“Permanecei em mim e Eu permanecerei em vós”. Foi este o mote
para mais uma narrativa, num dia ameno, cheio de sol, convidativo para
aproveitar e usufruir da natureza. Levantei-me de manhã cedo neste domingo de
Quaresma que se augura um tanto preenchido. Há que aproveitar esta
disponibilidade. Enquanto avó, aproximam-se as férias escolares da Páscoa e as
atividades a desenvolver então serão diferentes. Aproveitaria para almoçar com
uma amiga já com 99 anos numa residência para idosos. Um pacote de amêndoas recheadas
de chocolate faria as suas delícias. Como de costume recordámos os tempos
passados e comentámos o momento presente de um modo positivo, perspetivando-se
o envelhecimento enquanto idade de ouro. Referi com satisfação que este é o
tema de uma ação de formação que vai decorrer em breve. Com a conversa em dia,
feliz por ver que a minha amiga se encontrava bem, resolvi dar um agradável
passeio à beira-rio no sentido de ganhar balanço para a próxima visita. Tantas
famílias com crianças, desportistas, turistas e caminhantes como eu. A certa
altura tive de fazer uma pequena paragem no sentido de deixar passar não só os
biciclistas, como todos os diferentes meios de transporte pessoais existentes
hoje em dia: trotinetes, triciclos, entre outros. Já revigorada parti rumo a um
hospital de Lisboa com o objetivo de visitar uma amiga que sofreu um AVC (Acidente
Vascular Cerebral) grave. No caminho pensava na importância de fazermos sempre
a medicação para a hipertensão. Procuro prevenir tendo esse cuidado. Esta minha
amiga médica, fez um surto repentino de hipertensão com 27 de máxima e 12,5 de
mínima. E o resultado estava à vista. De coração pesaroso, cheia de dor,
procurei animá-la, incutir-lhe alguma força, bem como à família. Animei-me
quando a sua mão se mexeu para fazer uma pequena festa adormecendo
seguidamente. Olhei para o seu filho que repleto de fé e de esperança referia
os pequenos/grandes progressos. Não há dor maior do que ver uma mãe assim. Saí
do hospital a pensar como a oração podia ajudar, ser um bálsamo. Prometi voltar
em breve.
Pouco depois, um polícia de trânsito mandou-me fazer um desvio.
Meu Deus, vou ter que dar algumas voltas, não me quero perder. Um pouco mais à
frente outro agente da autoridade, de um modo amável, pediu-me para parar,
referindo que não era por muito tempo. Ia passar a Procissão do Senhor dos
Passos do Desterro. Ficou surpreendido quando eu referi: “Que bom, posso sair
do carro para ver?” Admirado anuiu referindo: “Tem que ficar ao pé do carro, de
qualquer modo ninguém pode passar!”. Suspirei fundo com esta prova de amor de
Jesus, que me quis consolar e mostrar o seu sofrimento carregando a cruz. Saí
do carro pensando interiormente: “De todo o coração Vos louvo, Vos adoro e Vos
dou graças”. É o Amor que levou Jesus ao Calvário, com a alma despedaçada pela
dor recordo: “Ó meu povo! Que te fiz Eu ou em que te contristei? Depois a frase
de Jesus: “Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. São Josemaria
escreveu no seu livro Via Sacra: “A
ti, que desmoralizas, repetir-te-ei uma coisa muito consoladora: a quem faz o
que pode, Deus não lhe nega a Sua graça”. Nosso Senhor é Pai. E, se um filho
lhe diz na quietude do seu coração, meu Pai do Céu, aqui estou, ajuda-me… Se
recorre à Mãe de Deus que é Nossa Mãe vai para a frente. Nossa Senhora das
Dores, chora acompanhando o seu Filho muito amado sob o seu olhar amoroso. “Virgem
dolorosa, ajuda-nos a reviver aquelas horas muito amargas, que o teu Filho quis
passar na terra, para que nós feitos de um punhado de lodo, vivêssemos por fim,
na liberdade e glória dos filhos de Deus” (Ibidem).
A procissão passou. O agende da autoridade
trouxe-me ao momento presente que me consolou das agruras da vida. “É preciso
tirar o carro”. Sorri agradecida e parti rumo ao futuro. Que belo domingo de
Quaresma que me encontro a vivenciar. Invadida pelo cansaço talvez devido a
alguma desidratação resolvi parar num café. Por sinal era novo denominado Jeronymo. Constituiu uma agradável
surpresa. Os bolos de fatia tinham um excelente aspeto. O café era bom. Já refeita
prossegui o meu percurso. Tinha chegado a altura de assistir à missa dominical.
O sacerdote, na homilia, entre outros, referiu a queda da Torre de Siloé que
matou 18 pessoas. Notícias semelhantes ocorrem hoje em dia, ou seja, as
catástrofes naturais, dando como exemplo a situação vivenciada em Moçambique e
países vizinhos. Abordou ainda os acontecimentos que têm lugar devido à atitude
dos homens. Temos o exemplo da Venezuela. Ambas são situações dramáticas que
prejudicam inocentes. Com algum grau de frequência questionamos porque é que
Deus permite estes acontecimentos? Nós enquanto cristãos somos chamados à
prática da penitência, da oração e a servir o próximo ou seja um apelo à
caridade, atuando através de nós que somos seus filhos. Temos de desenvolver
esforços no sentido de procurar ser a voz de Deus junto dos que mais
necessitam. Que a nossa vida dê frutos. Termino este artigo como iniciei
recordando as palavras de Jesus: “Permanecei em Mim e eu permanecerei em vós”,
e ainda recordando como “sobressai de um modo notável a presença de Sua Mãe, a
virgem Maria no Calvário. Permaneceu como uma mãe o faz junto do leito da
pessoa querida que muito ama. Maria olhava para Jesus e Jesus para Ela. Em
comunhão com Jesus sofredor e agonizante suportou a dor e quase a morte…Jesus,
vendo a sua mãe e o discípulo a quem muito amava, que estava ali, disse a sua
mãe: “Mulher eis o teu filho. Depois diz ao discípulo: Eis a tua mãe”. João
será desde esse momento o filho de Maria e, em João todos os homens. Sabia
Jesus que os seus discípulos de todas as épocas constantemente necessitariam de
uma Mãe que os protegesse, que os levantasse e que intercedesse por eles. (F. Fernandez-Carvajal, in Vida de Jesus).
Que enorme Promessa de Amor!
Maria Helena Paes |
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