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terça-feira, 25 de setembro de 2018

Coisas da História – para recordar

Óleo sobre tela - 1572
Galeria da Academia de Veneza
Decorria o ano de 1571, o Império Otomano estava em franco crescimento, após a queda do Império Romano do Oriente às suas mãos, em 1453, e fortalecidos pela recente conquista da ilha de Chipre à República de Veneza, intentava destruir o resto da Europa cristã, invadir a Itália e, suprema ambição, entrar a cavalo na Basílica de São Pedro, em Roma.

Detentores duma armada “quase invencível,” composta por perto de 300 navios e largas dezenas de milhares de turcos maometanos, encaminhavam-se para o Golfo de Lepanto, perto da cidade grega de Corinto, eleito como ponto estratégico para entrarem em terras de Cristo.

Perante tamanho perigo e enfraquecido por anos de luta, o Papa Pio V viu-se obrigado a pedir auxílio aos reinos cristãos. Excluindo o Sacro Império Romano Alemão e a França, países corroídos por guerras religiosas com os protestantes, restava Felipe II de Castela, que prontamente acedeu a enviar a sua esquadra para reforçar o poder marítimo de Veneza.

Coube a D. João de Áustria, com 26 anos de idade e cheio de talento militar, conduzir a Batalha Naval de Lepanto à frente da esquadra da Liga Santa, composta pela República de Veneza, Reino de Espanha, Cavaleiros de Malta e Estados Pontifícios.

Frente ao inimigo e mandando hastear o estandarte oferecido pelo Papa bradou: “ Aqui venceremos ou morreremos” e deu ordem de batalha contra os seguidores de Maomé”.

Os primeiros combates foram favoráveis aos muçulmanos, mas os católicos, com o terço ao pescoço, estavam prontos para dar a vida por Deus e tirar a dos infiéis, pelo que respondiam aos ataques com o maior vigor possível.

O combate durou poucas horas, não obstante a discrepância de forças, devido à superioridade de homens e de naus turcas e pela luta renhida que tiveram de travar, a vitória dos cristãos foi surpreendentemente completa. O almirante Ali Pachá foi feito prisioneiro com muitos outros maometanos e, de forma inexplicável e repentina, os muçulmanos apavorados, bateram em retirada.

Consta que alguns mouros aprisionados pelos cristãos confessaram, que o motivo da debandada foi, terem visto no Céu uma brilhante e majestosa Senhora que os “convidou” a fugir.

Reza a História que enquanto esta batalha se travava, a cristandade rogava o auxílio da Rainha do Santíssimo Rosário. Em Roma, o Papa pediu aos fiéis que redobrassem as preces, e as Confrarias do Rosário promoviam procissões e orações nas igrejas, suplicando pela vitória da armada católica. Também o Sumo Pontífice, que estava numa reunião de Cardeais, em dado momento, levantou-se, rezou o terço e em visão sobrenatural, tomou conhecimento do desfecho da batalha. Exultando de alegria exclamou: “ Vamos agradecer a Jesus Cristo a vitória que acaba de conceder à nossa esquadra”.

Esta milagrosa visão só foi oficialmente confirmada na noite de 21 de Outubro, quando o correio chegou a Roma com a notícia da vitória. Pio V tinha meios de comunicação mais rápidos…

Em memória deste acontecimento devido à intervenção de Maria, o Papa dirigiu-se à Basílica de São Pedro onde cantou o Te Deum Laudamus e introduziu a invocação Auxílio dos Cristãos na Ladainha do Terço de Nossa Senhora. Para perpetuar este milagre instituiu a festa de Nossa Senhora da Vitória que, dois anos mais tarde, tomou a denominação de festa de Nossa Senhora do Rosário, comemorada pela Igreja no dia 7 de Outubro de cada ano.

Para que ficasse gravado para sempre na História, que a Vitória de Lepanto se ficou a dever à intercessão da Senhora do Rosário, o Senado veneziano mandou pintar um quadro representando a Batalha Naval com a seguinte inscrição: “ Non virtus, non arma, non duces, sed Maria Rosarii victores nos fecit”. (nem as tropas, nem as armas, nem os comandantes, mas a Virgem Maria do Rosário é que nos deu a vitória).

Maria Susana Mexia



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