verifica um evento
inesperado que desperta admiração: as pessoas ficam perturbadas porque
cada uma ouvia os discípulos falarem em sua própria língua, contando as
grandes obras de Deus (cfr At 2,6-7.11). A Igreja que nasce em
Pentecostes é uma comunidade que causa admiração porque, com a força que
vem de Deus, anuncia uma mensagem nova – a Ressurreição de Cristo – com
uma linguagem nova – aquela universal do amor. Um anúncio novo: Cristo
está vivo, ressuscitou; uma linguagem nova: a linguagem do amor. Os
discípulos são revestidos de poder do alto e falam com coragem – poucos
minutos antes estavam todos covardes, mas agora falam com coragem e
franqueza, com a liberdade do Espírito Santo.
Assim é chamada a ser sempre a Igreja: capaz de surpreender
anunciando a todos que Jesus Cristo venceu a morte, que os braços de
Deus estão sempre abertos, que sua paciência está sempre ali nos
esperando para nos curar, para nos perdoar. Justamente para esta missão
Jesus ressuscitado doou o seu Espírito à Igreja.
Atenção: se a Igreja está viva, deve sempre surpreender. É próprio da
Igreja viva surpreender. Uma Igreja que não tem a capacidade de
surpreender é uma Igreja fraca, doente, moribunda e precisa ser
internada na unidade de terapia intensiva, o quanto antes!
Alguém, em Jerusalém, teria preferido que os discípulos de Jesus,
bloqueados pelo medo, permanecessem fechados em casa para não criar
desordem. Também hoje tantos querem isso dos cristãos. Em vez disso, o
Senhor ressuscitado leva-os ao mundo: “Como o Pai me enviou, também eu
vos envio” (Jo 20, 21). A Igreja de Pentecostes é uma Igreja que não se
resigna em ser inócua, tão “destilada”. Não, não se resigna a isto! Não
quer ser um elemento decorativo. É uma Igreja que não hesita em ir para
fora, ao encontro do povo, para anunciar a mensagem que lhe foi
confiada, mesmo se aquela mensagem perturba ou inquieta as consciências,
mesmo se aquela mensagem leva, talvez, problemas e também, às vezes,
nos leva ao martírio. Essa nasce una e universal, com uma identidade
precisa, mas aberta, uma Igreja que abraça o mundo, mas não o captura;
deixa-o livre, mas o abraça como a colunata desta Praça: dois braços que
se abrem para acolher, mas não se fecham para segurar. Nós cristãos
somos livres e a Igreja nos quer livres!
Dirijamo-nos à Virgem Maria, que naquela manhã de Pentecostes estava
no Cenáculo, e a Mãe estava com os filhos. Nela a força do Espírito
Santo realizou realmente “coisas grandes” (Lc 1, 49). Ela mesma o havia
dito. Ela, Mãe do Redentor e Mãe da Igreja, obtenha com a sua
intercessão uma renovada efusão do Espírito de Deus sobre a Igreja e
sobre o mundo.
(Trad.:Canção Nova)
(09 de Junho de 2014) © Innovative Media Inc.
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