Declaração do Conselho de Imãs da
França será distribuída em todas as 2500 mesquitas do país. Forte
condenação aos atentados da semana passada.
Roma,
20 de Novembro de 2015
(ZENIT.org)
Hoje nas orações de sexta-feira em todas as 2500 mesquitas da
França será distribuída uma “declaração solene”, acordada pelo
Conselho de Imãs da França, depois dos atentados de Paris. É a primeira
vez que algo assim acontece.
Os imãs franceses condenam duramente aqueles que fizeram do Islão uma
seita odiosa e que manipulam os jovens franceses para se tornarem bombas
terroristas.
A declaração diz que acabou o momento dos muçulmanos franceses
esconderem a cabeça na areia, como o avestruz, porque estão usando o
nome da sua religião para justificar tais barbaridades. Segue abaixo a
tradução feita por ZENIT do texto do Conselho dos Imãs da França:
***
Caras muçulmanas e muçulmanos,
O Islão, a religião da paz tornou-se refém nas mãos de extremistas e
ignorantes. O Islão existe na Europa há um século. Este sempre viveu em
harmonia e coexistência com as sociedades europeias até a chegada de
alguns muçulmanos que vocês conhecem porque pregam connosco dentro das
nossas mesquitas. Eles são jovens nascidos na Europa, que não falam a
língua árabe e que não têm nenhum título em teologia muçulmana. Nós
temos utilizado certos imãs do exterior que nem sequer falam a língua
francesa e que não conhecem os problemas reais que estes jovens
franceses e europeus enfrentam no seio das sociedades ocidentais.
Caros muçulmanos e caras muçulmanas,
há anos que se diz que o Islão no ocidente não é semelhante ao Islão
que se conhece. Segundo a ideologia destes islamitas ignorantes, o Islão
da tolerância, do humanismo e da abertura e do diálogo inter-religioso tornou-se uma traição e uma colaboração com o Ocidente, de modo que os
imãs tolerantes foram ameaçados dentro das suas próprias mesquitas por
esses extremistas que escolheram a dureza e ódio contra qualquer um que
seja diferente, até mesmo se os diferentes são muçulmanos.
Os responsáveis do Islão na França não estão à altura dos verdadeiros
valores do Islão, nem à altura dos verdadeiros valores da república. Eles
fizeram do nosso Islão universal uma religião sectária e odiosa que não
aceita a abertura e a adaptação aos valores europeus. Estes imãs
incompetentes como esses líderes fracassados devem deixar seus postos
para outros que são mais competente e mais abertos, porque estes não
foram capazes de tranquilizar nem os muçulmanos, nem os franceses.
Caros muçulmanos, caras muçulmanas,
essa onda de radicalismo só vai parar com a colaboração dos
imãs, dos pregadores religiosos, dos muçulmanos comuns com o Estado, dos
legisladores, da sociedade civil, no interesse da sociedade, mas
especialmente no interesse do futuro dos filhos dos muçulmanos da
Europa. Esse futuro está em perigo mais do que nunca.
Caros muçulmanos e caras muçulmanas, prestem atenção às pessoas que
tentam justificar o injustificável em nome do racismo, da marginalização
e da história da colonização. São pretextos para dissimular o seu ódio e
os seus fanatismos religiosos em nome de um Deus que nos criou para o
amor e a fraternidade e não para a guerra e a barbárie.
Os terroristas tinham seus pais, tinham famílias. O que eles ensinaram? Foram vencidos pela internet e as redes sociais?
Caros muçulmanos, caras muçulmanas,
a condenação dos ataques não é mais suficiente, porque não
podemos mais continuar a fazer como o avestruz. Não podemos esconder as
nossas cabeças debaixo da areia, repetindo esta frase ruim: “Não somos
nós, são eles!”.
Cada imã, cada líder religioso e cada muçulmano deve assumir sua
parcela de responsabilidade porque estes atentados criminosos foram
cometidos em nome da nossa religião.
Os cristãos, os judeus e os ateus vivem com dificuldade no mundo
muçulmano. Construir uma igreja ou uma sinagoga é um sonho impossível
nesses países, até ao ponto de [pedir] a intervenção do Presidente da
República!
Em vez disso, os muçulmanos na França e na Europa vivem com
toda liberdade e dignidade. Eles constroem mesquitas, centros islâmicos e
escolas religiosas sem nenhuma sabotagem ou exclusão.
Primeiramente nós somos franceses muçulmanos antes mesmo de sermos
muçulmanos franceses porque é a França que nos coloca juntos. Portanto, a
religião deve permanecer em seu espaço privado porque a religião deve
ser um fator de paz e de fraternidade, com a condição de que se
interpretem os textos religiosos de modo positivo e construtivo.
Caros muçulmanos e caras muçulmanas,
Muitos dos nossos jovens sofrem de um trauma religioso, cultural e de
identidade. É necessário implementar os melhores métodos para combater
as idéias de ódio dentro de nossa religião, bem como a fragilidade e os
nossos jovens muçulmanos perante o pseudo Islam siro-Hollywoodiano. Este
usa imagens e propaganda para manipular e radicalizar a maioria dos
jovens, que podem se tornar as bombas terroristas que querem destruir os
valores dos países ocidentais, mas na verdade eles destroem a imagem do
Islão e o futuro do Islão na França e na Europa. Estes países ainda nos
oferecem mais benefícios e vantagens do que o que nós encontramos nos
nossos países de origem, apesar de todas as dificuldades que,
certamente, existem nos bairros e nas periferias.
Caros muçulmanos, caras muçulmanas,
O que está em jogo é o futuro da vossa religião e o destino dos
vossos filhos e cabe a nós, muçulmanos, decidir agir ou não agir.
Viva os verdadeiros valores do Islão e viva os verdadeiros valores da república!
(20 de Novembro de 2015) © Innovative Media Inc.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário