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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Giuseppe Toniolo antecipou o papa Francisco

Mais de um século atrás, o beato economista já propunha a caridade como revolução social

Roma, 26 de Novembro de 2015 (ZENIT.org) Antonio Gaspari

Giuseppe Toniolo, economista e sociólogo, foi beatificado por Bento XVI em 29 de abril de 2012. Seu programa social, sua antropologia e sua economia são muito próximos e semelhantes aos que hoje o papa Francisco empreende, conforme afirma o ensaio Alegria solidária, de dom Domenico Sorrentino, bispo de Assis e postulador da causa de beatificação de Toniolo.

Eleito em 13 março de 2013, Francisco pôs no centro do seu programa pastoral os pobres, criticou o utilitarismo e a cultura do descarte e rejeitou a idolatria do dinheiro, que reduz o humano e justifica novas e velhas escravidões. Para dom Sorrentino, Toniolo foi "um precursor e um profeta".

O beato apontou para um compromisso social da Igreja que não se limitasse à caridade individual, mas que fizesse da partilha e da cultura do dom uma verdadeira revolução social. Ele foi um pensador “incómodo”, como é o Evangelho e como são todas as testemunhas radicais da Palavra de Deus.

Toniolo deu continuidade a um grupo de economistas católicos que se opuseram às teorias de Malthus, ao darwinismo social e ao imperialismo britânico. À frente do seu tempo, ele advertiu contra os perigos do comunismo e denunciou os limites do sistema financeiro especulativo. Propôs a cultura do dom e a aliança entre finanças, empresa e trabalho, em defesa e pelo desenvolvimento do bem comum.

Seus ensinamentos ecoam na Evangelii Gaudium, a exortação apostólica em que o papa Francisco critica a economia dominante e diz "não a uma economia da exclusão (EG 53). Não à nova idolatria do dinheiro (EG 55). Não a um dinheiro que governa em vez de servir (EG 57). Não à desigualdade que gera violência (EG 59)".

Toniolo conhecia bem esses problemas e tentou atacá-los com o programa de Milão (1894), em que denunciava a patologia de um comércio onde o dinheiro tendia a assumir um papel autónomo e prevaricante. Logo após a publicação da encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII, Toniolo propôs uma reforma social da prevalência ética sobre as leis da economia. Propôs uma solução da questão social que rejeita tanto o individualismo utilitarista do sistema capitalista quanto o coletivismo materialista defendido pelo socialismo. Ele rejeita as duas ditaduras: a do dinheiro e das finanças e a do estado e do partido.

Dom Sorrentino comenta em seu livro que, no passado, a Igreja tentou combater e limitar a especulação financeira tachando-a de usura e tentando moderar a multiplicação do dinheiro com lucros desproporcionados, em que os emprestadores de dinheiro se tornavam aproveitadores e especuladores, sem a menor relação com a realidade e pondo em risco a organização do trabalho.

A Igreja, desde o início, denunciou os modos de operar em que o bezerro de ouro se torna objeto de idolatria. O dinheiro e a sua multiplicação desmedida assumiram hoje dimensões globais, desafiando todo princípio ético e os mecanismos de regulação.

Para combater a especulação, o economista afirmou: "Na complexidade vertiginosa da vida comercial, é necessário proteger-se contra o monopólio do crédito que beneficia poucos especuladores mediante a comum servidão". É urgente modernizar a repressão legal da usura, sujeitar as bolsas a normas rigorosas e tornar o crédito uma função social, não especuladora.

O programa corresponde às palavras do papa Francisco quando ele afirma que "o dinheiro deve servir e não governar". A Igreja ama todos, ricos e pobres, mas lembra que os ricos devem ajudar, respeitar e promover os pobres. Disse o papa na Evangelii Gaudium: "Exorto-vos à solidariedade abnegada e a um retorno da economia e das finanças a uma ética a favor do ser humano".

(26 de Novembro de 2015) © Innovative Media Inc.
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