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sexta-feira, 15 de março de 2019

Ser Mulher

No passado dia 8 de Março celebrou-se o Dia Internacional da Mulher. Infelizmente, em Portugal, estamos a viver uma autêntica tragédia, se olharmos para o número de mulheres que já foram mortas por violência doméstica. Penso, sinceramente, que mais do que notícias (algumas sem respeito pela dor das famílias) e dias de luto dever-se-á mudar atitudes, inclusivé na protecção das mulheres que têm a coragem de denunciar os maus tratos às entidades competentes, que depois demoram a investigar, não evitando o trágico final.

No entanto, quero falar da importância do papel da Mulher, em vários ambientes, nomeadamente na Família e na Sociedade, até porque, ultimamente, têm surgido programas e artigos na comunicação social que deturpam, na minha opinião, as características genuínas da mulher.

A mulher tem uma contribuição insubstituível na construção de um mundo que seja a casa de todos, não descuidando de nenhum ambiente onde actua relativamente aos restantes. Segundo o Papa Francisco, “A mulher torna o mundo mais bonito, protege-o e mantém-no vivo; a sua graça torna as coisas novas; o seu abraço abrange a coragem de se doar”. “A paz é mulher”, continuou o Papa: “nasce e renasce da ternura das mães.”

Há dias lia e como concordo na totalidade transcrevo. “Em primeiro lugar, parece-me oportuno não opor estes dois mundos, profissão e família. Da mesma forma que na vida do homem, mas com nuances muito particulares, a família e o lar ocuparão sempre na vida da mulher um lugar central; dedicar-se às tarefas familiares constitui, é evidente, uma grande missão humana e cristã. Contudo, tal não exclui a possibilidade de se ocupar noutras actividades profissionais – a do lar é igualmente uma delas – nas diversas profissões e trabalhos dignos que existem na sociedade onde se vive. No plano pessoal, não se pode afirmar unilateralmente que a mulher não deve procurar a sua plenitude senão no seu lar, como se o tempo consagrado à sua família fosse um tempo “roubado” ao desenvolvimento e ao desabrochar da sua personalidade. O lar – seja qual for, porque a mulher não casada deve também ter um lar – é um meio particularmente propício ao desenvolvimento da personalidade. A atenção por onde passa será sempre para a mulher a sua maior dignidade, trabalhando para criar um ambiente acolhedor e formador; a mulher cumpre o que há de mais insubstituível na sua missão e, por consequência, ela pode aí aspirar à sua perfeição pessoal.

Desenvolvimento, maturidade, emancipação da mulher, tudo isso não deve significar uma pretensão de igualdade – de uniformidade – em relação ao homem, uma imitação do comportamento masculino. Tal não seria um sucesso mas, bem pelo contrário, um recuo para a mulher: não porque ela valha mais ou menos que o homem mas porque é diferente. A mulher é chamada a dar à família, à sociedade civil, à Igreja, o que lhe é característico, o que lhe é próprio e que só ela pode dar, a sua ternura delicada, a generosidade infatigável, o amor ao concreto, a finura de espírito, a intuição, a piedade profunda e simples, a sua tenacidade.  A feminilidade não é autêntica, se a mulher não sabe descobrir a beleza deste contributo insubstituível e incorporá-lo na sua própria vida. Para cumprir esta missão, a mulher deve desenvolver a sua própria personalidade, sem se deixar seduzir por um espírito de imitação ingénuo que a situará num plano de inferioridade e deixaria atrofiar as suas possibilidades mais originais.”

Na minha vida, seja familiar, pessoal ou profissional, tento imitar dois exemplos: um sobrenatural, Nossa Senhora, pedindo-Lhe que me oriente no caminho seguro e outro mais pessoal, a minha mãe, que é, para mim, um autêntico exemplo de mulher verdadeiramente feminina, mãe, profissional e amiga, que nunca se esquece de transformar a nossa casa num verdadeiro lar luminoso e alegre, mesmo quando surgem dificuldades.

Termino com um verdadeiro hino à Mulher, de São João Paulo II que deverá inspirar cada mulher, seja qual for a sua missão, seja em que etapa da vida se encontra:
“Obrigado a ti, mulher-mãe, que te fazes ventre do ser humano na alegria e no sofrimento de uma experiência única, que te torna o sorriso de Deus pela criatura que é dada à luz, que te faz guia dos seus primeiros passos, amparo do seu crescimento, ponto de referência por todo o caminho da vida.

Obrigado a ti, mulher-esposa, que unes irrevogavelmente o teu destino ao de um homem, numa relação de recíproco dom, ao serviço da comunhão e da vida.

Obrigado a ti, mulher-filha mulher-irmã, que levas ao núcleo familiar, e depois à inteira vida social, as riquezas da tua sensibilidade, da tua intuição, da tua generosidade e da tua constância.

Obrigado a ti, mulher-trabalhadora, empenhada em todos os âmbitos da vida social, económica, cultural, artística, política, pela contribuição indispensável que dás à elaboração de uma cultura capaz de conjugar razão e sentimento, a uma concepção da vida sempre aberta ao sentido do «mistério», à edificação de estruturas económicas e políticas mais ricas de humanidade.

Obrigado a ti, mulher-consagrada, que, a exemplo da maior de todas as mulheres, a Mãe de Cristo, Verbo Encarnado, te abres com docilidade e fidelidade ao amor de Deus, ajudando a Igreja e a humanidade inteira a viver para com Deus uma resposta «esponsal», que exprime maravilhosamente a comunhão que Ele quer estabelecer com a sua criatura.

Obrigado a ti, mulher, pelo simples facto de seres mulher! Com a percepção que é própria da tua feminilidade, enriqueces a compreensão do mundo e contribuis para a verdade plena das relações humanas.”

Maria Caetano Conceição



1 comentário:

  1. Lido e relido, este texto pareceu-me caído doutro mundo, mas está devidamente identificado e até resplandece o sorriso da sua autora.
    Parabéns jovem corajosa e feliz, pela brilhante lição que emerge das suas palavras, tão claras, quanto sentidas e vividas.
    É uma verdadeira lição de vida, exemplo de bom senso, de equilíbrio, de saber e de querer ajudar outros a compreenderem como é fácil e inteligente ser feliz, ser mulher, ousar contribuir para uma sociedade mais afectiva, esperançosa e digna. Parabéns e Felicidades!

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