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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

"Desenvolvimento ‘sustentável’ é o novo nome da Paz”

O convite do Papa Paulo VI poderia tornar-se parte do programa das Nações Unidas para os próximos quinze anos. A proposta foi feita durante um congresso sobre “Saúde e pobreza” que está acontecendo na Pontifícia Academia das Ciências

Roma, 26 de Novembro de 2015 (ZENIT.org) Antonio Gaspari

"A saúde é um estado de graça, de equilíbrio na natureza de cada indivíduo que faz com que a vida possa fluir corretamente", assim falou na manhã de hoje mons. Marcelo Sánchez Sorondo, abrindo os trabalhos do Congresso Internacional sobre “Saúde e pobreza” (26-27 de novembro) que está acontecendo na casa Pio IV junto à Academia Pontifícia das Ciências na Cidade do Vaticano.

Falando um pouco sobre as razões deste congresso mons. Sorondo lançou as perguntas: "Por que esse estado de graça, que é a saúde, não chega a todos? Por que os pobres têm menos cuidado? E qual é a razão para esta má distribuição?.

A intenção do congresso é de tentar analisar o problema que tem dimensões mundiais e elaborar um documento que indica algumas possíveis soluções.

A primeira palestra foi do prof. Jeffrey Sachs, diretor do Earth Institute da Universidade de Columbia e assessor especial do secretário das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

O prof. Sachs recordou os bons resultados que foram alcançados na luta contra a pobreza e o analfabetismo.

São considerados extremamente pobres aqueles que sobrevivem com um dólar por dia. Desde 1990, as pessoas nestas condições passou de 37% para 9,6%. Uma redução significativa especialmente nos países do Extremo Oriente.

Um bom resultado que, porém, não deve iludir-nos porque ainda são muitas as pessoas que vivem com 2-3 dólares por dia. O prof. Sachs que é simplista falar em termos monetários para definir a pobreza, mas este é o parâmetro aceito em todo o mundo.

Segundo o direto do Earth Institute a saúde, a possibilidade de não adoecer e de ser curado está, infelizmente, estreitamente ligada à pobreza.

Acontece assim que, em países onde a pobreza é maior a expectativa de vida está entre as mais baixas, as doenças atingem mais pessoas, e a mortalidade infantil e materna é altíssima.

Uma pobreza que não afeta só regiões vítimas de subdesenvolvimento mas também periferias das cidades do mundo avançado.

Falando dos objetivos indicados pelas Nações Unidas para os próximos 15 anos, Sachs indicou a luta para erradicar a fome, a educação primária para todos, a redução da mortalidade infantil e materna, o controle das epidemias e a sustentabilidade ambiental.

"Nós sabemos que os políticos não gostam de ouvir falar dos pobres", - disse Sachs - mas temos que abrir as nossas mentes, e ler com atenção a Laudato Si do Papa Francisco.

Neste sentido, o professor. Sachs tomou as palavras de Paulo VI que na Populorum Progressio falava de "Desenvolvimento como um novo nome da paz" propondo que possa se tornar o slogan do programa das Nações Unidas, “o desenvolvimento sustentável é o novo nome da Paz”.

Sobre a Paz Sachs disse que está preocupado com a atitude do seu país, os Estados Unidos, tão focado nas questões geopolíticas, deixando de lado questões importantíssimas como aquelas de caminhar rumo a um desenvolvimento sustentável. “Abandonemos as guerras”, concluiu Sachs.

A pediatra e endocrinologista Sonia Ehrlich Sachs, disse que a região mais afetada pela pobreza e pelas doenças é a região subsaariana, onde a expectativa de vida é de 37 anos, com os mais idosos que chegam a 51 anos.

O maior número de mortes de crianças e mães são nos primeiros mil dias pós-parto.

E é justamente para reduzir drasticamente a mortalidade de mães e crianças que está se implementando um programa com médicos locais para fornecer uma adequada alimentação, boas condições higiénico-sanitárias e cuidados adequados com as mães na gravidez, seguindo-as até o nascimento e nos seguintes mil dias nos quais os bebés se tornam bastante fortes para encarar a vida. A doutora Ehrlich Sachs explicou também como se está construindo uma rede de médicos locais com o auxílio também de uma APP “CommCare” para recolha de dados, partilha de informação, cuidados e intervenções higiénico-sanitárias.

Na parte da manhã falaram também os professores Manuel Luis Marti, vice-presidente da Academia Nacional de Medicina de Buenos Aires, que falou das suas experiências de médico itinerante nas regiões mais pobres da Argentina e o economista Luis Alberto Beccaria que explicou a estreita ligação que existe entre as dificuldades económicas e a saúde física e mental da população.

(26 de Novembro de 2015) © Innovative Media Inc.
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