Ele vincula a ecologia com a antropologia e diz que o entorno natural e o entorno humano se degradam juntos
Madrid,
25 de Novembro de 2015
(ZENIT.org)
Ivan de Vargas
O cardeal espanhol Lluís Martínez Sistach pediu nesta segunda-feira
que a Cúpula do Clima, que acontece em Paris de 30 de novembro a 11 de
dezembro, sirva para “superar os interesses nacionais” e priorizar o bem
comum.
Durante uma conferência sobre a última carta encíclica do papa
Francisco, a Laudato Si’, o cardeal considerou que a atual globalização
tem muitos interesses imediatos que são “um investimento suicida”,
porque o entorno natural e o entorno humano se degradam juntos.
O documento do Santo Padre propõe uma ecologia integral, que o
cardeal Sistach vincula com a antropologia e o humanismo: esta visão
deveria reger uma mudança no modo de vida humano, porque, sem isto,
“todas as mudanças económicas ou geopolíticas seriam insuficientes”.
“O ritmo de exploração superou as possibilidades do mundo e só pode
terminar em catástrofe”, reforçou. Diante disto, é necessário
transformar em sofrimento pessoal o que aconteceu ao mundo e adotar um
estilo de vida mais sóbrio. Sistach também destacou a preocupação social
do pontífice, que “se faz porta-voz dos pobres e da natureza”. Ele
citou problemas como a contaminação da água, que causa doenças em
milhões de pessoas pobres, e a degradação da biodiversidade, que
extingue espécies naturais em nome de interesses privados.
O cardeal falou ainda sobre as reações contrárias ao papa, como as
perguntas de uma prestigiosa revista internacional que se questionava se
Francisco é mesmo católico: “Tocar temas vivos tem esses riscos”,
observou, dizendo que o papa é valente e conhece a ciência.
O administrador apostólico de Barcelona declarou que a encíclica,
apesar de todos os problemas que aborda, reconhece que os seres humanos,
“capazes de extrema degeneração, também são capazes de recuperar-se e
abrir-se para o bem”. Isto quer dizer que a humanidade tem a capacidade
de colaborar.
Especialistas consultados por ZENIT consideram que há razões para
pensar que a iminente Conferência COP21, em Paris, marcará um antes e um
depois na luta contra a mudança climática, graças à obtenção de um
compromisso vinculante e definitivo para a redução de emissões poluentes
a partir de 2020. Até então, durará a prorrogação do Protocolo de
Quioto, que estabelecia para os países signatários um corte de 15% nas
emissões de dióxido de carbono em comparação com as emissões de 1990.
Junto com a União Europeia, a Francia fará o possível para que a
Europa mantenha a dianteira na luta contra a mudança climática. O
presidente François Hollande anunciou que defenderá uma posição
ambiciosa para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 40% até
2030 e em 60% até 2040, sempre em relação a 1990. Outro objetivo é
limitar o aumento da temperatura global em até um máximo de 2º C.
(25 de Novembro de 2015) © Innovative Media Inc.
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