O
convite do Papa Paulo VI poderia tornar-se parte do programa das Nações
Unidas para os próximos quinze anos. A proposta foi feita durante um
congresso sobre “Saúde e pobreza” que está acontecendo na Pontifícia
Academia das Ciências
Roma,
26 de Novembro de 2015
(ZENIT.org)
Antonio Gaspari
"A saúde é um estado de graça, de equilíbrio na natureza de cada
indivíduo que faz com que a vida possa fluir corretamente", assim falou
na manhã de hoje mons. Marcelo Sánchez Sorondo, abrindo os trabalhos do
Congresso Internacional sobre “Saúde e pobreza” (26-27 de novembro) que
está acontecendo na casa Pio IV junto à Academia Pontifícia das
Ciências na Cidade do Vaticano.
Falando um pouco sobre as razões deste congresso mons. Sorondo lançou
as perguntas: "Por que esse estado de graça, que é a saúde, não chega a
todos? Por que os pobres têm menos cuidado? E qual é a razão para esta
má distribuição?.
A intenção do congresso é de tentar analisar o problema que tem
dimensões mundiais e elaborar um documento que indica algumas possíveis
soluções.
A primeira palestra foi do prof. Jeffrey Sachs, diretor do Earth
Institute da Universidade de Columbia e assessor especial do secretário
das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
O prof. Sachs recordou os bons resultados que foram alcançados na luta contra a pobreza e o analfabetismo.
São considerados extremamente pobres aqueles que sobrevivem com um
dólar por dia. Desde 1990, as pessoas nestas condições passou de 37%
para 9,6%. Uma redução significativa especialmente nos países do Extremo
Oriente.
Um bom resultado que, porém, não deve iludir-nos porque ainda são
muitas as pessoas que vivem com 2-3 dólares por dia. O prof. Sachs que é
simplista falar em termos monetários para definir a pobreza, mas este é
o parâmetro aceito em todo o mundo.
Segundo o direto do Earth Institute a saúde, a possibilidade de não
adoecer e de ser curado está, infelizmente, estreitamente ligada à
pobreza.
Acontece assim que, em países onde a pobreza é maior a expectativa de
vida está entre as mais baixas, as doenças atingem mais pessoas, e a
mortalidade infantil e materna é altíssima.
Uma pobreza que não afeta só regiões vítimas de subdesenvolvimento mas também periferias das cidades do mundo avançado.
Falando dos objetivos indicados pelas Nações Unidas para os próximos
15 anos, Sachs indicou a luta para erradicar a fome, a educação primária
para todos, a redução da mortalidade infantil e materna, o controle das
epidemias e a sustentabilidade ambiental.
"Nós sabemos que os políticos não gostam de ouvir falar dos pobres", -
disse Sachs - mas temos que abrir as nossas mentes, e ler com atenção a
Laudato Si do Papa Francisco.
Neste sentido, o professor. Sachs tomou as palavras de Paulo VI que
na Populorum Progressio falava de "Desenvolvimento como um novo nome da
paz" propondo que possa se tornar o slogan do programa das Nações
Unidas, “o desenvolvimento sustentável é o novo nome da Paz”.
Sobre a Paz Sachs disse que está preocupado com a atitude do seu
país, os Estados Unidos, tão focado nas questões geopolíticas, deixando
de lado questões importantíssimas como aquelas de caminhar rumo a um
desenvolvimento sustentável. “Abandonemos as guerras”, concluiu Sachs.
A pediatra e endocrinologista Sonia Ehrlich Sachs, disse que a região
mais afetada pela pobreza e pelas doenças é a região subsaariana, onde a
expectativa de vida é de 37 anos, com os mais idosos que chegam a 51
anos.
O maior número de mortes de crianças e mães são nos primeiros mil dias pós-parto.
E é justamente para reduzir drasticamente a mortalidade de mães e
crianças que está se implementando um programa com médicos locais para
fornecer uma adequada alimentação, boas condições higiénico-sanitárias e
cuidados adequados com as mães na gravidez, seguindo-as até o
nascimento e nos seguintes mil dias nos quais os bebés se tornam
bastante fortes para encarar a vida. A doutora Ehrlich Sachs explicou
também como se está construindo uma rede de médicos locais com o auxílio
também de uma APP “CommCare” para recolha de dados, partilha de
informação, cuidados e intervenções higiénico-sanitárias.
Na parte da manhã falaram também os professores Manuel Luis Marti,
vice-presidente da Academia Nacional de Medicina de Buenos Aires, que
falou das suas experiências de médico itinerante nas regiões mais pobres
da Argentina e o economista Luis Alberto Beccaria que explicou a
estreita ligação que existe entre as dificuldades económicas e a saúde
física e mental da população.
(26 de Novembro de 2015) © Innovative Media Inc.
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