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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O papa, a África e a ecologia

O plantio de uma árvore no jardim presidencial de Nairobi é um ato simbólico de reconciliação com o ambiente natural e humano de todo um continente

Roma, 26 de Novembro de 2015 (ZENIT.org)

Em 25 de novembro de 2015, no jardim do palácio presidencial em Nairobi, o papa Francisco seguiu a tradição dos jovens alunos quenianos de plantar uma árvore para a posteridade. É um gesto que evoca a ecologia humana da encíclica Laudato Si’ e que torna proféticas aquelas intenções de Jacques Diouf na véspera do segundo Sínodo para a África.

A má governação gera má economia, o que explica não só o paradoxo da pobreza num continente tão rico em recursos e em potencial, mas também a existência de tensões sociais muitas vezes devidas a desigualdades e conflitos regionais, como sempre diz o cardeal ganês Peter Turkson, que está acompanhando a viagem apostólica.

O Quênia talvez seja o país africano que mais desenvolveu o turismo focado na valorização das suas belezas naturais, através dos safaris. Em suaíli, "safari" significa "longa jornada", um tema caro à dinâmica sinodal que o papa Francisco está propondo à Igreja.

Em seu discurso às autoridades e representantes do corpo diplomático no palácio do governo, Francisco se inspirou na "imensa beleza do Quênia, suas montanhas, seus rios e lagos, suas florestas, savanas e lugares semidesertos". Não é só uma referência à preservação da "casa comum" da criação, mas também à busca do bem comum em "clara ligação entre a proteção da natureza e a construção de uma ordem social justa e equitativa".

Na África da maior taxa de natalidade do mundo e com a média de idade da população mais baixa do mundo, alternam-se decepções e esperanças desde a descolonização até a neocolonização impiedosa.

De acordo com o teólogo congolês Bénezet Bujo, a cultura africana está se secularizando, mas persistem, especialmente em áreas suburbanas, as constantes da rica identidade religiosa africana em crenças ancestrais e cosmogonias espirituais.

A propagação do fenómeno da corrupção nas instituições públicas é interpretada como a permanência de uma visão distorcida do conceito de família, que, em condições de escassez de recursos, pensa na salvação do grupo e desconhece o conceito ocidental do bem comum.

A árvore plantada pelo papa Francisco quer representar, em harmonia com a cultura africano e com a sua eclesiologia, o "ponto de encontro", da escuta da Palavra, onde o cristianismo pode orientar o processo de humanização em termos de relacionamento, de fraternidade e de partilha, como Bento XVI declarava na Caritas in Veritate.

(26 de Novembro de 2015) © Innovative Media Inc.
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