
Pouco depois, um polícia de trânsito mandou-me fazer um desvio.
Meu Deus, vou ter que dar algumas voltas, não me quero perder. Um pouco mais à
frente outro agente da autoridade, de um modo amável, pediu-me para parar,
referindo que não era por muito tempo. Ia passar a Procissão do Senhor dos
Passos do Desterro. Ficou surpreendido quando eu referi: “Que bom, posso sair
do carro para ver?” Admirado anuiu referindo: “Tem que ficar ao pé do carro, de
qualquer modo ninguém pode passar!”. Suspirei fundo com esta prova de amor de
Jesus, que me quis consolar e mostrar o seu sofrimento carregando a cruz. Saí
do carro pensando interiormente: “De todo o coração Vos louvo, Vos adoro e Vos
dou graças”. É o Amor que levou Jesus ao Calvário, com a alma despedaçada pela
dor recordo: “Ó meu povo! Que te fiz Eu ou em que te contristei? Depois a frase
de Jesus: “Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. São Josemaria
escreveu no seu livro Via Sacra: “A
ti, que desmoralizas, repetir-te-ei uma coisa muito consoladora: a quem faz o
que pode, Deus não lhe nega a Sua graça”. Nosso Senhor é Pai. E, se um filho
lhe diz na quietude do seu coração, meu Pai do Céu, aqui estou, ajuda-me… Se
recorre à Mãe de Deus que é Nossa Mãe vai para a frente. Nossa Senhora das
Dores, chora acompanhando o seu Filho muito amado sob o seu olhar amoroso. “Virgem
dolorosa, ajuda-nos a reviver aquelas horas muito amargas, que o teu Filho quis
passar na terra, para que nós feitos de um punhado de lodo, vivêssemos por fim,
na liberdade e glória dos filhos de Deus” (Ibidem).
A procissão passou. O agende da autoridade
trouxe-me ao momento presente que me consolou das agruras da vida. “É preciso
tirar o carro”. Sorri agradecida e parti rumo ao futuro. Que belo domingo de
Quaresma que me encontro a vivenciar. Invadida pelo cansaço talvez devido a
alguma desidratação resolvi parar num café. Por sinal era novo denominado Jeronymo. Constituiu uma agradável
surpresa. Os bolos de fatia tinham um excelente aspeto. O café era bom. Já refeita
prossegui o meu percurso. Tinha chegado a altura de assistir à missa dominical.
O sacerdote, na homilia, entre outros, referiu a queda da Torre de Siloé que
matou 18 pessoas. Notícias semelhantes ocorrem hoje em dia, ou seja, as
catástrofes naturais, dando como exemplo a situação vivenciada em Moçambique e
países vizinhos. Abordou ainda os acontecimentos que têm lugar devido à atitude
dos homens. Temos o exemplo da Venezuela. Ambas são situações dramáticas que
prejudicam inocentes. Com algum grau de frequência questionamos porque é que
Deus permite estes acontecimentos? Nós enquanto cristãos somos chamados à
prática da penitência, da oração e a servir o próximo ou seja um apelo à
caridade, atuando através de nós que somos seus filhos. Temos de desenvolver
esforços no sentido de procurar ser a voz de Deus junto dos que mais
necessitam. Que a nossa vida dê frutos. Termino este artigo como iniciei
recordando as palavras de Jesus: “Permanecei em Mim e eu permanecerei em vós”,
e ainda recordando como “sobressai de um modo notável a presença de Sua Mãe, a
virgem Maria no Calvário. Permaneceu como uma mãe o faz junto do leito da
pessoa querida que muito ama. Maria olhava para Jesus e Jesus para Ela. Em
comunhão com Jesus sofredor e agonizante suportou a dor e quase a morte…Jesus,
vendo a sua mãe e o discípulo a quem muito amava, que estava ali, disse a sua
mãe: “Mulher eis o teu filho. Depois diz ao discípulo: Eis a tua mãe”. João
será desde esse momento o filho de Maria e, em João todos os homens. Sabia
Jesus que os seus discípulos de todas as épocas constantemente necessitariam de
uma Mãe que os protegesse, que os levantasse e que intercedesse por eles. (F. Fernandez-Carvajal, in Vida de Jesus).
Que enorme Promessa de Amor!
Maria Helena Paes |
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