Óleo sobre tela - 1572 Galeria da Academia de Veneza |
Decorria o ano de 1571, o Império Otomano estava em franco
crescimento, após a queda do Império Romano do Oriente às suas mãos, em 1453, e
fortalecidos pela recente conquista da ilha de Chipre à República de Veneza, intentava
destruir o resto da Europa cristã, invadir a Itália e, suprema ambição, entrar
a cavalo na Basílica de São Pedro, em Roma.
Detentores duma armada “quase invencível,” composta por perto
de 300 navios e largas dezenas de milhares de turcos maometanos, encaminhavam-se
para o Golfo de Lepanto, perto da cidade grega de Corinto, eleito como ponto
estratégico para entrarem em terras de Cristo.
Perante tamanho perigo e enfraquecido por anos de luta, o
Papa Pio V viu-se obrigado a pedir auxílio aos reinos cristãos. Excluindo o
Sacro Império Romano Alemão e a França, países corroídos por guerras religiosas
com os protestantes, restava Felipe II de Castela, que prontamente acedeu a
enviar a sua esquadra para reforçar o poder marítimo de Veneza.
Coube a D. João de Áustria, com 26 anos de idade e cheio de
talento militar, conduzir a Batalha Naval de Lepanto à frente da esquadra da
Liga Santa, composta pela República de Veneza, Reino de Espanha, Cavaleiros de
Malta e Estados Pontifícios.
Frente ao inimigo e mandando hastear o estandarte oferecido pelo
Papa bradou: “ Aqui venceremos ou morreremos” e deu ordem de batalha contra os
seguidores de Maomé”.
Os primeiros combates foram favoráveis aos muçulmanos, mas os
católicos, com o terço ao pescoço, estavam prontos para dar a vida por Deus e
tirar a dos infiéis, pelo que respondiam aos ataques com o maior vigor
possível.
O combate durou poucas horas, não obstante a discrepância de
forças, devido à superioridade de homens e de naus turcas e pela luta renhida
que tiveram de travar, a vitória dos cristãos foi surpreendentemente completa.
O almirante Ali Pachá foi feito prisioneiro com muitos outros maometanos e, de
forma inexplicável e repentina, os muçulmanos apavorados, bateram em retirada.
Consta que alguns mouros aprisionados pelos cristãos
confessaram, que o motivo da debandada foi, terem visto no Céu uma brilhante e
majestosa Senhora que os “convidou” a fugir.
Reza a História que enquanto esta batalha se travava, a
cristandade rogava o auxílio da Rainha do Santíssimo Rosário. Em Roma, o Papa
pediu aos fiéis que redobrassem as preces, e as Confrarias do Rosário promoviam
procissões e orações nas igrejas, suplicando pela vitória da armada católica.
Também o Sumo Pontífice, que estava numa reunião de Cardeais, em dado momento,
levantou-se, rezou o terço e em visão sobrenatural, tomou conhecimento do
desfecho da batalha. Exultando de alegria exclamou: “ Vamos agradecer a Jesus
Cristo a vitória que acaba de conceder à nossa esquadra”.
Esta milagrosa visão só foi oficialmente confirmada na noite
de 21 de Outubro, quando o correio chegou a Roma com a notícia da vitória. Pio
V tinha meios de comunicação mais rápidos…
Em memória deste acontecimento devido à intervenção de Maria,
o Papa dirigiu-se à Basílica de São Pedro onde cantou o Te Deum Laudamus e introduziu a invocação Auxílio dos Cristãos na
Ladainha do Terço de Nossa Senhora. Para perpetuar este milagre instituiu a
festa de Nossa Senhora da Vitória que, dois anos mais tarde, tomou a
denominação de festa de Nossa Senhora do Rosário, comemorada pela Igreja no dia
7 de Outubro de cada ano.
Para que ficasse gravado para sempre na História, que a
Vitória de Lepanto se ficou a dever à intercessão da Senhora do Rosário, o
Senado veneziano mandou pintar um quadro representando a Batalha Naval com a
seguinte inscrição: “ Non virtus, non arma, non duces, sed Maria Rosarii
victores nos fecit”. (nem as tropas, nem as armas, nem os comandantes, mas a
Virgem Maria do Rosário é que nos deu a vitória).
Maria Susana Mexia |
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