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domingo, 31 de março de 2019

Promessa de Amor

“Permanecei em mim e Eu permanecerei em vós”. Foi este o mote para mais uma narrativa, num dia ameno, cheio de sol, convidativo para aproveitar e usufruir da natureza. Levantei-me de manhã cedo neste domingo de Quaresma que se augura um tanto preenchido. Há que aproveitar esta disponibilidade. Enquanto avó, aproximam-se as férias escolares da Páscoa e as atividades a desenvolver então serão diferentes. Aproveitaria para almoçar com uma amiga já com 99 anos numa residência para idosos. Um pacote de amêndoas recheadas de chocolate faria as suas delícias. Como de costume recordámos os tempos passados e comentámos o momento presente de um modo positivo, perspetivando-se o envelhecimento enquanto idade de ouro. Referi com satisfação que este é o tema de uma ação de formação que vai decorrer em breve. Com a conversa em dia, feliz por ver que a minha amiga se encontrava bem, resolvi dar um agradável passeio à beira-rio no sentido de ganhar balanço para a próxima visita. Tantas famílias com crianças, desportistas, turistas e caminhantes como eu. A certa altura tive de fazer uma pequena paragem no sentido de deixar passar não só os biciclistas, como todos os diferentes meios de transporte pessoais existentes hoje em dia: trotinetes, triciclos, entre outros. Já revigorada parti rumo a um hospital de Lisboa com o objetivo de visitar uma amiga que sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) grave. No caminho pensava na importância de fazermos sempre a medicação para a hipertensão. Procuro prevenir tendo esse cuidado. Esta minha amiga médica, fez um surto repentino de hipertensão com 27 de máxima e 12,5 de mínima. E o resultado estava à vista. De coração pesaroso, cheia de dor, procurei animá-la, incutir-lhe alguma força, bem como à família. Animei-me quando a sua mão se mexeu para fazer uma pequena festa adormecendo seguidamente. Olhei para o seu filho que repleto de fé e de esperança referia os pequenos/grandes progressos. Não há dor maior do que ver uma mãe assim. Saí do hospital a pensar como a oração podia ajudar, ser um bálsamo. Prometi voltar em breve.

Pouco depois, um polícia de trânsito mandou-me fazer um desvio. Meu Deus, vou ter que dar algumas voltas, não me quero perder. Um pouco mais à frente outro agente da autoridade, de um modo amável, pediu-me para parar, referindo que não era por muito tempo. Ia passar a Procissão do Senhor dos Passos do Desterro. Ficou surpreendido quando eu referi: “Que bom, posso sair do carro para ver?” Admirado anuiu referindo: “Tem que ficar ao pé do carro, de qualquer modo ninguém pode passar!”. Suspirei fundo com esta prova de amor de Jesus, que me quis consolar e mostrar o seu sofrimento carregando a cruz. Saí do carro pensando interiormente: “De todo o coração Vos louvo, Vos adoro e Vos dou graças”. É o Amor que levou Jesus ao Calvário, com a alma despedaçada pela dor recordo: “Ó meu povo! Que te fiz Eu ou em que te contristei? Depois a frase de Jesus: “Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. São Josemaria escreveu no seu livro Via Sacra: “A ti, que desmoralizas, repetir-te-ei uma coisa muito consoladora: a quem faz o que pode, Deus não lhe nega a Sua graça”. Nosso Senhor é Pai. E, se um filho lhe diz na quietude do seu coração, meu Pai do Céu, aqui estou, ajuda-me… Se recorre à Mãe de Deus que é Nossa Mãe vai para a frente. Nossa Senhora das Dores, chora acompanhando o seu Filho muito amado sob o seu olhar amoroso. “Virgem dolorosa, ajuda-nos a reviver aquelas horas muito amargas, que o teu Filho quis passar na terra, para que nós feitos de um punhado de lodo, vivêssemos por fim, na liberdade e glória dos filhos de Deus” (Ibidem).

A procissão passou. O agende da autoridade trouxe-me ao momento presente que me consolou das agruras da vida. “É preciso tirar o carro”. Sorri agradecida e parti rumo ao futuro. Que belo domingo de Quaresma que me encontro a vivenciar. Invadida pelo cansaço talvez devido a alguma desidratação resolvi parar num café. Por sinal era novo denominado Jeronymo. Constituiu uma agradável surpresa. Os bolos de fatia tinham um excelente aspeto. O café era bom. Já refeita prossegui o meu percurso. Tinha chegado a altura de assistir à missa dominical. O sacerdote, na homilia, entre outros, referiu a queda da Torre de Siloé que matou 18 pessoas. Notícias semelhantes ocorrem hoje em dia, ou seja, as catástrofes naturais, dando como exemplo a situação vivenciada em Moçambique e países vizinhos. Abordou ainda os acontecimentos que têm lugar devido à atitude dos homens. Temos o exemplo da Venezuela. Ambas são situações dramáticas que prejudicam inocentes. Com algum grau de frequência questionamos porque é que Deus permite estes acontecimentos? Nós enquanto cristãos somos chamados à prática da penitência, da oração e a servir o próximo ou seja um apelo à caridade, atuando através de nós que somos seus filhos. Temos de desenvolver esforços no sentido de procurar ser a voz de Deus junto dos que mais necessitam. Que a nossa vida dê frutos. Termino este artigo como iniciei recordando as palavras de Jesus: “Permanecei em Mim e eu permanecerei em vós”, e ainda recordando como “sobressai de um modo notável a presença de Sua Mãe, a virgem Maria no Calvário. Permaneceu como uma mãe o faz junto do leito da pessoa querida que muito ama. Maria olhava para Jesus e Jesus para Ela. Em comunhão com Jesus sofredor e agonizante suportou a dor e quase a morte…Jesus, vendo a sua mãe e o discípulo a quem muito amava, que estava ali, disse a sua mãe: “Mulher eis o teu filho. Depois diz ao discípulo: Eis a tua mãe”. João será desde esse momento o filho de Maria e, em João todos os homens. Sabia Jesus que os seus discípulos de todas as épocas constantemente necessitariam de uma Mãe que os protegesse, que os levantasse e que intercedesse por eles. (F. Fernandez-Carvajal, in Vida de Jesus). Que enorme Promessa de Amor!

Maria Helena Paes



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