Após o discurso
que o Papa Francisco pronunciou no encerramento do último Sínodo, há duas
atitudes possíveis: passar ao lado ou perceber que é este o mundo onde eu vivo e, por isso, o tema me diz respeito.
O tema é escabroso; trata-se de uma
realidade cada vez mais presente em todos os ambientes: o da pedofilia. O Papa,
talvez a pessoa mais bem informada em todo o mundo, assume responsabilidades,
toma atitudes corajosas, justas e exemplares e, sobretudo, elucida-nos a vários
níveis. É normal que eu e cada um de
nós nos sintamos revoltados, desanimados e incapazes de agir. É normal, já o
dissemos, mas não é justo. Eu tenho
de reagir; eu quero
responsabilizar-me naquilo que me corresponde. E já.
Começarei
por focar-me em três pontos:
1º) Olhar
em volta e para dentro
2º) Prestar maior atenção à família
3º) Aceitar o compromisso
1º) Olhar
em volta. É cada vez mais difícil acompanhar e, sobretudo, escolher as
notícias importantes. No entanto, eu
percebo que as pessoas com quem convivo e os locais que frequento me
proporcionam as informações mais importantes para os meus interesses. É para essas
que devo olhar e isso é viável. Assim tenha eu a vontade e o valor de focar a minha atenção nos assuntos da
minha responsabilidade e não perder tempo com
notícias...fúteis. Olhar para
dentro. A única pessoa que manda em mim sou eu. Eu posso obedecer ou
desobedecer ao meu patrão, mas sempre porque quero; obedecer ou desobedecer é
um ato da minha total responsabilidade porque sou livre e devo responsabilizar-me
pelo que faço. Convém que eu preste
atenção às minhas forças e capacidades. Todos somos únicos e diferentes, mas eu tenho obrigação de pensar para
conhecer a minha realidade e as minhas capacidades para fazer o que posso no
tempo certo.
2º) Atenção
à Família. As estatísticas confirmam que os casos de pedofilia se
concentram preferentemente no âmbito familiar, de vizinhos ou amigos íntimos. Eu posso estar mais presente nos
encontros dos meus filhos com os primos
(é mesmo importante), com os amigos ( as mães, sobretudo, podem pedir ajuda a
outras mães para as ajudar nas festas das crianças, pois têm maior
sensibilidade para perceber o que se está a passar; os pais podem aparecer no
final para dar apoio). Devo ser eu a
explicar aos meus filhos as origens da vida, o que é o amor humano (instintivo,
sim, mas voluntário porque somos pessoas e não um animais, “Não se vai para a cama três dias após o
primeiro encontro, não se sai dela cinquenta anos depois” (li algures), a
sua grandeza é proveniente de uma lei divina: crescei e multiplicai-vos. Devo
responsabilizar-me por a cumprir eu
e ajudar, os que de mim dependem, a cumpri-la. Como cidadão, eu devo votar nos partidos que garantem
a proteção da vida (desde o início da vida até à morte natural), o respeito
pelos deveres familiares (educação dos filhos, liberdade de escolha dos
estabelecimentos de ensino, do médico de família, do tipo e nível de educação...),
etc. Eu devo denunciar os delitos
extremos, embora o dever me doa. É a dor que acompanha a lealdade, a virtude de
ser veraz e amigo.
3º) Não
ter medo ao compromisso, ou seja, querer mesmo fazer tudo quanto esteja ao
meu alcance para alcançar a verdade e o bem. Eu posso e devo respeitar o meu cônjuge mesmo antes de o conhecer.
Como? Protegendo o meu coração. Está na minha mão evitar ambientes, leituras,
filmes, amizades... que podem desenvolver o meu instinto animal e fazer-me
desanimar de sonhar em grande: uma família bem constituída onde todos se ajudam
mutuamente. Eu posso compreender que
não devo namorar até ter as condições necessárias, mas ter automóvel,
televisão, , máquina de lavar... não são condições necessárias; e menos ainda
uma lua-de-mel nas Caraíbas. A primeira e verdadeira condição é eu ser capaz de amar e tornar os outros
felizes – cônjuge, filhos, sogros, cunhados...felizes. Sou eu quem deve ajudar a corrigir os defeitos dos meus filhos,
chamar-lhes a atenção, ensiná-los a distinguir o bem do mal e a não magoar nem
humilhar os outros. Sendo mulher, eu
posso procurar vestir-me e comportar-me de modo elegante e discreto, sem tomar
atitudes provocadoras.
Eu
posso reconhecer o pouco que sou e admirar-me, afinal, com o muito que posso
fazer. Se até eu consigo escrever
algumas ideias, embora incompletas, para delas me servir como recordatório ...
Isabel Vasco Costa

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