Na
audiência com o Pontifício Conselho dos operadores sanitários, Francisco
exorta a estar do lado de quem sofre, deplorando o mito da “perfeição
física” e da “eterna juventude”
Roma,
19 de Novembro de 2015
(ZENIT.org)
Luca Marcolivio
O respeito pelo "valor da vida" e, ainda mais, o ''amor pela vida”,
torna-se prática, principalmente, no estar ao lado do próximo, no
aproximar-se, no cuidar de quem sofre no corpo e no espírito”.
Foi o que disse o Papa Francisco ao receber na manhã de hoje, em
audiência na Sala Regia do Palácio Apostólico Vaticano, os participantes
da XXX Conferência Internacional promovida pelo Pontifício Conselho dos
operadores sanitários com o tema “A cultura da Saúde e da acolhida a
serviço do homem e do planeta”, aberto hoje no Vaticano e que terminará
no sábado, 21 de novembro.
Depois de salientar a coincidência do Congresso com o vigésimo
aniversário da publicação da Encíclica Evangelium vitae de S. João Paulo
II, o Papa recordou que os valores da solidariedade, da proximidade e
da compaixão, próprios dos operadores sanitários, serão colocados “em
especial destaque durante o Jubileu da Misericórdia, que nos chama a
estar perto dos irmãos e das irmãs que sofrem”.
É precisamente a Evangelium Vitae, além disso, que recoloca os
“elementos constitutivos” da “cultura da saúde” na “acolhida”, na
“compaixão”, na “compreensão” e no “perdão”; as mesmas atitudes que
mostrava normalmente Jesus pela “multidão de pessoas necessitadas que se
aproximavam dele todos os dias: enfermos de todo tipo, pecadores
públicos, possuídos, marginalizados, pobres, estrangeiros", disse o
Santo Padre.
A “inviolabilidade da vida”, como especificava a encíclica de João
Paulo II, implica “exigências positivas” que “vão desde o cuidar da vida
do irmão (familiar, pertencentes ao mesmo povo, estrangeiro que mora na
terra de Israel), ao cuidar do estranho, até amar o inimigo” (EV n °
41).
Esta cultura da proximidade reduz "toda barreira de nacionalidade, de
origem social, de religião” e torna os homens mais semelhantes ao “bom
samaritano” da parábola evangélica.
Assim sendo, supera-se também a distinção de classe em que “tanto nos
Países ricos quanto nos pobres, os seres humanos são aceites ou
rejeitados de acordo com critérios utilitaristas, em particular de
utilidade social ou económica”.
Este tipo de mentalidade, acrescentou Francisco, desemboca na assim
chamada "medicina dos desejos" que, especialmente nos países ricos, leva
à "busca da perfeição física a qualquer custo, à ilusão da eterna
juventude", levando a "descartar ou marginalizar aqueles que não são
"eficientes", que é visto como um fardo, um incómodo".
Ao mesmo tempo, o “tornar-se próximo”, como afirma também a encíclica
Laudato Si’, “traz consigo também assumir-se responsabilidades
obrigatórias com a criação e a “casa comum”, que pertence a todos e foi
confiada aos cuidados de todos, também das gerações vindouras”, recordou
o Papa.
A Igreja tem a intenção de educar para "proteger" e "administrar" a
"família humana" e a "criação como um todo", para que as gerações
futuras a façam mais ainda “humanamente suportável", para alcançar os
"mais pobres e excluídos" em nome da "dignidade humana".
O Santo Padre pediu que, nas vésperas do Jubileu “este grito possa
encontrar eco sincero nos nossos corações, para que também no exercício
das obras de misericórdia, corporal e espiritual, de acordo com as
várias responsabilidades confiadas a cada um, possamos acolher o dom da
graça de Deus”.
O desejo do Pontífice é que as jornadas de estudo promovidas pelo
dicastério vaticano da saúde possam “contribuir para um novo
desenvolvimento da cultura da saúde, compreendida, também essa, em
sentido integral”.
Para isso, Francisco, finamente, incentivou os participantes a terem
presente nos seus debates “a realidade daqueles povos que mais sofrem os
danos provocados pela degradação ambiental, danos graves e muitas vezes
permanentes à saúde”.
(19 de Novembro de 2015) © Innovative Media Inc.
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