É impressionante a autoridade moral de quem quase nunca se irrita. A irritação costuma ser vista como manifestação de uma personalidade forte, decidida, segura, enérgica. No entanto, é exactamente ao contrário.
Personalidade forte possui aquele que se sabe dominar. Irritar-se diante das atitudes dos outros é sempre o mais fácil. Não costuma exigir grande esforço. Basta dar rédea solta ao orgulho que todos levamos dentro.
Pelo contrário, quem se mantém sereno e se domina a si mesmo inspira respeito aos outros. E é deste respeito que lhe vem essa autoridade moral para corrigir quando é necessário.
Quantos pais não conseguem repreender os seus filhos com eficácia porque o fazem sem a necessária serenidade! A repreensão, para produzir o seu fruto, necessita de um momento adequado e de palavras oportunas que ajudem de verdade. O objectivo da repreensão não é demonstrar “quem é que manda aqui” mas conseguir que os filhos melhorem.
Porque os pais ― e todos os educadores em geral ― têm o dever de educar, mas isso não lhes dá o direito de humilhar.
Por isso, é necessário ter sensibilidade para pensar no que se vai dizer, procurar o momento oportuno e falar a sós com o interessado. Há pessoas que o sabem fazer tão bem que dá gosto ser corrigido por elas. Saímos animados a melhorar.
Mas para que isto seja possível não se pode esquecer um sábio “pormenor” de capital importância: pôr-se no lugar daquele que vai ser corrigido. Perguntar-se com calma: «Como gostaria que me dissessem as coisas se estivesse na situação desta pessoa?». Não se esqueçam os pais de que já foram filhos com essa mesma idade.
Isto anima a saber intercalar algumas palavras de afecto que afastem a impressão de que se corrige por desgosto pessoal. Mostrar uma verdadeira confiança. Um filho deve pensar: «O meu pai corrige-me porque gosta de mim. Porque quer o meu bem. E ele confia em que eu vou melhorar».
A confiança é essa virtude recíproca que se recebe na medida em que se dá. Quando confiamos abertamente em alguém, essa pessoa esforça-se com coragem, sente-se reconhecida e tende a retribuir-nos, agradecida. E os pais têm de mostrar, com palavras e sobretudo com atitudes, que confiam nos seus filhos.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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