Podemos ainda surpreender-nos? Para já, é apenas uma sondagem realizada na Bélgica, mas o Le Soir,
que divulgou os resultados, diz que a notícia é assombrosa: 40 por
cento dos belgas “pensam seriamente conservar o equilíbrio” da Segurança
Social cortando nos gastos de tratamentos dispendiosos que prolonguem a
vida a pessoas com mais de 85 anos.
“Adivinha-se o que vem a seguir”, escrevia o jornal, dia 19, quando
divulgou a notícia: “Teríamos rapidamente uma medicina a duas
velocidades, entre os pacientes que devem contentar-se com a Segurança
Social e aqueles que têm meios para pagar os medicamentos não reembolsados ou as operações”.
A mesma fonte acrescenta que na Holanda já não se colocam estimuladores cardíacos (pacemakers)
a pessoas com mais de 75 anos, uma vez que o temo útil de vida do
aparelho ultrapassa em muito a esperança de vida do paciente.
No lado oposto, apenas 35 por cento dos inquiridos se opõem à ideia
de parar tratamentos e cuidados vitais para as pessoas mais idosas.
Há mais flamengos do que valões (francófonos) a defender a ideia do
fim dos tratamentos. Em contraste, apenas 17 por cento são favoráveis a
não reembolsar as despesas de doenças ou acidentes em resultado de
comportamentos pessoais como o tabaco ou a alimentação que conduz à
obesidade.
O resultado da sondagem diz ainda que 69 por cento dos inquiridos
considera legítimo gastar 50 mil euros num tratamento que prolongue a
vida, mas apenas 28 por cento aceita essa ideia se o doente tiver mais
de 85 anos. Se a pessoa estiver em coma e o tratamento permitir apenas
um ano de vida, um em cada três belgas (33 por cento) concorda.
“As percentagens a favor da exclusão são chocantes”, comentava o
professor Elchardus, responsável pelo inquérito realizado pelo instituto
Inami.
O Le Soir publicou, sobre o tema, um extenso dossiê,
dedicado ao tema (apenas acessível aos assinantes da edição do jornal em
linha). Nesse trabalho, o jornal recorda, por exemplo, que a deputada
Corine Ellemeet, do partido GroenLinks (Esquerda Verde), colocou como
condição sine qua non das próximas negociações para uma coligação de Governo a diminuição dos tratamentos a pessoas com mais de 70 anos.
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