Francisco recordou aos líderes
anglicanos, muçulmanos, hindus e de outras religiões que a cooperação é
uma bênção para as comunidades
Roma,
26 de Novembro de 2015
(ZENIT.org)
Sergio Mora
O Papa Francisco deu início ao segundo dia de sua visita apostólica
ao Quénia com um encontro inter-religioso e ecuménico na capital
Nairobi, no salão da Nunciatura Apostólica.
No país onde se convive com diferentes religiões: muçulmanos,
anglicanos, hindus, pentecostais, católicos e outros credos, em que o
diálogo inter-religioso é algo familiar, o Papa recordou que ao cuidar
do crescimento espiritual das nossas comunidades, tornamo-nos uma bênção
para as comunidades. Portanto, "a cooperação entre os líderes
religiosos e as suas comunidades torna-se um importante serviço ao bem
comum".
O Papa quis sublinhar o papel essencial das religiões “para se formar
as consciências, incutir nos jovens os valores espirituais profundos de
nossas respectivas tradições, formando bons cidadãos, capazes de
impregnar a sociedade civil de honestidade, integridade e uma visão do
mundo que valorize a pessoa humana no que diz respeito ao poder e ao
ganho material".
Ele destacou ainda que "o Deus a quem procuramos servir, é um Deus de
paz. O seu santo nome não deve jamais ser usado para justificar o ódio e
a violência".
Recordando o Concílio Vaticano II, no qual a Igreja Católica se
comprometeu no diálogo ecuménico e inter-religioso, o Papa reafirmou
“que nasce da nossa convicção da universalidade do amor de Deus e da
salvação que Ele oferece a todos”.
Segue o texto completo:
Queridos amigos!
Agradeço a vossa presença aqui hoje e a oportunidade de partilhar
estes momentos de reflexão convosco. De modo particular, quero agradecer
a D. Kairo, ao Arcebispo Wabukala e ao Professor El-Busaidy as palavras
de boas-vindas que me dirigiram em nome pessoal e das respectivas
comunidades. Considero importante que, ao visitar os católicos duma
Igreja local, sempre tenha ocasião de encontrar os líderes de outras
comunidades cristãs e de outras tradições religiosas. Tenho esperança de
que este tempo transcorrido em conjunto possa ser um sinal da estima da
Igreja pelos seguidores de todas as religiões; possa este encontro
ajudar a fortalecer os laços de amizade que já existem entre nós.
A bem da verdade, esta relação coloca-nos perante um desafio; põe-nos
questões. Mas o diálogo ecuménico e inter-religioso não é um luxo. Não é
algo exterior ou opcional, mas é essencial, algo de que o nosso mundo,
ferido por conflitos e divisões, tem cada vez mais necessidade.
Com efeito, as crenças religiosas e a maneira de as praticar influem
sobre aquilo que somos e a compreensão do mundo que nos rodeia. São,
para nós, fonte de iluminação, sabedoria e solidariedade, enriquecendo
assim as sociedades onde vivemos. Ao cuidar do crescimento espiritual
das nossas comunidades, ao formar as mentes e os corações para a verdade
e os valores ensinados pelas nossas tradições religiosas, tornamo-nos
uma bênção para as comunidades onde vive o nosso povo. Numa sociedade
democrática e pluralista como o Quénia, a cooperação entre os líderes
religiosos e as suas comunidades torna-se um importante serviço ao bem
comum.
À luz disto e num mundo cada vez mais interdependente, vemos cada vez
mais claramente a necessidade da compreensão inter-religiosa, da
amizade e da cooperação na defesa da dignidade conferida por Deus a cada
um dos indivíduos e aos povos, e o seu direito de viver em liberdade e
felicidade. Ao defender e respeitar tal dignidade e tais direitos, as
religiões desempenham um papel essencial para se formar as consciências,
incutir nos jovens os valores espirituais profundos das nossas
respectivas tradições, formando bons cidadãos, capazes de impregnar a
sociedade civil de honestidade, integridade e uma visão do mundo que
valorize a pessoa humana no que diz respeito ao poder e ao ganho
material.
Penso aqui na importância da nossa convicção comum segundo a qual, o
Deus a quem procuramos servir, é um Deus de paz. O seu Nome Santo não
deve jamais ser usado para justificar o ódio e a violência. Permanece
viva, em vós, a memória deixada pelos bárbaros ataques ao Westgate Mall,
ao Garissa University College e a Mandera. Com muita frequência,
tornam-se os jovens extremistas em nome da religião para semear
discórdia e terror, para dilacerar o tecido das nossas sociedades. Como é
importante que nos reconheçam como profetas de paz, pacificadores que
convidam os outros a viver em paz, harmonia e respeito mútuo! Que o
Todo-Poderoso toque os corações de quantos estão envolvidos nesta
violência e conceda a sua paz às nossas famílias e comunidades.
Queridos amigos, comemora-se este ano o cinquentenário do
encerramento do Concílio Vaticano II, no qual a Igreja Católica se
comprometeu no diálogo ecumênico e inter-religioso ao serviço da
compreensão e da amizade. Pretendo reiterar este compromisso, que nasce
da nossa convicção da universalidade do amor de Deus e da salvação que
Ele oferece a todos. O mundo espera, e com razão, que os crentes
trabalhem juntamente com as pessoas de boa vontade para enfrentar os
numerosos problemas da família humana. Com os olhos no futuro, rezemos
para que todos os homens e mulheres se considerem irmãos e irmãs, unidos
pacificamente nas suas diferenças e através delas. Rezemos pela paz!
Agradeço a vossa atenção, e peço a Deus Todo-Poderoso que vos
conceda, a vós e às vossas comunidades, a abundância das suas bênçãos.
(26 de Novembro de 2015) © Innovative Media Inc.
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