É histórico o confronto entre a franco-maçonaria e a Igreja
Católica, pois desde o seu princípio houve vozes a discordar e a conciliar
ambas, mas também, desde sempre, o Magistério da Igreja declarou, de forma
peremptória, a impossibilidade da conciliação, posição que ainda mantém, não
obstante ter havido alguns maçons que advogaram o contrário e outros que foram
mais longe, tentando sintetizar os seus princípios básicos e traçar as
directrizes duma “super-religião” não religiosa.
A Maçonaria defende a existência de um Grande Arquitecto do
Universo ou G. A. D. U., o que não é para eles um Deus, antes é uma expressão
equívoca, ambígua e tão vaga que pode adaptar-se a todos os gostos e pode ser
compatível com uma visão ateia, agnóstica, ou luciferina.
O Grande Arquitecto do Universo refere-se a um princípio
supremo indeterminado, que não tem qualquer semelhança com o Deus dos
Católicos.
Quem adere à Maçonaria poderá aceitar de boa vontade que
Jesus Cristo é um “grande iniciado”, mas nunca poderá acreditar que Ele é Deus,
Criador e Redentor. Logo terá de interpretar o cristianismo à luz das regras
maçónicas, o que desvirtua a essência da Fé católica consignada no Catecismo,
nas Sagradas Escrituras e na Bíblia.
Se existem maçons que insistem continuamente na perfeita
compatibilidade das duas obediências e há outros que a negam, o Magistério da
Igreja afirma taxativamente a impossibilidade, sem excepção, de conciliar a
dupla pertença.
A maçonaria foi proibida logo em 1738, pelo Papa Clemente XII
com a bula In Eminenci . Treze anos
mais tarde, o Papa Bento XIV promulgou a Encíclica Providas (18 de maio de
1751) na qual reiterava e confirmava as palavras da anterior. Em 1775, o Papa
Pio VI publicou a Encíclica Inscrutabile,
na qual adverte para os perigos da época, entre os quais inclui as “seitas heréticas
“que oferecem uma visão dum Deus supérfluo e despreocupado da realidade, que
não fez nenhuma revelação aos homens.
A 13 de setembro de 1821, o Papa Pio VII publicou a Encíclica
Ecclesiam, na qual reafirmava as
anteriores condenações contra a maçonaria e alertava para uma corrente que
ganhava força em Itália, os carbonários, que tinham a principal função de
propagar a indiferença em matéria religiosa.
Leão XIII, numa mensagem aos italianos (Custodi di quella Fede) em 1892, identificava assim os erros
maçónicos: ”A tentativa satânica destes perseguidores foi de substituir o
cristianismo pelo naturalismo, o culto da fé pelo culto da razão; a moralidade
católica pela chamada moral autónoma; o progresso espiritual pelo progresso
material”. E insistia:” Lembrai-vos que cristianismo e maçonismo são
essencialmente irreconciliáveis, de modo que, unir-se a um, é divorciar-se do
outro”. “Estes homens querem conciliar Cristo com Belial, a Igreja de Deus com
um governo sem Deus”.
Leão XIII foi o último Papa a promulgar uma encíclica
doutrinal contra a maçonaria e ao condenar o naturalismo. Na Humanun Genus mostra como esta escusa
cristã face ao espírito da maçonaria é
parte integrante das grandes declarações de princípio realizadas pela Igreja,
as quais não decaíram, nem foram desactualizadas com a passagem do tempo.
De facto estes
princípios têm sido corroborados e mantido o mesmo parecer face a este tema,
nem João XXIII, nem o Concilio Vaticano II alteraram nada em relação à posição
da Igreja face ao fenómeno maçónico, antes pelo contrário, foram sendo reforçadas
as posições dos papas anteriores
Assim foi e assim continua a ser, a Doutrina da Igreja não mudou
e é aqui que reside o cerne da questão: a
maçonaria tentou sempre desprestigiar o papado, propondo outra forma de compreender
o cristianismo e os católicos que se deixaram seduzir por esta estratégia
capciosa, esqueceram a autoridade que Jesus Cristo conferiu a Pedro para guiar
a Sua Igreja.
A essência da maçonaria é o naturalismo, cujo princípio
defende que a natureza e a razão humana são a fonte donde vem o conhecimento, enquanto
a génese e a essência do cristianismo, emanam de Deus transcendente, autor da
Revelação, Criador da humanidade, fonte de Amor que conduz o homem à vida
sobrenatural.
Não
aceitemos meias verdades, porque uma meia verdade é uma mentira forjada para
induzir em erro, dividir e, se possível, desvirtuar e denegrir o Reino de Jesus
Cristo presente na terra.
Gustavo de Almeida
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