Páginas

domingo, 31 de março de 2019

Estar no mundo sem ser mundano


Não é um chavão, não é uma incoerência, não é uma ironia, tão pouco uma atitude démodé, mas pode ser, simplesmente, uma forma de viver com um estilo muito próprio e pessoal, escolhido em consciência e com sentido de independência face a todo o exterior que não é edificante.

Não se trata de não ver, mas de não reparar, de não querer prender o olhar, a intenção e o coração no que não consideramos valer a pena, no que nos distrai, afasta e perturba a nossa interioridade.

Da avalanche das solicitações consumistas, aos imperativos de sensualidade que proliferam ao nosso redor, quer nos espectáculos, nos canais televisivos, nos mass media em geral, não escapando ao virtual, a todo o momento somos fustigados por uma avalancha de paganismo, em clima de sensualidade, senão mesmo de descaradamente porno, sem que disso, muitas pessoas já se apercebam, tal é a intoxicação intensiva e dirigida que quase parece normal, politicamente correcto, inofensivo. Mas não, é perverso, é manipulador, é terrorismo sem armas, é colonizador de consciências e fomentador do mal, do péssimo.

Consequências? Desagregação de costumes, fragilidades afectivas, violência doméstica, por domesticar ou selvagem, anarquia e confusão de comportamentos, ausência de bons exemplos, de condições edificantes para a sociedade e para os jovens em geral.

Banalizou-se o mal, banalizaram-se os comportamentos desviantes, as poses infelizes de provocação sexual, da mentiras, de traições, de corrupções a todos os níveis, em vez de afirmação pessoal honesta, com dignidade e edificante.

É bom andarmos no mundo, neste mundo maravilhoso, mas com o olhar limpo, sem nos deixarmos salpicar nem ofuscar, olhando bem com os olhos e o coração, ver o que nos apresentam com muito espectáculo, e saber discernir do que é medíocre, mesquinho, sem grandeza, sem dimensão de mais além, na linha do Belo, do Bem e da Verdade.

Um pouco mais de bom senso, um pouco mais de sobriedade, um pouco mais de dignidade e de respeito pela grandeza da natureza humana, pelo mundo maravilhoso que temos e pela sociedade que nos compete proteger e aperfeiçoar.

Joana Cordeiro



1 comentário:

  1. Ups, fabuloso, é isso mesmo…
    Adorei a paisagem, o texto e a mensagem…
    Bem haja Joana

    ResponderEliminar